Rodrigo de Lorenzi 30/03/2022
Lindo
Eu adoro quando leio livros que aparentemente são muito simples e rápidos, mas que se mostram obras profundas e emocionantes em pequenas frases e reflexões dos personagens. Esse livro aqui é um drama, mas tem resquícios de suspense e uma leve comédia, o que pode dar a impressão de que é um livro raso. Não é. Me peguei muito tocado e emocionado com os dois personagens principais, especialmente em frases como:
"Não dá para pedir permissão para ir embora de quem nos ama tanto, e vai sentir nossa falta" ou
"No abismo, o escuro é morno" ou
"Eu estava cega, provavelmente trafegando em plena rodovia a uns trinta quilômetros por hora, com a janela meio aberta espirrando gotas geladas na minha cara. Tinha água até dentro dos meus olhos" ou
"Os animais tinham essa qualidade maior de saber que não daria certo. Os cães, em especial, com toda uma linguagem corporal do fracasso: orelhas caídas, pelo eriçado, rabo em descenso. Eles não sabiam fingir. Eles não tinham que fingir, mais importante de tudo." ou
"porque dizer adeus não adianta. a gente carrega conosco as pessoas, mesmo as mortas, mesmo as desconhecidas"
Tá vendo? Em meio a um drama familiar, personagens quebrados, com saudade, machucados, vão nos mostrando como é viver com o fardo das lembranças, do que poderia ter sido, do porque não fizemos diferente, do que por que não ligamos, por que não tomamos uma decisão diferente, do por que precisamos seguir em frente, porque quando a gente não sabe o que fazer, seguir em frente é a única opção.
Que livro lindo. Não esperava sentir tanto.
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