Resenhas - Suíte Tóquio

nanda :) 17/12/2023

Suíte Tóquio: um livro que não dá vontade de ler (no bom sentido).
“Aninhei-me a ele. E lamentei os mecanismos do casamento, as dinâmicas que induzem mas também desgastam o amor. Ou seria apenas o tempo, a erosão inevitável do tempo? Eu não tinha a menor ideia, porque ainda que fizesse documentários ou terapias ou pensasse sobre o amor, nunca havia chegado perto de dissecá-lo. Para mim o que gerava e regia o amor era algo inexplicável, como a orquestração que leva as aves a voarem em bando formando desenhos.”

Encontrei esse livro no Skoob, no histórico de alguém, e marquei ele como “Quero Ler” por causa da sua capa bonita. Como tinha feito o mesmo com o livro que tinha acabado de ler, e tinha gostado muito desse, resolvi fazer isso novamente, até encontrar esse aqui.

Essa história é simplesmente fenomenal. Esse livro é, em sua essência, bem simples, mas o desenvolvimento e a escrita da autora são, simplesmente, de tirar o fôlego. Durante a leitora, eu sentia a ansiedade dos personagens, e, por isso, é um livro que não dava vontade de ler.

O ponto alto dessa narrativa, para mim, foi o desenvolvimento da Maju e da Fernanda (minha xará!). Elas são personagens completamente diferentes, que a autora consegue desenvolver de forma magistral, fazendo elas quase saltarem da página de tão reais. Em suas imperfeições, elas se tornam pessoas não necessariamente relacionáveis ou gostáveis, mas vivas.

A Maju é uma pessoa com um passado e uma vivência única, mas que parece uma amiga da sua avó. Ela é a representação de muitas mulheres brasileiras, e seu modo de ver o mundo é unicamente brasileiro. Gostei muito do seu desenvolvimento, como já dito, e, em especial, a cena onde ela está no motel com a Cora, e a santa quebra, é simplesmente maravilhosa.

Enquanto isso, a Fernanda parece que veio de outra realidade. É uma pessoa rica, que está experimentando sua sexualidade como estivesse experimentando vinho. Foi muito interessante ler sobre ela, como ela não queria ter a Cora em primeiro lugar, e como a vida de mãe não necessariamente mudou sua vida, mas a afetou de uma forma que ela desgosta completamente.

E a junção desses dois pontos de vida, que são alternados na narrativa, te deixa preso na narrativa. Ver o contraste na vida dessas pessoas, que é o ponto principal da história na minha visão, é instigante, cativante, e a autora soube muito bem como fazer isso funcionar.

Por causa disso que, mesmo com o enredo levemente fraco, eu ainda gostei bastante dessa história; afinal, o enredo não é o seu foco. No fim, a escapada da Maju com a Cora me pareceu um pouco fraca, do momento, quando, durante seus pensamentos, vemos que a Maju planejava isso. Durante o desenvolver da história, essa conexão ficou um pouco vaga, e senti falta de algo maior nesse desaparecimento.

Apesar disso, toda a história é muito boa. Dava para sentir a emoção escapar pela página, e a escrita de Giovana é muito, muito linda. Marquei muitas frases dessa história, e, acho que a que resume essa história para mim é essa daqui, do ponto de vista da Maju:

“Pensei que aquele amor proibido de bebê e babá também era culpa da dona Fernanda. Ela tinha deixado a filha no cantinho da vida, e lá no cantinho da vida tinha eu.”

Eu não tinha expectativa nenhuma para esse livro, nem tinha me interessado por uma narrativa nesse estilo antes. Mas esse livro me pegou pelo colarinho e me revirou completamente, me deixando presa nessa história. Eu até usei esse livro como repertório no ENEM desse ano! Isso é para ver o tamanho do impacto desse livro.

Alê Ferreira 16/12/2023

Uma escrita ágil e interessante, gostei do recurso de intercalar a narrativa entre a perspectiva da mãe biológica e da baba que ao meu ver acaba se tornando mãe afetiva da criança. Mas senti falta de um aprofundamento do perfil psicológico das personagens, principalmente da menina. Esperei mais da estória apesar de gostar muito da maneira com ela descreve o relacionamento da Fernanda com o Cacá e da Fernanda com a Iara. As experiências que nas quais a personagem mergulha. Mas senti que houve pontas soltas e um pouco de confusão quanto a mensagem do livro. Gostei da leitura mas ficou longe de me marcar.

itsesthergabi 15/12/2023

Não era para ter um final.
Precisei digerir um pouco o livro e depois de pensar sobre, creio que o que a Giovana quis dizer é que a história não era sobre o fim, ou sobre a conclusão daquela situação, e sim sobre a Maju e a Fernanda, e a eterna angustia que é ser mulher e a solidão que envolve isso. Gostei da maneira em que ela trouxe a visão das duas e tive a mesma sensação que tive ao ler Normal People, que é ser sobre pessoas reais, sem romantização e sem dar um final feliz onde se encontra redenção por tudo passado, porque no fim, a vida real não é assim.

letsi 12/12/2023

Prometeu tudo e no fim não entregou absolutamente nada
Como diz o Paulo Ratz: 2.5 ?? é um livro medíocre, assim como esse é.
Durante a leitura tive MUITO do que reclamar, os capítulos da Maju são extremamente desconfortáveis, senti ódio e nojo dela o tempo inteiro. Não há a possibilidade de sentir empatia por uma mulher dessa. Torcia a cada página pra ela se dar mal, o que de fato acontecia, e me fazia feliz.

O livro prometeu bastante no início, mas só no início mesmo. A autora lutou pra detalhar o passado da Fernanda e da Maju pra tentar justificar as atitudes de ambas: A mãe workaholic que não tem tempo pra filha, e a babá, pobre, que tinha o sonho de ser mãe, porém não conseguiu e carrega a culpa consigo, decidindo então raptar a criança de outra mãe, como se isso fosse preencher seu vazio.

Justamente aí que tá o problema, até os 70% do livro, mais ou menos, se passa só no passado da Fernanda. Eu quero saber o que essa mulher está fazendo AGORA enquanto a filha dela está sendo levada a força pela babá. Coisa que só acontece nas últimas 30 páginas do livro.

A autora englobou um bilhão de informação, de experiências de ambas, que poderiam ser justificáveis no final de tudo, mas não. Acabou de um jeito GROTESCO, sem pé nem cabeça. Não tem nenhum prólogo apresentando o recomeço de uma relação maternal entre mãe e filha.

Giovana Madalosso com certeza não queria que o livro tivesse mais de 200 páginas e terminou assim mesmo, de qualquer jeito, torcendo pra fazer algum sentido. E não fez.

arqueofarias 07/12/2023

Sinceramente, fui ler despretensioso e adorei. As historias paralelas tão diferentes e iguais ao mesmo tempo e a criança como elo de condução.
Os debates sobre a sociedade, julgamentos, maternidade, fé, classes sociais, feminismo permeando por questões filosóficas, religiosas e sociais foram ótimos para minha reflexão.
Gostei muito. Super indico.

Clau ð» 07/12/2023

Que bela supresa esse livro. Leitura fluida e emocionante. E o regionalismo que me fez viajar e me colocou dentro da história? me vi em Maju, nas suas péssimas escolhas e na vontade de cheirar a cabeça de Cora e em Fernanda, na vontade de abraçar o mundo e na culpa materna. Uma história que vale a leitura.

liviaslivros 03/12/2023

A leitura te cria uma expectativa de um final, de um plot twist, de um reencontro mas não traz. é compreensível o sentido dos dois pontos, a mãe que não queria ser mãe mas ama a criança, a babá que nunca conseguiu ter um filho seu e também ama aquela criança mas ta... e ai?

Leila 03/12/2023

Suite Tóquio de Giovana Madaloso apresenta uma metáfora instigante ao nomear o quarto da babá como uma "suite", sugerindo uma atmosfera de luxo e conforto que, na realidade, revela-se como uma prisão simbólica. A obra explora a complexidade da maternidade enquanto lança luz sobre as condições muitas vezes restritivas enfrentadas por aquelas que desempenham o papel crucial de babás/cuidadoras.

A narrativa, centrada na personagem Fernanda e na babá Maju, destaca não apenas os desafios emocionais da maternidade, mas também as disparidades sociais intrínsecas às relações de trabalho doméstico. Retrata bem a relação emocional que a maioria das babás desenvolve pelos seus "cuidados", pelas crianças que ajuda a criar e aqui no caso de Maju, levando até a tomar algumas medidas fora de propósitos.

Apesar das nuances intrigantes introduzidas pela metáfora da "Suite Tóquio", eu particularmente achei o livro mais do mesmo quanto à originalidade em relação aos temas abordados. A complexidade da maternidade e as disparidades sociais têm sido exploradas em diversas outras obras, e alguns leitores podem sentir que a história não oferece uma perspectiva suficientemente única. A leitura é fluida e fácil e confesso que pra mim, que ouvi no audible foi gostosa e tals, mas não achei nada muito marcante.

Enfim, se você está na vibe de ler muitooo sobre maternidades, esse é mais um livro sobre, lógico que aliado à outros temas também, como casamento aberto ou quase isso, traição, bissexualidade, entre outros.. Então, fica a dica.

Jackie! 01/12/2023

Invisibilidade do trabalho feminino!
Os vestibulandos estariam feitos se tivessem essa leitura no "repertório".

Eu não sabia absolutamente nada sobre esse livro e não poderia ter tido uma experiência mais positiva quanto a isso.

Mais uma história que reflete o quão duro é ser mulher! Não só pelo lado da babá, que abdica de tantas coisas na vida, pela criança de outra pessoa (por dinheiro também, vamos ser sinceros - mas tal dinheiro que garante sua sobrevivência*). Como também pelo lado de uma mulher que se sente presa a uma maternidade que não lhe cabe!

Escutei o livro pelo Audible e fiquei maravilhada com a narrativa. Um história que prende demais e te faz querer saber, com urgência, como tudo irá acabar.

Maria18112 26/11/2023

Devorei o livro!

Como paulistana, fui capaz de identificar a relação entre a babá e a criança com facilidade, até porque o próprio livro te coloca desse lado. Entretanto, foi triste ver como a babá fez toda uma trama para desistir no final. Faz muito sentido ela ter percebido que sua condição financeira não daria à menina o que seus pais poderiam dar, mas o afeto, principal temática da trama, não poderia ser comprado.
Gostei muito da parte do romance da mãe e da viagem.
O final me decepcionou. O leitor fica naquele "e se"....

Bruna.Adenice 20/11/2023

Ótima narrativa
Nunca havia lido nada da autora, e não sei exatamente o porquê essa história acabou me chamando a atenção no catálogo da Audible. Aliás, acho que sei o motivo: Gostei da capa do livro. Sim, para um primeiro momento foi só o que havia me chamado a atenção, mas que grata surpresa!

O texto tem uma narrativa fluída e é contada a partir de dois pontos de vistas: de Mauá, a babá, e Fetnanda, a mãe da criança (ponto positivo para a obra, pois amo livros em que os narradores se intercalam. Para mim, um recurso praticamente certeiro).

"Suíte Tóquio" tem linguagem acessível e texto bem ágil, o que nos faz "devorar" a leitura. Fora que representa um contraste de realidades tão comuns em nosso país, o que nos aproxima das personagens.

Gostei de como a autora apresenta as duas mulheres: como pessoas humanizadas, que erram, acertam, sonham... aqui não tem essa dicotomia entre "mocinha X vilã". Pelo contrário, são mulheres que têm seus conflitos de classe social assim como seus dilemas pessoais, o que dá dinamismo à obra, pois de certo modo compreendemos o lado de cada uma, embora o que façam possa parecer "absurdo".

Livro excelente, derrapada leitura. O final poderia ser melhor explorado, mas talvez seja justamente essa a intenção da autora: provocar questionamentos e reflexões.

Ainda sobre o desfecho, acho que renderia uma excelente continuação (às vezes já tem e eu não sei rsrsrs).


Apenas, leiam!!! Ah, e que bom que fizeram essa capa chamativa, pois foi graças a ela que cheguei a essa leitura. Enfim, a pessoa que escolhe o "livro pela capa" rsrsrs. De vez em quando essa tática dá certo, viu?

Lilia Halas 19/11/2023

Quem é você por tras dos seus sonhos?
Nesse livro acompanhamos a história de uma baba dedicada e que se viu imersa numa rotina de cuidado e dedicação ao seu trabalho por meio dos desdobramentos de uma vida não sonhada, esse livro me fez refletir o quanto nós nos deixamos levar pelos acasos da vida e quantos sonhos vivem dentro de nós esperando para eclodir numa vida em que a cada dia vamos postergando escolhas e vivendo aquilo que as outras pessoas entendem que é melhor para nós.... Conhecemos Fernanda uma mãe que vive alheia a maternidade, dividida entre a idealização de uma carreira que todos sonham e a chance de descobrir o amor em um ligar não esperado.

Amaranta1 14/11/2023

Livro curto em páginas mas intenso em sua leitura! Daqueles que você não vê a hora de acabar e a cada página sente s tensão aumentar.
A vivência das duas personagens e os sentimentos que justificam suas decisões se tornam tão reais que possibilita um envolvimento profundo da pessoa leitora.
Para mim foi como um tapa na cara e uma boa sacudidela pra mostrar a vida nua e crua dos sentimentos!

Mari M. 14/11/2023

Um livro bom pra passar o tempo
Gostei dos dois pontos de vista, ser narrado pela autora fez muita diferença. Porém achei meio corrido, senti que o final foi meio corrido e terminou de forma brusca, com muitos questionamentos após. Queria um desenrolar melhor da história, mas o contexto foi bem divertido de acompanhar. Não é nada incrível, mas valeu a pena.

Juliana2736 14/11/2023

Como é ver o mundo através da experiência do outro?
Esse foi o primeiro livro que li da Giovana e
gostei bastante.
Me supreendi positivamente com o desenvolvimento da história, pois ter personagens como Maju no centro da história não é comum. De um lado uma mulher que vive para cuidar dos outros, com um salário de editor de vídeo. Ainda vai reclamar? ingrata!
De outro, uma mulher que enfrenta os turbulentos anos da maternidade e terceiriza essa função, ao mesmo tempo, não abre mão de ter uma carreira bem sussediada. Essa mulher não conhece nada sobre o mundo...a não ser pelo próprio umbigo. O susto a coloca de frente com a realidade que negligenciava, da Maju como uma pessoa e de sua filha como parte de sua vida.