x_lauram 28/12/2023
Bom
A princípio, quando notamos a continuação de um livro, questionamos principalmente a necessidade daquela sequência, afinal, o capitalismo transformou nossos pequenos prazeres em lucro e tudo ao redor permanece com a mesma lógica. Entretanto, o mais interessante em Aristóteles e Dante Mergulham nas Águas do Mundo é, não apenas a premissa do processo de aceitação do protagonista em relação a própria homossexualidade (realmente necessário para o enredo, considerando o término do primeiro livro) mas sim a construção de um ser humano que permite ser amado pelos próprios pais, amigos, namorado e por si mesmo.
O acerto de contas com as inseguranças, medos e fantasmas passados é construído de forma que entendamos a veracidade daqueles sentimentos em alguém que não considerava a possibilidade de ser feliz e, apesar de estar rodeado de amigos (nos quais muitas vezes ignoram as gentilezas de apenas parabenizá-lo pelas mudanças e as substituem por piadas incovenientes, acredito que pela procura de um alívio cômico do autor, mas apenas os deixaram insuportáveis), as dores de Aristóteles são somente dele, logo, ele decide o que fará com elas.
Durante a leitura, pequenas interações entre Aristóteles e as demais personagens do livro despertam o questionamento da necessidade de estarem ali, mas, se ler com atenção, percebe-se que nem sempre há uma razão para coisas acontecerem e muito menos a explicação do porquê os momentos se tornam especiais. Assim, em termos de utilidade, Aristóteles e Dante Mergulham nas Águas do Mundo é um mapa para a mudança, o crescimento e o trajeto de uma história de amor, não apenas entre dois meninos, mas entre a mente o coração.