Leninha Sempre Romântica 23/05/2022
As pessoas me perguntam por que leio os livros da Kristin Hannah se sempre que termino a leitura eu fico dilacerada, totalmente destruída e geralmente com ressaca literária? Aí eu respondo: Gente, tá pra nascer uma autora que escreva cenários, dramas, e ilustre uma época da história tão bem como Kristin Hannah. Difícil você não sentir o gosto da poeira quando ela descreve uma tempestade de areia, não tem como não sentir o calor escaldante quando ela descreve um sol de 40 graus, não tem como não sentir frio até na alma quando ela descreve uma enchente que leva tudo que você tem na vida e te deixa molhada e sentindo um frio intenso. Então eu pergunto: de que vale uma leitura se ela não te deixa assim, totalmente entregue, completamente dentro da narrativa, sendo parte de tudo que acontece?! Pronto, acho que já deu para entender porque nunca deixarei de ler os livros da Kristin Hannah.
Temos aqui a história de vida de Elsa, uma mulher que aprendeu desde cedo o que é o sofrimento. Mas não apenas o sofrimento físico, Elsa sofre a mais doída das dores, a dor psicológica, aquela que nos deixa pequeno, insignificante, invisível. Desde pequena Elsa é menosprezada por seus pais, aos seus olhos ela é apenas uma garota feia, doente que não merece atenção, nem cuidado. Elsa sabe que não vai ter nunca um lugar no mundo, jamais terá o amor de um homem, não terá uma casa, um lar e muito menos filhos para amar. Sendo assim ela decide que na noite de seu aniversário ela pode ser o que deseja, uma mulher que merece ser vista. Ela se veste com um vestido vermelho, corta seus cabelos e sai sem destino pelas ruas em busca de uma aventura. Eis que ela encontra Rafe e finalmente recebe um olhar de admiração, e aquele encontro muda sua vida drasticamente, mas não só a dela.
De repente Elsa tem um marido, uma nova família e um filho na barriga, seria esse talvez o início da realização de um sonho, mesmo que sua família, seus pais e irmãs tenham ficado para trás, num passado que ela deseja esquecer?! Mas esse novo futuro vai trazer para Elsa uma nova perspectiva de vida, seu lugar no mundo precisa ser conquistado com muito trabalho, dedicação, submissão, luta e muita dor. Temos aqui mais uma personagem característica de Kristin Hannah: uma guerreira, uma desbravadora, que mesmo atrás de um corpo esguio de aparência frágil, um olhar sofrido e uma autoestima muito baixa, não se deixa abater, ela desvia, mergulha na dor e ressurge, naufraga e submerge, mesmo com todos os percalços e as pancadas da vida. Elsa renasce das cinzas, como uma fênix.
Fazia tempo que não lia um livro tão sofrido, tão dilacerante, tão intenso, uma história que nos suga a alma, que nos deixa completamente entregues, como se nossa vida dependesse de um fio de esperança de um final feliz. E ele demora, porque a história se passa numa época que esperança e final feliz não se encaixam numa mesma frase. Uma história completa, muito bem descrita, com cenários tão palpáveis quanto terra entre os dedos. São tantas as emoções e sentimentos que sentimos durante a leitura que não tem como não chorar, sofrer junto, sorrir com as pequenas vitórias e, enfim, abraçar o livro ao término da leitura, não só para tentar consolar, mas também para ser consolado, como se Elsa estivesse ali em nosso abraço.
Os Quatro Ventos é uma história que fica impregnada na gente, não tem como se desvencilhar da trama depois do término da leitura, é como se os personagens ficassem ali do nosso lado, presentes em espírito, como se suas histórias não terminassem depois de que se fecha o livro. Essa não é uma história fácil, não é uma narrativa para quem está passando por um momento delicado na vida. Elsa pode ser uma gota de esperança como também uma pedra amarrada na cintura num corpo jogado num rio. Então se você deseja ler Os Quatro Ventos esteja preparado para sofrer junto de Elsa, de sorrir com ela, de tentar mudar um destino tão sofrido. Entre na leitura imaginando que nunca existiu uma Elsa na história dos Estados Unidos durante a Grande Depressão, acredito que assim qualquer leitor conseguirá ler sem ficar como eu: dilacerada.
Super recomendo a leitura!
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