Sabrina.Messi 19/05/2024Um Bastardo Atormentado, ou melhor, O Rei de Covent Garden!Não foi fácil me despedir de Covent Garden. Mas a gente precisava dessa conclusão do casal Ewan e Grace. Não só deles, como o quarteto todo, ligados pela dor, sangue, amizade e amor. A partir daqui pode ter SPOILER. Ewan é pura dor, e isso fica claro durante o livro, como ele cresceu reprimido e como foi tomado pelo ódio quando pensou perder o que mais importava. Imaginar o quanto ele viveu na solidão me fez compreender o ponto de loucura que ele chegou no segundo livro quando pensou ter perdido Grace. Sei que algumas pessoas disseram que não dava pra perdoar, mas se formos julgar Ewan, temos que julgar todos eles. Nenhum império clandestino como o dos bastardos seria possível se não sujassem um pouco as mãos, muito menos serem conhecidos como Devil e Beast sem motivo. Não fica explícito, mas com certeza eles tem sua cota de pecado. Por menos Heathcliff pirou, e aquele sim era doido, não julgo Ewan.
Claro, tudo poderia ter se resolvido assim que o Duque bateu as botas, uma conversa resolvia tudo, mas esse besta do Ewan ficou aí fazendo o Duque taciturno e infeliz, e deu no que deu nos dois primeiros livros. Como casal, Grace e Ewan tem a química de milhões, mas o fato deles nunca chegarem aos finalmente mesmo dizendo que era só uma noite, me deixou impaciente. Fia, se vc dá um ultimato pra seu grande amor, pra terem uma única noite, pra nunca mais, pq raios você não dá pra esse homem e fica só nos pegas básicos? E mais de uma vez essa situação! Não faz sentido, Grace. Também achei que o perdão dos meninos veio de uma forma muito rápida, e tbm suas conclusões (algo que poderiam ter pensado há anos e em cinco minutos puseram a cabeça pra funcionar) e isso poderia ter sido mostrado durante o livro, momentos de Ewan com os irmãos, que ele provasse que se importava com eles tbm. Foi o que mais senti falta, de ver esses três amigos de novo, e natural e gradativamente. Li alguns comentários sobre não comprarem a ideia de um duque largar tudo pra trabalhar, mas o Ewan nunca quis ser duque e ficou claro que ele sentia falta de Covent Garden. Que sentido faria uma vida vazia e sozinha? Pela primeira vez em décadas ele sorria, se sentia em casa. E nem tudo o dinheiro compra, como o prazer genuíno que ele tinha quando estava no seu bairro. Um lugar que despertava seu lado lutador, sobrevivente. E por falar em lutador, adorei os momentos em que ele voltou as origens, lembrando que ele sempre foi o melhor lutador dos quatro. E passar algumas décadas como duque não iam esfriar seu sangue quente. Mais uma vez também tem uma referência da mitologia para ilustrar a situação do casal do livro, e é sempre uma parte que eu gosto muito. Dessa vez sobre Apolo e Cirene. Sobre o final, achei ótimo ele queimar aquele lugar que tanto o condenou.
Agora, vamos falar da determinação desse homem. Ewan, o que nunca desistiu dos irmãos, que os colocou em primeiro lugar, o mais resiliente, devoto, persistente, aquele que sofreu calado e distante do seu único amor, não largou a esperança até o último momento. Mesmo sendo chutado não uma, não duas, mas três vezes ou mais por Grace. Ele faz o maior ato de renúncia para mais uma vez correr atrás dela e mostrar que merece o perdão, mal sabendo que não há o que perdoar. Aliás, esse ato foi um modo de libertação do Ewan. A cena da casa em chamas com os irmãos finalmente quebrando aquele ciclo de ódio enquanto veem ela ser consumida, foi muito significativa. Quem disse que ele largou o ducado por conta dela, está enganado, Ewan enterrou um título que nunca o pertenceu, que nunca quis, e que só trouxe sofrimento. Ewan estava livre. Mas eu esperava que ele tivesse um envolvimento maior nas paradas de Covent Garden. Com certeza teve, mas não foi descrito. Alguém como ele com certeza ajudaria nas partes burocráticas, e poderiam ter deixado claro o papel dele no final, além de o Rei de Convent Garden rs. Eu não preciso repetir todas as coisas que me incomodam nessa trilogia, já falei nas outras resenhas, mas ressalto que a tradução foi péssima e deixou o linguajar bem distante da realidade da época. E apesar de serem livros de escrita fraca, com uma porrada de defeitos, cumpriu o papel principal, que foi me prender até o fim, me envolver, e é isso que importa numa leitura né? Esqueci todo o julgamento sobre qualidade e foquei só no que senti quando li. Muito empoderamento feminino, caras apaixonados por suas damas, critica social ainda que como pano de fundo, tudo isso foi legal de acompanhar. Covent Garden ainda vai demorar um pouco pra sair da minha memória.