pampamcviana 29/03/2024
Muito original
Primeiro de tudo, é um livro muito bom, com uma história muito original. Somente não dei 5 estrelas por não concordar com o foco da narrativa. Quando escolhi lê-lo, pensei que iria mergulhar em um universo de viagens e aventuras, com as diversas fases da vida da Addie sendo narradas, e os acontecimentos históricos reais acontecendo. Algo mais parecido com o livro "A Biblioteca da Meia-Noite". O que li foi algo focado em uma história de amor, se é que era de amor, entre Addie e Luc. E, apesar de ser importante para o enredo, não imaginei que fosse ser o centro das atenções. Vamos ao resumo.
Addie nasceu em 1691 em uma pequena cidade francesa, Villon. Tinha a cabeça a frente de seu tempo, e desejava ser livre. Infelizmente por ser mulher e, principalmente, pela época que nasceu, não tinha a liberdade para decidir seu destino. Naquele tempo, as mulheres eram obrigadas a casar e constituir família para sobreviver, o que não era o intuito da personagem principal. Adorava viajar com seu pai, e queria conhecer o mundo. Tinha uma amiga, Estele, que vivia sozinha em sua choupana na floresta e muitos a consideravam uma bruxa. Addie se orgulhava dela e a tinha como um exemplo a se seguir, podemos dizer, pois era solteira. Com 23 anos, é obrigada a se casar e, no caminho para a igreja, foge para a floresta e faz um pedido para um dos deuses do anoitecer, que prontamente a atende com um pacto: lhe concederia liberdade e vida eterna, até que ela se cansar e desistir de viver; neste momento, sua alma seria dele. Esta liberdade consistia em não ser lembrada pelas pessoas, e não poder alterar as coisas ao seu redor (pelo menos não literalmente, até descobrir novas formas de deixar marcas no mundo). Se eu contar mais alguma coisa a partir daqui, vira spoiler.
Antes de mais nada, super indico o livro.
[Atenção, a partir daqui, minha resenha pode conter spoilers]
Como já escrevi anteriormente, não curti o foco dado pela história. Isto não quer dizer que não gostei do livro. É um conto de amor, ou não-amor, como queiram, afinal, nem a personagem sabe dizer o que sente. Achei interessante a perspectiva colocada pelo fato de Addie ser esquecida e ter que sobreviver como tal. Aqui vão alguns pontos que mexeram com minha mente:
* Que frase poderosa: "As ideias são mais indomáveis do que as lembranças". Explica o brasileiro! Não, explica o mundo!
* Meu coração doeu ao ler sobre o senhor que vendia os livros da esposa falecida, e optou por passar o dia sentado em uma cadeira na rua, com medo de morrer dentro do apartamento e ninguém ficar sabendo.
* Muito triste a descoberta da Addie sobre o patriarcado. Ela perceber que, para ter liberdade verdadeira, precisaria ser um homem, me deixou muito pensativa. E fez todo o sentido.
* A Addie roubar era um ato antiético?
Achei o final bonito, mas acredito que seria mais interessante se o Henry morresse, e Addie vivesse atormentada pela morte dele, o que a faria desistir de viver. Pensei que seria o final lógico para o livro. Mas, talvez, ela nem se comportaria assim, afinal, não sabia que o amava. O que ela fez foi muito mais egoísta do que pensamos. Addie achou uma forma de se libertar. De Henry e de Luc. Afinal, ela conseguiria viver com Henry durante 10 anos, dependendo 100% dele? Em um momento do livro pensei que eles fossem ter um relacionamento tóxico, pois ele não a deixa viver da forma que aprendeu por causa do pacto: roubando. E a repreende de uma forma muito injusta. No fim, acredito que ela percebeu que ficaria presa à ele, e preferiu apostar em se libertar através do Luc.