Gabriel 23/10/2021
Este livro é um clichê que eu gostaria muito de ter lido quando adolescente por ter como protagonista uma adolescente LGBT. Me diverti e até fiquei com raiva das situações com que me deparei, me envolvi nos dramas de cada personagem explorado. É uma leitura divertida, não deixando de ser profunda.
Apenas duas coisinhas me incomodaram: por vezes, a imersão foi comprometida pelo inserção abrupta de discursos sobre identidade de gênero e orientação sexual, entre outras pautas, que são sim muito importantes, mas que poderiam ter sido trabalhadas de maneira mais sutil, sem que um diálogo de repente se tornasse uma miniaula, por exemplo.
Outra coisa foi o orientalismo em torno do personagem Marcos, cuja casa é descrita meramente como "num estilo oriental". Oriental é um termo que reduz centenas de culturas em um único conceito abstrato, exótico. De acordo com as informações que o livro nos dá, Marcos é descendente de japoneses e chineses, mas sob o viés do orientalismo, a casa em um estilo "oriental" pode corresponder à arquitetura árabe, japonesa, coreana, chinesa... enfim, é preciso decolonizar o olhar também sobre os povos asiáticos e entendê-los como diversos.