Cris 03/12/2021
Aquele dark do bom e cheio de superação! Ah, Damon ???.
'Kill Switch' é o terceiro livro da série de romance dark e de longe o mais aguardado por mim desde a conclusão de 'Corrupt'.
Damon Torrance não só foi criado com o intuito de ser o antagonista da série como é aquele personagem com melhor arco dentro desse emaranhado de obscuridades criado por Penélope Douglas. E finalizando a leitura posso dizer, categoricamente, que ele foi de mais odiado a mais amado com louvor e muita, mas muitas palmas. Quer entender como isso foi possível? Apenas leia sua história e tente, nem que seja por um breve momento, se colocar na pele do personagem. Não do Damon do ensino médio que fazia piadinhas sobre estupro, e sim, do garotinho de 11 anos violado de todas as maneiras possíveis por pessoas que apenas deveriam protegê-lo e ensiná-lo a ser uma pessoa de bem, com princípios e valores irrevogáveis.
Há uma frase bem bacana que diz o seguinte: "Somos o resultado de nossas escolhas." Sim, nós somos! No entanto, qualquer decisão e ação baseia-se num conjunto de fatores éticos e morais que um dia nos foi atribuído, e com a ineficiência ou melhor, inexistência de qualquer ensinamento, o ser humano em constante desenvolvimento cresce sem parâmetros. E quando os valores são invertidos e a introdução ao sexo é feita de maneira precose, invasiva e deturpada, tudo fica infinitamente mais complexo. Pois bem, lembro também que estou lendo uma ficção dark, ou seja, devo exigir de mim mesma uma coerência ao problematizar diversos gatilhos de cunho sexual que existe na série. Sendo assim, bora lá rs.
? Meu tipo de diversão tem um preço. ? ele sussurra. ? Melhor me divertir enquanto eu posso.
Damon Torrance e Winter Ashby se conhecem desde criança e por um breve acidente foram destinados ser inimigos. E com capítulos que mesclam passado e presente, aos poucos, vamos conhecendo uma história repleta de dualidades e antônimos: inocência e malícia; trevas e luz; pureza e depravação; crueldade e afabilidade; profano e santo. O ódio em contraste com o mais belo dos sentimentos, o amor.
Sei que estou filosofando demais e isso está ficando cansativo ao extremo, mas preciso colocar esse enredo no pedestal que ele merece! Penélope Douglas estava inspirada e desnudou o até então desprezível Damon Torrance dando aos leitores respostas. Eu pude conhecê-lo! Pude me inquietar ao ler cada abuso e rejeição. Pude me solidarizar e ficar de mãos atadas ao espiar cada tentativa frustrada a fim de ser apenas um garoto normal do ensino médio. Pude xingar suas atitudes cruéis, misóginas, e autodestrutíveis. Pude sentir medo quando me vi dentro de sua mente doente, confusa e barulhenta. Pude chorar ao presenciar cada grito em silêncio e pedido de socorro. E enfim, não só pude como consegui perdoá-lo e me apaixonar por quem Damon Torrance se tornou. Meu Deus, que orgulho desse homem... dessa família. Sim, entreguei de mão beijada um simples spoiler pois a Winter também me conquistou. Me conquistou por ter uma deficiência visual ou parecer frágil? Não. Me conquistou por ser de verdade, dotada de partes boas e ruins; sobretudo, por deixar que o Damon chegue mais perto, que peça perdão e que se sinta perdoado e digno de redenção. Por vê-lo e não apenas enxergá-lo. Foi fácil? Mil vezes não! Nada foi fácil, mas eles conseguiram. E eu sou completamente apaixonada por eles. Sorry. ?
Tirando o foco da dramática ( obscura também) embora comovente história do casal e ressaltando que, Will Grayson III e Emory Scott terão que suar a camisa para me fazer suspirar e chorar feito criança, devo dizer que a Penélope ainda derrapa nos detalhes e finalizações de seus livros, sempre tenho a sensação de que algo se resolveu rápido demais ou ficou um tanto corrido para o meu gosto. Ou é isso, ou é minha insistente mania de colocar defeito em tudo, como fiquei na dúvida, resolvi relevar e dar vazão ao meu coração pois sou dessas. Sei lá, e quem sabe 'Nightfall' cale s minha boca de uma vez por todas rs. Tô ansiosa por isso!!
(...) O segredo da vida que todos sabiam e que ninguém poderia se esquecer era de que não estávamos sozinhos. Achávamos que éramos únicos. Pensávamos que éramos os primeiros. Ninguém nunca passou pelo que eu passei. Ninguém está sentindo isso. Ninguém sabe o que é estar no meu lugar. Esta é a primeira vez que alguém enfrenta o que enfrentei, certo? São mentiras que contamos a nós mesmos, porque achamos que somos especiais. Porque diminuiria o direito de sofrer ao saber que o que estamos passando não é algo tão raro. Era um segredo do qual nunca me esqueci e que fui capaz de usar para manter as coisas sob o meu ponto de vista, de forma que pudesse lidar com as merdas que tenho na cabeça, mas agora? Agora eu desejava poder esquecer tudo. Queria ficar sozinho.