Doramar ou a odisseia (eBook)

Doramar ou a odisseia (eBook) Itamar Vieira Junior




Resenhas - Doramar ou a odisseia: Histórias


273 encontrados | exibindo 31 a 46
3 | 4 | 5 | 6 | 7 | 8 | 9 |


Vivi.ana 03/02/2024

Dói
São diferentes histórias que complementam-se e confundem-se permitindo que a leitora se encante, pare, chore, reflita, enfim sinta um mundo de emoções.
comentários(0)comente



Lyla 02/02/2024

Que livrão! Mais uma vez Itamar toca no mais intimo do ser humano e traz tanta reflexão. Fluido e belo.
comentários(0)comente



Bruno Marcolino 29/01/2024

Doramar ou a Odisseia
Contos muito bons, muito mesmo, teve uns 3 que minha capacidade de interpretação falhou, mas de resto, ótimo livro.
comentários(0)comente



Stella F.. 29/01/2024

Histórias lindas cheias de poesias
Doramar ou a odisseia
Itamar Vieira Junior - 2021 / 160 páginas - Todavia

Este é o segundo livro que leio do autor. Adorei Torto Arado, e prefiro romances à contos, mas o autor aqui os denomina histórias. São 12 histórias completamente diferentes umas das outras, e que na sua grande maioria me surpreenderam. Adorei a experiência! Vou tentar falar um pouquinho de cada um ou colocar apenas uma citação e discriminar os que mais gostei.

“Num diálogo permanente com nossas questões sociais e a tradição literária brasileira, Itamar enfeixa um conjunto de histórias a um só tempo atuais e calcadas na multiplicidade de culturas que formam o país: negros, indígenas, ribeirinhos, a força inesgotável das mulheres, as religiões de matriz afro, a sabedoria ancestral dos povos originais.” (orelha do livro)

“A Floresta do adeus” vai falar das tias (tão caras ao autor), obstáculos e espera de um grande amor, com alternância de narradores, que dá ao texto um caráter interessante. “Meu coração guarda o conforto da visita das tias, do tio bonachão, mas se deita leitoso no véu do crepúsculo por ver Rosa, a cigana, a prima de amor a acalentar meu corpo em murmúrios, com seus olhos vagarosos a verter luz.” (pg. 13)

“Farol das Almas” vai falar de escravidão e narrar a construção de um farol e os posteriores afogamentos. “Tínhamos o corpo marcado pelo trabalho. Alguns de nós apresentavam cicatrizes na pele, nas costas, nas pernas, no rosto. Quase todos tinham também feridas na alma. Apenas um de nós havia feito a travessia de navio de lá para cá. Ele nada contava, quase não falava, mas tínhamos certeza de que havia enlouquecido ao ver corpos sendo atirados ao mar – era o que os africanos diziam – e também ao perceber que não pertencia mais a lugar nenhum.” (pg. 25)

“O que queima” vai se passar em dois ambientes: um índio na floresta e um casal que finalmente consegue a casa dos sonhos, mas ela tem uma visitante misteriosa, fazendo a nova dona ficar louca. A mulher misteriosa entrega as chaves aos novos donos, que as deixa cair como se tivessem em brasa e ao se despedir sentem que tem a mão gelada. Em relação ao índio é uma alusão a perda de sua casa quando os brancos invadem a floresta e os expulsa. Som-de-Pé vai dizer que a terra será sua morada. Mas o tempo está acabando. Ele sonha que tudo está ruindo em chamas. “Som-de-Pé não ouve e sonha apenas: sente também o cheiro do fogo na madeira, nas folhas e na terra. Sente o cheiro dos corpos esturricados e conclui que a terra caminha para um novo tempo. Caminha para o tempo do fogo.” (pg. 28)

“Alma” vai surgir como um jorro. Repetindo e modificando as frases às vezes. Alma conta das agruras de ser escrava e ao final toma uma decisão surpreendente. “Lembro-me de todas essas coisas que doem mais que as feridas abertas dos meus pés e do couro do meu cabelo, eu, essa mulher que anda pela mata como se fosse bicho, a quem um dia disseram que tinha uma alma, e que por isso me chamaram de Alma.” (pg. 36)

“A Oração do Carrasco” é muito bem narrado. É sobre um carrasco que cumpre as ordens sem questionar. Não é "bruto", o seu olhar tenta tranquilizar quem vai ser enforcado, e faz uma oração pedindo pela vítima. Os enforcados são sempre pessoas que se rebelaram contra o governo ou algo do tipo. Então o carrasco acredita que merecem. Tem uma família grande, e cultivam a terra. E já ensina aos filhos o ofício, que foi passado de avó para pai, e de pai para filho. O filho mais velho não é muito bom no aprendizado, não consegue seguir as ordens do pai. Até que chega o dia em que o carrasco fica em dúvida sobre ter que enforcar um poeta. Ele sabe que o poeta escreve coisas bonitas, e todos o admiram, mesmo assim tem que cumprir o ofício. Um dia o filho mais velho some, parece que é subversivo, e ele encontra um rapaz na prisão, e tudo desmorona. Ao final o autor vai nos falar sobre os carrascos da História, lançando frases e acontecimentos muito antigos e muito recentes. “Todos os homens imolam a vida desde o começo do mundo. Imolam os animais ao deus da fome. Imolam mulheres e homens, ao deus do amor. [...) O carrasco imola as vidas desprezadas como inúteis ou perigosas, com a consciência de que alguém precisa executar a inglória tarefa da limpeza. Imola um número ao deus governante. Suas mãos cultivam o trabalho de semear e ceifar. Semeia a terra que alimenta sua descendência. Ceifa o que não pode crescer. Ceifa a dúvida e a resposta.” (pg. 67)

“O Espírito aboni das coisas” vai falar de um chefe de família indígena que recebe uma missão de um Xamã para procurar uma determinada planta, para curar sua mulher, que está morrendo. E ele sai pela floresta, pelos rios, e vê animais e plantas, e vai tecendo os nomes indígenas de tudo que vê. Há também uma briga entre tribos, e ele tem que tomar cuidado ao passar por esses caminhos. De vez em quando sonha e recebe instruções de como proceder. E além de tudo há os brancos que cortam as árvores, fazem queimadas. Um relato sobre o respeito que devemos ter com os povos originários e acreditar ou respeitar suas crenças. “Yanici foi surpreendida por um feitiço lançado por um xamã da aldeia que guerreia contra a aldeia de Tokowisa. O feitiço era para Tokiwisa, mas foi Yanici que caiu de fraqueza, porque carrega o filho guerreiro.” (pg. 81)

“Na Profundeza do Lago” vai nos falar de uma professora que tira um ano sabático na fazenda e descobre que a tranquilidade parece, mas não é. Represaram o rio. “Um tijolo se esfarelou e um pequeno filete de água começou a fluir para o outro lado. Mas, antes que eu pudesse continuar, me desequilibrei e deixei o machado cair, sem possibilidade de recuperá-lo. Meu corpo também afundou. Deixei-o imergir, e na estranha profundeza do lago, enquanto bolhas de ar deixavam minha boca, senti a tranquilidade que um dia perdi.” (pg. 92)
“Inquieto rumor da paisagem” é um contraponto entre a vida de uma mulher e uma baleia que encalha no mar. A mulher suplica aos homens que não matem o animal, que vai vigiá-lo durante à noite, mas todos precisam de alimento e do óleo que a baleia pode dar a eles. Em outro momento se sente um animal inerte e solitário que os homens vêm olhar os dentes, olharem de cima a baixo para ver se presta para se deitar com eles. “E dos pequenos olhos do animal, que flutuavam no corpo em agonia, vinha o pedido que aquela mulher, somente ela poderia compreender.” (pg. 95)

“Meu Mar (fé)” fala sobre a travessia ilegal de imigrantes em direção ao Brasil. São descobertos e atirados no mar. Uma mulher é abusada, mas consegue chegar à Bahia e fica à espera do marido, que permaneceu no mar tentando ajudar outra pessoa. Ela quer acreditar que está vivo. Ela é de Dakar. Está grávida. Nesse local conhece uma imigrante haitiana que agora, depois de um ano consegue ter notícias do marido. Transforma o mar em fé. Nessa história o autor vai fazer uma narrativa que nos fala do particular (da mulher) e do geral (de outros imigrantes ao longo da história). “Deixamos histórias, carregamos histórias, tudo o que trazemos é o que pode ser comportado em nosso espírito, para que nossa terra não se acabe, para que floresça e seja presente, para que, talvez daqui a alguns anos ou séculos, possamos regressar e refundar nossas vidas, unir os fios partidos e caminhar sobre as águas.” (pg. 102)

“Doramar ou a odisseia” é uma narrativa linda e triste que amei. Doramar encontra um cão machucado e fica na dúvida se volta para cuidar dele. Seu primeiro beijo foi com Pito e vai nos contar sua história detalhadamente. Doramar vai falar de suas agruras, de sua vida de doméstica por 20 anos em uma casa, de seu quartinho mínimo, de suas brincadeiras de infância, da pobreza de sua família e os anos que passaram, ela envelheceu e começou a se esquecer de tudo. "Doramar, cabe um mar inteiro em seu nome." (pg. 123) “Fecho a porta, minha mãe não me pediria que fechasse a porta, porque lá quando eu era menina éramos livres e agora eu sirvo meus patrões que não me dão descanso. Olham para mim e dizem para os convidados que sou “como se fosse da família”, e nada posso dizer.” (pg. 126)

*Voltar” vai nos falar de uma mulher que se recusa a sair de sua casa ao tentar ser despejada para a construção de uma Usina Hidrelétrica. A mulher está à espera de um filho (que deram a ela e que ela amou como se fosse dela), mas que a obrigaram a doar. Ela espera esse filho uma vida inteira e sente-se culpada por tê-lo passado adiante. Deveria ter ido para longe com ele, mas não queria sair do seu chão. Então conhece o engenheiro que foi tentar convencê-la a ceder a casa, que vai ser alagada de qualquer jeito. Ela "acredita" que ele é o filho que voltou. “Ele pensou em se desvencilhar daquela mão, mas as lágrimas vieram sem controle. Esfregou os olhos, envergonhado que estava. [..] Ele escutava a mulher que acreditava ter encontrado o filho perdido. Ao mesmo tempo, chorava como uma criança, chorava o que não pôde chorar em suas primeiras horas ao nascer.” (pg. 142)

“Manto de Apresentação” é uma homenagem ao Bispo do Rosário. Homenagem linda por sinal. As palavras jorram de maneira muito bonita e poética sobre essa figura tão emblemática no campo das artes e da saúde mental. O autor se baseia em uma tese (que tem a referência no livro) e nos dá uma voz que inicia o conto dizendo ao jesus filho, que ele deve refundar o mundo através da sua arte, do seu bordado com agulha e linha e vai discorrendo em um jorro, que no início tive um pouco de dificuldade, mas quando me concentrei pensando no Bispo do Rosário e seus bordados, consegui entender a que o autor se propôs. Faz uma crítica do mundo caótico em que vivemos, dos homens maus, e das várias mazelas. E apesar de ele estar na colônia, em um quarto trancado, ali ele terá sete meses (já que Deus teve 7 dias) para recriar um mundo melhor. Ele bordará todos os elementos, sol, chuva, lua, animais, em seu manto de anunciação, e esperará o dia do juízo para apresentá-lo ao mundo, um mundo com elementos do início, quando não havia nada, e foi aos pouquinhos sendo criado. A narrativa é sem parágrafos e sem espaços, emendando uma frase na outra. Temos que achar nossas próprias pausas para compreender melhor. “Guardes tudo o que puderes no teu manto, para que te lembres do que deve ser cobrado, este é o manto da apresentação, e com ele deverás estar no dia do juízo, poque ele não será fruto da razão humana, tuas mãos serão guiadas pela experiência divina.” (pg. 146)

Meus contos preferidos foram A Oração do Carrasco, Alma e Doramar ou a odisséia (com duas estrelas) e A floresta do Adeus, Farol das Almas, Meu mar (fé), Voltar e Manto de Apresentação (com uma estrela).

Itamar escreve de maneira linda e poética. Recomendo demais!

comentários(0)comente



gabs pina 28/01/2024

O livro é ok, tem histórias muito bonitas, mas não me prendeu tanto quanto gostaria. Porém, a escrita de Itamar é linda.
comentários(0)comente



Mona A. 28/01/2024

Itamar né
Acho que é a primeira vez que avalio um livro de contos com 5 estrelas sem necessariamente ter gostado de todos eles. É o padrão pra contos: a gente gosta muito de uns, menos de outros e o livro acaba ali nas 3, 4 estrelas. Mas aqui em Doramar, mesmo que uma ou outra história não tenha me pegado, que eu tenha ficado até meio entediada em alguns momentos, não tem como não dar nota máxima.
Itamar Vieira Jr. tem um dom tão grande com as palavras que me faz enxergar beleza até numa história na qual não tenho interesse. A narração desse audiobook, inclusive, só ajuda a encontrar essa beleza. Perfeita, feita por Ivan Velame, é daquelas que nos faz sentir TUDO. (Disponível no audible)
comentários(0)comente



FlAvia 26/01/2024

Muitas histórias incríveis, mas?
Tive acesso a este livro pelo audiolivro da audible. A narração é incrível, super profunda e bem interpretada, mas algumas histórias me deixaram com a sensação de ?incompletude?. Parecia que elas tinham fins abruptos, sem muita explicação ou profundidade.

As mais longas, com maior tempo de duração e detalhes, me prenderam mais. A escrita do Itamar é muito linda, fiquei emocionada em vários momentos.
comentários(0)comente



Dani 26/01/2024

Sensacional
Os contos escritos nos transportam. Que escrita e sensações poderosas. Pretendo reler futuramente. Uma obra de arte!
comentários(0)comente



Camille.Hagemam 24/01/2024

Esse livro tem contos incríveis, mas em um conto geral, ela poderia ter sido melhor, mesmo sabendo que a culpa é minha por ter colado muita expectativa, levando em conta que o Torto arado é o meu livro favorito da vida, mesmo assim o livro ainda nos refletir bastante sobre o mundo, incrível o quanto o autor escreve bem, principalmente personagens Femininas.
comentários(0)comente



marieamuro 17/01/2024

Uma experiência ruim com um livro muito bom
Eu escolhi esse livro para a maratona do GF deste ano (2024) e foi a versão em audiobook. Péssima escolha.
Eu não tenho o costume de ler em audiobook, na verdade eu sou uma pessoa treinada para focar em livros. Ou seja, eu vou me concentrar no texto a minha frente e automaticamente eu bloqueio e ignoro os sons, os movimentos e até pessoas e objetos ao meu redor para focar nesta atividade. Logo, vocês devem imaginar a minha enooooorme, dificuldade em focar naquilo que eu estava ouvindo, sendo que eu tenho a rotina do extremo o oposto.
Foi realmente frustrante, diversas vezes eu tive que voltar, ou ouvi por minutos e não entendia nada do que estava ouvido. Teve apenas dois contos que eu consegui imergir de verdade: ?Alma? e ?A Oração do Carrasco?.
O Locutor atua e emocionada muito bem com a narrativa, mas diversas vezes eu fiquei confusa com algumas frases ou trechos da narrativa. algumas partes eu tenho certeza que eu me conectaria melhor se eu lesse ou visse a forma que o autor escreveu, dando os espaços e entonações melhores para minha compreensão.
Não é um erro de nenhum dos dois, é mais uma experiência minha que não acabou dando certo. Eu ouvi apenas dois audiobooks e ambos eram de uma linguagem bem mais coloquial, bem mais leve e ?raso?, então mesmo não concentrada, eu entendia. Neste caso, não. Esse livro exige corpo e alma.
Eu adorei a escrita de Itamar, esse é meu primeiro contato com o trabalho dele. Acho tudo muito sensível, muito poético, muito cru. Ele usa e abusa da vastidão que a língua portuguesa pode nos proporcionar, dando sentimento, associação e imaginação em sua narrativa. Você conhece aqueles personagens, você entende os sentimentos, nós nos conectamos. Mesmo que tudo seja apenas uma ficção.
comentários(0)comente



Viviane.Lopes.Costa 17/01/2024

Esse livro é um clássico exemplo de que nem sempre um livro precisa ser mal escrito para ser um livro ruim?
comentários(0)comente



Jackson 15/01/2024

Mais uma vez o autor aborda histórias sobre a regionalidade e as minorias, divididas agora em contos.
comentários(0)comente



Karol.Rocha.Balzon 13/01/2024

Conjunto de Histórias que nos apresentam os diversos Brasil(s)
Itamar tem o poder de transmitir diferentes contextos e os sentimentos que rodeam essas realidades através das palavras. Mais uma de suas obras extraordinárias, que nos apresentam o Brasil real, com personagens reais, vidas e trajetórias tão proximas e ao mesmo tempo tão distantes da nossa zona de conforto. A leitura é fluida e os contos são cursos, no entanto, intensos e repletos de emoção e reflexão. Destaque para os contos: A oração do carrasco, Meu Mar, Doramar e a Odisséia e Voltar.
Doramar e a Odisseia tem muitas referencias de Torto Arado e Salvar o Fogo, o que torna muito interessante se já conhece/ou quer conhecer as demais obras do autor, que a propósito, são tão incriveis quanto esta.
comentários(0)comente



Lariza 10/01/2024

Gostei bastante do livro, é segundo que li do Itamar Vieira Jr. Gostei dos contos e li junto com audiobook, a voz era bem calma e me ajudou a aproveitar melhor a leitura, até os contos mais difíceis...
comentários(0)comente



Cachamorra 05/01/2024

Maravilhoso...
Começando o ano muito bem. Com essa obra maravilhosa.

O livro é uma antologia de contos do autor e cada um é um golpe no coração. A sensibilidade do autor é impressionante e já o considero um dos melhores autores brasileiros contemporâneos.

Os contos nos levam a viver várias vidas periféricas e nos entregam uma sensibilidade do cotidiano ou então de uma história de vida, super reais. Destaco o 4° conto do livro e A Floresta do Adeus, esses dois em especial me pegaram de um jeito que atingiu a nostalgia e o coração.

Uma leitura maravilhosa, recomendo demais.
comentários(0)comente



273 encontrados | exibindo 31 a 46
3 | 4 | 5 | 6 | 7 | 8 | 9 |


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a Política de Privacidade. ACEITAR