spoiler visualizaranasemgema 01/02/2023
Eu achei genial ter uma playlist com todas as músicas que aparecem no livro.
Eu já tinha lido outros livros em que cada capítulo há uma citação de filme ou série - os da Paula Pimenta -, então não foi estranho para mim ver as citações de música, mas o incrível é que você pode, através da música de fundo, realmente entrar no clima do capítulo, entendo melhor o que sentir em cada momento!
Além disso, eu gostei muito do nome do livro, Sons de ferrugem e Ecos de borboleta, ele me deixou curiosa desde o princípio, o que me fez ficar atenta durante toda a leitura para que eu pudesse desvendar o mistério do título, achei inteligente.
A leitura é muito tranquila e leve, mas eu confesso que subestimei o livro. Pensei que ele seria como todos os outros de romance adolescente brasileiros (os “de amorzinho”); acontece que ele possui muita profundidade e a personagem principal foi bem criada. A relação que ela possui com a música é muito boa, e ver como ela amadurece ao longo do livro… Muito bom.
Ao passo em que ela vai tendo contato com outras pessoas, ela muda; é como se fosse uma lagarta passando pelo processo de metamorfose, pois é isso que acontece com ela, e conseguimos ver isso evidente no final. Antes, ela que precisa escutar músicas em seu mp3 o dia todo para conseguir existir, agora, gosta e aprecia os sons da criação; agora ela vive.
"amar o autor nos faz amar a obra, não é mesmo?"
Eu devo dizer que essa garota passou por muitos bocados, foram muitas reviravoltas e nós, os leitores, participamos de todas elas com intensidade, verdade e expectativa, mas nunca imaginaríamos plot twists mais gostosos que esses. Eu ri, eu chorei, eu fiquei animada e em êxtase, tudo isso e muito mais.
O livro pode se dar muito bem justamente porque começa com uma história comum e que muita gente se identifica, ninguém espera ser espiritual. E de fato, Deus é a resposta para tudo, desde o início.
Essa não é uma história qualquer, e estou feliz por isso. E justamente por ser ficção cristã, eu me lembro que nada que escrevemos, ou pensamos em escrever, será maior ou melhor do que aquilo que o maior roteirista possui, Ele é o grande autor de tudo.
A personagem da Liesel e do Jay — os principais -, foram bem trabalhados, mas eu confesso que desde de quando ela a avistou pela primeira vez e desdenhou dele eu já imaginava que o romance seria entre os dois, mas não imaginava como seria. A personalidade deles é bem diferente, por mais que eles se deem muito bem, e o Jay mostra que idade não é sinônimo de maturidade, pois com apenas 16 anos ele tem muita sabedoria e isso fica evidente.
Mas algo que achei incomum é ele ser cristão, um cantor de rapper e inglês. Na Inglaterra não é muito comum as pessoas falando de Deus e testemunhando como ele o fez (beleza que ele foi muito sutil), mas ainda sim, faria mais sentido se a Lies fosse cristã e apresentasse o amor incondicional para o Jay, mas como tudo nesse livro, a autora não seguiu padrões.
Algo que eu certamente aprendi foi como ser testemunha de Deus nesse século tendo um emprego secular. Tudo o que fazemos vai ter, mesmo que indiretamente, revelação de quem Deus é, então ainda que não fale explicitamente, os princípios vão junto, pois está intrinsicamente ligado à identidade da pessoa, e como não conseguimos ser impessoais em nada, acaba por transparecer nas coisas que fazemos — e isso é algo muito incrível.
Essa não é uma história qualquer, há muita reflexão e pode fazer com que muitas pessoas se aproximem de Deus justamente por terem questionamentos como esses. Se eu tivesse lido esse livro com 13 anos, ele certamente teria me ajudado a encontrar meu propósito, e é assim que eu sei que muitas garotas serão alcançadas.
Sons de ferrugem e Ecos de borboleta me fez entender o que é ficção cristã e como ela atua no mundo contemporâneo, eu agradeço a Noemi por isso.