Gigio 17/08/2023
Vou sumir quando a vela se apagar
Fui arrebatado por esse livro. Um texto melancólico e sensível que trata de amor, amizade, cumplicidade, perda e luto. A relação de Yacub e Butros, é linda demais, e a dor da perda não tem tamanho. Yacub tem dificuldade para colocar em palavras seus sentimentos, mas é muito transparente, e foi lido por Jurj desde o primeiro encontro. Jurj é outro personagem apaixonante e que vai mostrando aos poucos a sua grandeza. Como pano de fundo, temos a imigração Síria, Libanesa e Turca para o Brasil, deixando para trás sua terra, sua família e todas as suas referências, com a esperança de um dia retornar em melhores condições financeiras, mas com o sentimento de que provavelmente isso jamais ocorreria. É uma história triste, mas também muito linda. Toda vez que eu previa que algo ruim aconteceria com Yacub, era apenas mais uma demonstração de acolhimento e amizade de seus compatriotas. Saí com sentimentos conflitantes dessa experiência, de um lado com o coração destroçado, e por outra com o coração aquecido.
"Ele não tinha imaginado nada quando pensou na vida no Brasil. Tinha visto apenas uma ausência dolorosa."
"A gente pensa que ninguém mais no mundo é um poço profundo. Que ninguém tem as dúvidas que a gente tem. - Jurj falava com uma seriedade atípica, apertando o braço por trás de Yacub. - Vejo você chorar de noite, cobrindo a boca com a mão. Vejo você chorar mesmo quando não está chorando. E você não vê que eu também choro."
"Não - disse Yacub. - Estou assim porque, vendo vocês dois juntos, sinto que sou pouco. Que tenho pouco a oferecer."
"Sinto que tenho pouco a oferecer para você, Jurj. Estou morto por dentro."
"As pessoas partem. Todos perdem quem amam. Rios secam e montanhas ruem, pensou. Essa é a história do mundo."