Queria Estar Lendo 30/01/2024
Resenha: Jake Livingston vê gente morta
Jake Livinston vê gente morta, de Ryan Douglass, é publicado no Brasil pela editora Galera Record - e estava no meu radar há um tempão. Porque se ver gente morta já não é algo horrível, imagine ver o fantasma de um atirador de escolas? Que constantemente está tentando dominar seu corpo e te matar no processo?
Jake Livinston não tem muitos amigos. Ou uma relação muito amigável com seu irmão. O fato dele ser gay também parece não ajudar muito com o seu status social na escola - ou o lance de ver gente morta.
Mas aí, tudo parece acontecer ao mesmo tempo: uma garoto novo (e gato) chega na escola e está determinado a ser (mais que?) amigo de Jake. O vizinho de Jake é assassinado. E o espírito de Sawyer, um garoto que promoveu um massacre escolar há um ano, passa a assombrá-lo. E não vai deixá-lo em paz até tomar seu corpo ou matá-lo.
Eu estava bem empolgada com a leitura. Acabei pegando o e-book em uma promoção na amazon e a Alexa leu ele pra mim em uns 3 dias.
A narrativa de Jake Livinston vê gente morta é bem fluída, ao menos enquanto eu estava escutando. Consegui compreender de onde vinham as inseguranças do Jake e a forma como ele estava fechado para lidar com outras pessoas.
Também gostei bastante do Allister, ele é bem o típico interesse amoroso que vai fazer de tudo para conseguir o que quer, mesmo quando Jake tenta se afastar. E Fiona, aparentemente a única amiga de Jake, também teve bons momentos durante a história.
Eles conseguem se ajudar, mesmo que no fim, Jake precise enfrentar tudo meio que sozinho. Afinal de contas, só ele pode ver Sawyer e o mundo espiritual.
Mas, de forma geral, fiquei meio sem reação com o livro. Ele não é ruim, mas também não fez jus ao hype que o lançamento gringo construiu em mim.
Como é uma leitura fluida, acho que vale a pena para tirar suas próprias conclusões. É o tipo de livro que você vai lendo e não vai vendo o tempo passar (meio como aconteceu com Duff pra mim), mas não dá pra dizer que me apeguei muito a história.
Acho que o Jake podia ter tido mais destaque, especialmente por ser o protagonista. Senti que ele ficou um pouco apagado em comparação com Sawyer.
E também sinto que houve um esforço muito grande para humanizar o Swayer e tentar gerar alguma empatia por ele. Ainda que ele seja um personagem fictício, não acho legal dar esse destaque para ele, considerando o que ele queria e o massacre escolar que ele promoveu.
Além disso, ele sempre foi o vilão. Não tinha salvação para ele. Ainda assim, ficou parecendo que o Ryan Douglass estava tentando criar um arco de redenção para ele ou colocá-lo como um personagem espelho para certos conflitos do Jake - especialmente em relação a sua sexualidade e a reação de Sawyer a isso. Mas não funcionou pra mim.
Não sei se isso aconteceu porque esses momentos se sobressaiam na narrativa ou o que. Mas pra mim não funcionou mesmo. Não queria saber mais sobre Sawyer, preferia ficar com Jake.
Também queria que o autor tivesse passado mais tempo desenvolvendo a personalidade do Jake e menos explicando o passado ferrado do Sawyer e todas as coisas que levaram ele a fazer o que ele fez e o que estava fazendo com Jake - que ficou, sim, soando como uma maneira de "desculpar" ou justificar as ações dele.
Enfim, eu gosto da forma como o mundo espiritual e o lance médium foi construído no livro. O pano de fundo é muito legal e fugiu bastante das explicações vagas que normalmente temos em uma fantasia baixa. Deixou bastante potencial para ser explorado em outras histórias - que eu realmente leria. Embora essa não tenha funcionado para mim.
site: https://www.queriaestarlendo.com.br/2024/01/resenha-jake-livinston-ve-gente-morta.html