Helaina 17/09/2023
Não foi uma leitura ruim, mas minhas expectativas eram outras.
"Deveríamos ter feito você ir a um terapeuta, falar sobre isso, mas mamãe estava preocupada, achando que você se culparia. Em vez disso, acho que sua mente ergueu uma barreira em torno daquele dia, contra o que aconteceu." Pág. 392
…parece que tem gente que não sabe mesmo pra que serve a terapia.
O livro físico é enorme, então se peso da obra na hora de ler for um problema para você, já quero deixar aqui a dica. Leia no formato digital, esteja com o treino em dia ou encontre um lugar para ler com possibilidade de apoio. Houve momentos que eu tive que interromper a leitura porque não aguentava mais.
"Ela tinha se esquecido daquilo: da vida não apenas acontecendo com ela, mas ela sendo parte da vida. Mudando o percurso de algo. Agindo." Pág.249
A trama já começa repleta de ação com crimes ocorrendo enquanto acompanhamos a chegada da protagonista ao hotel. Porém, por se tratar de uma narrativa paralela a princípio, as histórias não se cruzam. Só depois do desaparecimento de Laure, noiva de Isaac, as conexões começam a surgir. Primeiro na cabeça da gente e aos poucos no livro. Ele e a irmã, Elin, tem razões para estarem tão afastados um do outro e um grande trauma na infância dos dois foi o episódio que desencadeou uma série de problemas de relacionamento individuais e familiares.
No começo eu achei que fosse me identificar mais com Elin, mas o fato dela ter um namorado, com quem vai para o hotel, e um emprego, criou um pequeno afastamento. Mesmo ela estando confusa sobre o que fazer da vida, tentando lidar com traumas do passado, ainda assim parece mais resolvida do que eu, (Depois do que aconteceu em – A pequena loja de venenos, fiquei mal-acostumada no quesito identificação com a personagem) ao mesmo tempo que parece que está desmoronando.
"Chegue ao final dos seus vinte anos, as pessoas vão sentir a necessidade de enquadrá-la, categorizá-la." Pág. 151
Achei todos os personagens verossímeis e é possível sentir empatia por cada um. Até mesmo por quem está por trás dos crimes. Não que justifique os atos, mas possibilita compreender as escolhas cruéis. Esse livro é um demonstrativo do quanto a saúde mental devia receber mais relevância e incentivo. Se dessem tanta atenção às dores invisíveis quanto dão aos exercícios físicos, por exemplo, talvez nossa realidade fosse outra.
O livro é narrado em 3ª pessoa e não há momentos pardos, apesar do excesso de frases curtas ter me incomodado um pouco. Sempre tem algo acontecendo e instigando a gente a querer saber o que vem depois. Apesar disso, senti falta da história do sanatório em si ser mais explorada, falam muito pouco a respeito. Esperava outra coisa então considero que o “erro” foi meu e não da autora.
A única coisa que eu ressaltaria é que a história me pareceu um pouco mais longa do que precisava, mas talvez haja um motivo para isso. No final há um epílogo que deixa aberta a possibilidade de uma continuação, outra história com os mesmos personagens, então talvez esse seja o motivo dessa introdução mais detalhada.
"O que aconteceu aqui não é lógico, racional, algo que possa ser explicado. Elin sabe que aquilo tem suas raízes em algo sombrio, tão sombrio que é quase palpável, como se fosse uma presença por si só." Pág.209
Eu recomendo O Sanatório para quem gosta de mistério policial, com uma policial afastada do cargo e habilidades duvidosas de investigação, personagens em perigo sem condição de fuga e segredos do passado sendo expostos. Se estiver a fim de uma história que explore profundamente o passado de um sanatório, não é esse o livro ideal. Acredito que essa história daria um bom filme. Eu assistiria mesmo já conhecendo o desfecho.
Por falar em desfecho, Sherlock ataca novamente e eu consegui acertar quem estava por trás de tudo. Foi uma mistura de dedução com imaginação de escritora. Só a motivação que eu não consegui nem passar perto de descobrir.
site: https://hipercriativa.blogspot.com/2023/09/resenha-o-sanatorio.html