Coisas de Mineira 16/08/2022
REALEZA AMERICANA: INTRIGAS COM UM TOQUE DE REALEZA
Realeza Americana, da autora best-seller do New York Times Katharine McGee, foi publicado no Brasil pela Editora Roco, e traz uma versão alternativa do mundo moderno, acima de tudo dos EUA, que teria se tornado uma monarquia após a Guerra da Independência. Compre seu livro aqui.
Resenha do livro Realeza Americana
George Washington foi o primeiro rei dos Estados Unidos, e seus descendentes seguem desfilando imponência. Até então, apenas os homens poderiam sentar-se no trono, mas uma lei recente trouxe uma inovação: a linha de sucessão incorporará as mulheres também.
Justamente por isso, Beatrice, a filha primogênita do rei, poderá se tornar a primeira rainha – não que ela tenha pressa para isso acontecer. Ainda assim, é ela quem acompanha o pai, treinada para assumir o trono. Entretanto, mesmo o rei entende que a filha precisa de um consorte para ser aceita pelo povo – não é fácil mudar uma cultura.
A princesa Samantha e o príncipe Jefferson são irmãos gêmeos, e levam a vida como qualquer adolescente gostaria: são ricos, estão sempre na mira dos flashes, e não têm a preocupação de Beatrice com regras. Sam, sem um propósito, se torna uma filha rebelde, e Jeff já é mais contido, ainda que aproveite seus privilégios.
“Contudo, Sam duvidava que os pais tivessem percebido que estava atrasada. Eles nunca notavam nada do que ela fazia, a não ser que passasse tanto dos limites que seria impossível não perceber.”
Realeza Americana também apresenta alguns súditos
A única pessoa normal no círculo de amigos dos monarcas é Nina, filha de duas mães, sendo uma delas funcionária do governo. Nina se tornou desde cedo melhor amiga de Sam, e evita a publicidade que a relação com os herdeiros poderia suscitar.
Contudo, em uma festa promovida no palácio, Sam se joga no desconhecido e acaba beijando Teddy. Ela não é de se envolver, mas acaba curtindo muito o garoto. Ela só não imaginava que a festa dada pelo rei tinha o objetivo de escolher pretendentes para Beatrice, e Teddy é um dos selecionáveis!
Ao mesmo tempo, Nina está na mira de Jeff, que acabam engatando um romance – escondido, porque ela não está preparada para toda a exposição que esse relacionamento pode trazer para a sua vida. Ela só não esperava que a ex, uma garota cujos pais estão à beira da falência, e que sonha com a coroa em sua cabeça, planejou um caminho que não admite interferências: Daphne pavimentou seu caminho com suor e brilho, se tornando a queridinha do país. Ela não vai deixar barato…
“Mesmo que Nina e Jefferson estivessem ficando, possibilidade em que Daphne se esforçou ao máximo para não pensar em detalhes, não havia a menor chance de que Jefferson pudesse ter algo sério com uma garota como ela.”
A curiosidade de ver o mundo sob o prisma da realeza
Estava bem curiosa com o plot do livro, imaginar os EUA como monarquia e prever como o mundo estaria dessa forma, era instigante. Entretanto, a autora não fez nenhuma mudança significativa em relação a ambientação, ou às políticas externas, e o país tem os mesmos estados e territórios.
Em relação aos personagens, primeiro vamos falar de Beatrice. Ela parece fria e inatingível, treinada desde cedo para colocar a coroa – e o país, a frente de tudo. Até dos seus desejos. Achei interessante a forma como percebemos que ela é tolhida de suas escolhas. Ela tem um guarda costas que considera seu único amigo, com quem faz confidências. Natural imaginar onde esse sentimento vai parar.
Sam é a rebelde sem causa. Distante da irmã, se sente preterida por ela, daí toda a revolta. Demora a perceber que ela pode construir o próprio caminho, ao contrário de Beatrice. Até encontrar Teddy. Um beijo roubado numa festa a faz acreditar que está apaixonada. Bom, na verdade, percebe isso depois que entende que ele é um dos pretendentes da irmã. Para mim, pareceu acima de tudo birra de menina mimada.
“Mais uma ocasião para celebrar a Beatrice, pensou Sam, cansada. Para variar”
Dramas adolescentes
Jeff é difícil de analisar. Tem tudo as mãos, teve um relacionamento morno, e de repente acha que está apaixonado pela amiga de anos. Além disso, seu relacionamento com o ‘melhor’ amigo é distante, os dois pouco se relacionam nas cenas.
Nina é a melhor amiga dos jovens príncipes, mas ninguém sabe. Apesar de passar todas as férias e festas juntos, nenhuma foto dela está nos tabloides. Parece ser a típica menina que não sabe que é bonita. E, quando seu possível relacionamento chega à mídia, ela fica cheia de reservas. Ela caiu tão fácil nas armadilhas da ex…
Também temos Daphne. Ela é ardilosa, todos os seus passos, sorrisos, ações, são voltados para um único objetivo: se tornar a melhor opção para o príncipe Jefferson. Que pode até estar longe da linha de sucessão, mas acidentes acontecem…
“Daphne não se sentia arrependida. Nina cavara a própria cova ao resolver ir atrás do príncipe, quando todo mundo já sabia que ele pertencia a Daphne.”
Muito drama e pouca conclusão
Ainda que tenha toda a pompa da monarquia, Realeza Americana é um romance com triângulos amorosos, adolescentes se apaixonando ao primeiro beijo, e que são colocados uns contra os outros. Acima de tudo, as mulheres. Bom, é o que promete a própria sinopse, de duas garotas disputando o coração de um príncipe. Mas são sempre as mulheres que estão contra as outras por conta de relacionamentos. Irmãs, amigas, conhecidas – todas brigando pelos rapazes. Um pouco ultrapassado isso, não?
Dessa forma, passamos grande parte do livro nessas brigas e ataques de birra desses personagens. As folhas vão terminando, e nenhuma subtrama é concluída. Até entender que há uma continuação. Ainda assim, esperava que alguns nós fossem desfeitos, mas parece que tudo ficou para o próximo – parece se tratar de uma trilogia.
Ainda assim, se você gosta de livros de realeza, dramas adolescentes, e queira um livro para passar o tempo, indico Realeza Americana.
Por: Maísa Carvalho
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