Jackcoriolano 27/09/2023
Vou sumir quando a vela se apagar (Diogo Bercito)
Vou sumir quanto a vela se apagar, de Diogo Bercito, publicado pela Intrínseca, é um realismo mágico que traz elementos culturais da Síria e a imigração de árabes, turcos, sírios e conterrâneos no Brasil. Achei interessante o resgate dessa característica histórica do nosso país, a miscigenação é uma marca do povo brasileiro, porém ainda não havia lido nada sobre os imigrantes do oriente médio.
A história começa mostrando uma amizade que se desenvolve para algo mais intenso entre Yacub e Butrus, em meio ao sonho de Butrus migrar para o Brasil e a resistência à ideia e apego às raízes, talvez por imposição das tradições, de Yacub. O autor traz discussões sobre os conflitos do país, oprimido pelo domínio francês e incita a pesquisa sobre as diversas invasões e embates sofridos pelos países nessa região.
A história é melancólica, fala sobre perdas, sobre laços familiares, tradições e crenças, busca pelo autoconhecimento e como podemos mergulhar em nós nos momentos de grandes tristezas.
A escrita é fluída, porém o desenvolvimento da história é lento, marcado pelas dúvidas, questionamentos e culpa que Yacub carrega; ele decide viver uma vida que não é a sua e no Brasil conhece Jurj, Remédios, tio Mikhail e outros personagens que, de uma forma ou de outra, colaboram para o desfecho das escolhas de Yacub.