Vitória 07/12/2023
Junto com o fim de 2023, eu venho comentar o desfecho dessa trilogia que me acompanhou durante todo o ano. Durante a leitura dos dois primeiros, tive vários pés atrás com esse livro, principalmente em relação ao protagonista masculino, que irei comentar mais pra frente, mas que já digo que foram superados pela Sarah em pouquíssimas páginas. Acho que não fiz essa leitura em um bom momento. Estava numa ressaca danada e cheguei a pausar essa leitura e ir pra outra antes de retornar, coisa que eu nunca faço. Talvez, em uma semana mais tranquila, ele teria levado o meu coraçãozinho de favorito, mas ainda com todos os poréns que existiram única e exclusivamente por minha culpa, ele conseguiu as merecidas cinco estrelas.
Por já ter lido muitos livros da Sarah (dos publicados no Brasil eu só não li um), eu costumo fazer muitas comparações entre as obras dela, e aqui não vai ser diferente. Pelo que me foi entregue nos volumes anteriores sobre a história do Ewan e da Grace, eu logo consegui traçar um paralelo dos dois com o Malcolm e a Seraphina de Perigo Para Um Inglês, e eu não estava errada. Nas duas histórias o protagonista masculino comete erros terríveis, que a gente chega a encarar como imperdoáveis em certos momentos. Porém, a autora consegue construir um arco de redenção tão perfeito, com um personagem tão cadelinha que é claramente louco por sua mulher (e pode confessar, os cadelinhas são os nossos favoritos), que em questão de 20 páginas nós já esquecemos tudo e estamos prontas pra nos derreter por esses homens. Você pode até me dizer, e eu vou ser obrigada a concordar, já que sou uma leitora assídua do gênero, que essa redenção dos mocinhos em romances de época são algo que a gente encontra em quase todo livro, principalmente quando falamos do cara cafajeste que procura remédio na vida noturna pra algo que ele sequer sabe que sente (sim, estou citando boate azul) e depois larga tudo isso porque encontrou uma mulher que virou a sua vida de cabeça pra baixo. Mas aqui eu tenho que ressaltar que a Sarah tem um tempero a mais, e eu nem vou conseguir explicar aqui exatamente o que é. Eu só sinto que as narrativas dela são mais verdadeiras aos meus olhos, que os personagens são mais humanos, e que por isso essas tramas fazem mais sentido pra mim quando escritas por ela, mas aí vocês vão ter que ler pra tirar a prova.
Gosto do fato da Sarah deixar alguns detalhes sobre o desentendimento e a separação da Grace e do Ewan em segredo, e só os revelar depois da metade desse livro. Porque eu comecei essa leitura odiando o Ewan com todas as minhas forças, mas a cada página que eu via a adoração que ele tinha pela Grace, o desejo dele de vê-la feliz, mesmo que não fosse ao lado dele, e a admiração que ele nutria por ela, a raiva ia diminuindo, até chegar o ponto em que eu pensei "esse homem pode ter feito qualquer tipo de coisa no passado, eu vou amar ele pra sempre". Dito e feito. Depois de tanto desenvolvimento do personagem, a revelação do passado não perde o seu peso, porque ela ainda tem um grande impacto no leitor, mas acho que depois de tudo o que eles passam ao longo do livro a gente encara essas mágoas da mesma forma que eles: como algo do passado, que motivou um sentimento horrível de um em relação ao outro, mas que ficou pra trás e que pode ser esquecido. E como todo bom cadelinha escrito pela Sarah, o Ewan entrou fácil no meu top mocinhos favoritos dela. Confesso que só pela cena em que ele dá um nome pra ela enquanto os dois ainda são crianças isso já seria mais do que merecido, mas a Sarah nos proporciona trocentos outros momentos lindos que eu sequer serei capaz de citar aqui.
A Grace é uma personagem muito misteriosa, que mal aparece nos livros anteriores e só acompanha os romances dos seus irmãos à distância, e por isso cada nova revelação sobre ela ao longo da narrativa foi uma surpresa maravilhosa pra mim. Ela é sim a mulher fodona dona de si e de um bordel para mulheres incrível de Covent Garden, mas por trás dessa fortaleza inquebrável ainda existe a criança que passou por coisas horríveis nas mãos daquele que deveria exercer o papel de pai e que deixou vários traumas nela. Eu sempre sinto que, quando escrevo as resenhas dos livros da Sarah e falo sobre suas mocinhas, sempre parece que estou falando da mesma personagem, mas acreditem, não é. Grace é única, assim como todas as outras personagens principais da Sarah são à sua maneira, e é simplesmente maravilhoso poder ver mais dessa mulher. É incrível perceber que ela não precisa do Ewan ao seu lado pra ter sucesso em seus negócios, já que ela própria consegue fazer isso muito bem sozinha, mas que ela escolhe a sua felicidade ao lado do homem que ama sem deixar de lado o trabalho que também a faz feliz.
As cenas hot são um primor de tão incríveis. É delicioso ver o Ewan adorando essa mulher como a deusa que ela é. Achei a saída escolhida pela Sarah pra fazer o final perfeita. É muito condizente com as vontades que os protagonistas têm em relação às suas vidas durante toda a história, e acho que nenhuma outra opção seria tão perfeita quanto essa pra eles. Sempre me dá uma dorzinha no coração concluir uma série da Sarah, mas só espero que, assim como aconteceu das outras vezes, os bastardos voltem a aparecer em outros livros daqui pra frente. Eu não estou pronta pra largar totalmente da mão deles, assim como continuo não estando pronta pra largar a mão dos meus canalhas, ainda que já façam três anos que li os queridos. Sei quem são os protagonistas do primeiro volume da próxima série da Sarah e só digo que a ansiedade está a mil, porque eu implorei muito por um livro deles na minha resenha de Perigo Para Um Inglês. Pelo menos uma vez na vida a Sarah está fazendo as minhas vontades, e eu faço questão de aproveitar.