Medinaa 25/05/2024
A gente mira no amor e acerta na solidão
O livro é um esplendor de informações, a autora trata a história como uma conversa de bar (bem relaxada e de facíl compreensão) , ela exemplifica e ultiliza-se de textos incríveis para remeter ao que foi dito, aos amantes de Clarice Lispector cujo ela trás vários textos ricos em informações.
Aqui ela trás uma analise sobre o amor na lente da psicanálise, ela contextualiza o tema e em seguida da início ao mesmo, a autora trás alguns psicanalista para a conversa (Freud, Lacan).
O livro fala sobre a nossa tentativa (falha) de suprir o nosso vazio incomensurável, ou seja a tentativa de saciar um desejo , SPOILER: um desejo nunca é exatamente saciado, nele projetamos no outro algo que falta em nós ou seja amar é se abster do narcisismo, pois agora queremos ter outra pessoa , deixamos o cargo de sermos "completos" sozinhos e passamos a oculpar um cargo de "duas carnes em um só corpo" , nela o nosso vazio nunca é preenchido e não é o outro que vai preencher , o amor também está intimamente ligado a solidão, que no livro trata-se da famosa solitude.
No livro quando estamos falando de amor falamos de todos os tipos , não somente do amor romântico, o amor que uma amizade tem , que filho e mãe tem , que pai e filha tem , são esses amores que são retratados no livro.
O que nos atrai no outro é exatamente aquilo que nós não temos , que fura nosso narcisismo, que ultrapassa nossa bolha, procuramos no amor se completar, achar a nossa cara metade, mas só encontraremos incompletude, tratar sobre o amor é tratar sobre a falta de algo ou seja a "falta de" , projetamos no outro fantasias nossas e o outro faz a mesma coisa , entender isso é fundamental , pois encontraremos a resposta de pq nos apaixonamos , nos apaixonamos pq somos incompletos, por natureza, temos a necessidade de saciar esses desejos insaciáveis, visto assim por cima parece muito ruim buscar algo que nunca encontrará, mas não é TÃO ruim assim , a tentativa de preencher esse vazio é o que da graça na vida , é achar alguém que fura seu narcisismo que você percebe que você não se conhece tão bem quanto você pensou que se conhecia.
Entender também que o ser humano não vive sem criar fantasias , sem criar metas , sem criar "fanfics" , o ser humano tem a necessidade de criar algo vindo do imaginário e tentar projetar na realidade , para Freud amar é perder o narcisismo, uma vez que o amante se coloca no lugar daquele que não tem algo, como condição para poder encontrar algo que o interessa no outro.
O livro trata-se muito também sobre o narcisismo e na sua queda, aonde amar o outro é abandonar completamente o narcisismo , ou amamos ou morremos.
Muitas das vezes que projetamos no outro o nosso desejo projetamos nada mais nada menos que nossas fantasias mentais, algo saindo do imaginário, aonde Freud apelida isso de devaneio.
Amar o outro também é idealizar o outro , é colocar o outro em um pedestal e trata-lo como se fosse o ser humano ideal para nós, o outro nesse caso está idealizado, está banhado de neuroses e expectativas a qual ele não tem obrigação de cumprir e muito provavelmente vai quebrar essas expectativas , já que são as NOSSAS expectativas para o outro, na paixão nós idealizamos o outro a partir do que gostariamos que ele fosse, não do que ele é.
É quando a paixão acaba que vamos descobrir se o amor virá ou não, a fim da paixão representa o nascimento do amor ou o a sua não existência, quando o amor não existe o que nós resta a fazer é deixá-lo ir.
O livro trata e articula muito bem a paixão e a solidão, na paixão é aonde idealizamos o outro e é o amor "imaturo" aonde nós juramos que encontramos a nossa cara metade , a paixão está mais ligada no nosso desejo de sermos completos, da completude, nesse caso ela é algo que deixa o sujeito irracional e ignorante sobre a sua condição, o livro também trás vários exemplos bem interessante sobre o assunto, ela exemplefica eles muito bem também.
Enfim aproveitem a leitura e absorvam o máximo possível dela.