Gabriel 25/12/2023
Um vislumbre perturbador da amoralidade de um adolescente narcisista
Laranja Mecânica é um livro que trás perguntas e não respostas. Entramos em contato com a maldade de um adolescente chamado Alex, ele é perverso e cruel. Não sabemos o motivo de ele ser assim e nem se há ou não um motivo.
Alex é violento e sua ânsia por violência é praticamente uma extensão da sua sexualidade, seu desejo por sangue. Tem apenas 15 anos e sua mente é como a do pior dos criminosos, ele é um criminoso nato, um sociopata.
A maldade é para ele praticamente um estado natural. Qualquer coisa diferente do desejo de prejudicar alguém e causa prazer para si mesmo é desconhecido, sentimentalismo estupido.
Alex é preso e passará por um processo de cura, uma lavagem cerebral. No entanto que não será o bastante para mudar suas convicções, apenas para aprisiona-lo em sua própria mente.
Lendo o livro desejamos saber o que é causa do bem e do mal, do altruísmo e da perversidade. O livro não responde, apenas mostra a natureza humana de maneira crua, o modo como somos todos, sem exceção, objetos uns dos outros.
A pergunta mais cruel não é do por que o mal existe. A pergunta mais cruel é se o bem existe.
Será que desejamos realmente o bem ou será que fomos condicionados a repudiar a violência desde crianças? Buscando o bem para fugir do mal?
Por fim, o que faz um adolescente abandonar a crueldade não é o amor a humanidade ou qualquer valor sublime, mas somente o desejo de ter família, filhos, e acumular capital, um estilo de vida incompatível com a vida do crime.
O bem e o mal no fim mostram-se como uma única coisa. O livro é para mim tremendamente esclarecedor, o mais impressionante é que o protagonista é bastante obtuso, apesar de sua sagacidade. O protagonista está preso a um vocabulário que diminui sua inteligência e o impede de entender o mundo ao seu redor de maneira abstrata, ele vive no mundo concreto, talvez nem mesmo entenda o que é moral, ética, bem e mal. Ele vive meramente por intuição e instinto, reagindo a suas pulsões inconscientes.