Dri - @leiturainsone 29/12/2021“Não tem nenhum problema com pessoas ruins que pagam para fazer com que outras pessoas ruins sejam mortas. Ele basicamente se vê como um gari armado”Billy é um matador de aluguel que está prestes a cumprir sua última missão antes de se aposentar. Ele sente que tem algo estranho por trás desse trabalho, mas resolve arriscar mesmo assim, já que o pagamento é muito acima da média. O que poderia dar errado?
Mais uma vez temos uma obra em que o Mestre aceita o desafio de se reinventar, afinal ele já é um escritor consagradíssimo e pode se dar ao luxo de testar coisas novas. Mas será que deu certo?
Comecei o livro com altas expectativas e isso nunca é bom. Consegui enxergar o velho King em muitas passagens da história, especialmente na capacidade de “enrolar” no desenvolvimento da trama, na construção dos personagens, além de identificar muito da relação dele com a escrita em alguns pensamentos e falas do protagonista. Essas são algumas das características que mais me fazem amar a escrita do Mestre.
Também amei o recurso usado para falar do passado do protagonista sem ter que intercalar passado e presente nos capítulos: o próprio Billy escreve sua biografia!
Porém, me incomodou demais alguns vícios de escrita que vejo muito em Harlan Coben, autor que eu amo e que King já homenageou em Outsider. Também me cansou a quantidade de vezes que o autor critica Trump...
Percebi um certo cuidado por parte de King ao tratar assuntos mais polêmicos ou considerados politicamente corretos. Quem leu os livros mais antigos dele, ou mesmo um recente em especial [O Instituto], vai notar uma brusca mudança de tom.
Mas em geral, o livro é incrível. Tem drama, ação, suspense na medida certa e zero cenas de terror sobrenatural. Billy é uma espécie de anti-herói que vai te conquistar.
Pra quem é do time Kingverso: leia sem medo de spoiler de outros livros. Claro que temos alguns easter eggs aqui no livro, mas nada que atrapalhe a leitura das obras mais antigas do Mestre.