spoiler visualizarKookia 21/06/2024
Conflitante.
Creio que eu deva levar certo tempo para concluir se gostei ou não do livro por ter me gerado sentimentos conflitantes, tanto no desenvolvimento da história quanto na forma em que se aborda o seu desfecho.
Sinto que o fato de as perspectivas emocionais e pessoais da personagem feminina serem escritas a partir do ponto de vista de um homem tenha me causado algumas desconexões com o texto em algumas passagens. Não posso deixar de apontar todo o cuidado inicial em tratar das questões psicológicas da Nora e de sua relação com o mundo a sua volta, até mesmo em suas viagens para outras vidas. Mas, em algum momento, o "norte" do livro de desviou e, nos últimos três ou quatro capítulos, senti como se estivesse lendo um livro de autoajuda evangelizado. Como se, a saída de Nora de todo aquele sofrimento fosse algo muito simples e que só faltava "um pouco de vontade". O que é uma mensagem muito injusta para aqueles que sofrem com depressão e outras doenças mentais porque não é algo simples ou trivial de lidar ou conciliar com a vida. Logicamente há meios e tratamentos, mas tratar como algo fácil de se resolver (ela só precisava enxergar o lado bom da vida, com mais otimismo!), me parece renegar a seriedade da coisa toda.
A impressão que eu tive era que o final do livro se tratava de um lapso de euforia precedente de outra queda, se ela não fosse atrás de um auxílio profissional. E outra, a mensagem de que a vida dela toda foi miserável por depositar seus sonhos e metas no intuito de agradar o próximo, como uma people pleaser, não foi desconstruída ao final do livro. É visível que o ânimo e vigor dela com a vida ao seu redor após a sua tentativa de suicídio foi crescendo e crescendo a medida que aqueles mesmos personagens do início que a "abandonaram" foram voltando. Ou seja, não me vendeu a ideia de que de fato de passou deixar de viver em função dos outros ou sequer aprendeu a viver uma vida sozinha, mas feliz.
Enfim, essas foram as minhas impressões e a minha mera opinião!