spoiler visualizarMaickw 01/07/2020
Todos os nossos ontens
Maick lembra a todos que tem spoiler.
Maick se deparou com uma deliciosa leitura. Uma experiência diferente, ele pensou. Sabia que era um contexto aterrador em um tema que adora explorar todas as facetas, a II Guerra Mundial. Maick começou a leitura da obra da Natalia Ginzburg, sobre o dia-a-dia de duas famílias italianas dentro da guerra, seus perrengues, curiosidades, intrigas, detalhes de pensamentos no passar das horas na vida de cada personagem. Ao se deparar com o estilo de Natalia, Maick pensou que seria uma luta muito grande ler um livro todo daquele jeito, quase sem respirar. Certamente ficaria cansado no final, ele pensou. Começou a ler e viu que não era uma escrita cansativa, mas intensa, e leve ao mesmo tempo que não conseguiu perceber o tempo passar na vida dos personagens. Em um determinado momento, Maick se assustou, ficou boquiaberto até, quando percebeu que as crianças já estavam planejando casamento e tendo filhos. Maick então se deu conta que Natalia o tinha convidado para sentar ao lado dela e ?ouvir? a história daquelas duas famílias italianas, uma mais pobre e uma mais rica. Parecia que Natalia tinha pegado o Maick pelo braço e os dois tinham sentado em uma cadeira na frente das duas casas, tanta era a intimidade com tudo o que ali ocorria. Maick estava besta da maneira como aquela escrita, que parecia cansativa, ter conseguido prender tanto a atenção em tantos detalhes do dia-a-dia dos pensamentos e atitudes de cada um daqueles personagens. Maick percebeu que o livro foi dividido em duas partes, a primeira mais urbana, com a guerra ainda longe, e a segunda mais rural, com a guerra já próxima do vilarejo ou basicamente dentro do vilarejo. A primeira parte, Maick pensou que fora muito agradável acompanhar o dia-a-dia, apesar de que aquelas famílias pareciam alheias a tudo o que acontecia no resto da Europa. Maick não pensou que eram pessoas que não se importavam. Não. Maick pensou que eram pessoas que, mesmo com a guerra, tinham que viver. E viviam da maneira como sabiam. E pro Maick parecia muito com a ?guerra? que se vive nos dias de hoje com uma parte das pessoas em casa, tendo que viver se algum jeito.
Maick havia se afeiçoado à personagem Anna. Caramba, aquela menina agora estava apaixonada, pensou. Ou será que ela apenas pensou que precisava estar apaixonada, Maick refletiu. E se assustou quando Anna apareceu grávida e a guerra batia às portas da Itália. Maick ficava cada vez mais angustiado com o desenrolar da trama e se preocupava com aqueles personagens que pareciam tão íntimos, graças ao estilo de Natália. Maick agora ficava perguntando pra Natalia o que aconteceria com aqueles jovens. Não eram mais crianças, Maick lembrou. De repente, Maick estava calmamente lendo mais páginas da história daquelas duas famílias que se tornara tão íntimo, Ipólito suicida. Maick não conseguia acreditar, não previu que isso aconteceria, chorou até. Não entendia como tinha acontecido aquilo. Foi aí então que Maick rebobinou todo o personagem Ipólito e entendera então como tinha chegado até ali. Era o estilo da Natália, Maick sabia. Na segunda parte, Maick se sentiu um pouco cansado, ele confessa. Talvez porque a guerra não mais estava longe. Agora a guerra estava ali dentro, matando as pessoas próximas, bombardeando as cidades. Maick gostou de Cenzo Rena e tudo o que ele se esforçava para ajudar as pessoas naquele vilarejo. Lógico que tinha um quê narcisístico no que Cenzo Rena fazia, mas que importava, Maick pensou. Ele tá ajudando as pessoas que estão precisando. Maick lia agora a segunda parte do livro que se desenrolava basicamente com os efeitos mais próximos da guerra ali dentro do vilarejo de San Costanzo, vilarejo de camponeses. Maick percebeu então como a vida das pessoas, mesmo em cidades tão pequenas, vilarejos, tinha sido afetada pela guerra. Maick leu o posfácio e isso deu uma amplitude maior pro estilo da Natalia. No posfácio, Maick leu que para Andrés Barba, o curador do livro do mês, só alguém muito sábio seria capaz de descrever as coisas como Natalia o fizera. Entretanto Maick refletia e pensava um pouco além. Pensou que Natalia não era apenas sábia, e sim tinha vivido ali na Itália dentro da guerra e sofrera como as duas famílias sofreram também. Era o dia-a-dia da Natalia, Maick refletiu. Maick também lembrou que Natalia perdera o marido na guerra e teve que cuidar de três filhos sozinha. Maick gostou do livro, gostou do estilo da Natália, assim quase que confidencial, mas lírico, e agora quer convidá-la para tomar um café e poder mais uma vez ?ouvir? Natalia contar mais histórias.