Larisse
02/04/2023Diferente do que eu esperava, mas não foi ruim e poderia ter explorado melhor o assunto "pessoas viciadas"Eu achei que o livro seria mais voltado para a história do casal e a relação deles entre músicas e livros, o que acabou não acontecendo.
Essa história gira em torno do Aaron, que por causa de problemas familiares, acaba não indo para faculdade e herdando a livraria da família - que está, segundo ele, condenada à extinção.
Por causa desses problemas familiares e de outras situações que aconteceram com ele durante o ensino médio, o Aaron se tornou uma pessoa que não confia na bondade de ninguém e um tanto crítico com as pessoas e suas motivações. Também tem uma visão um tanto limitada à respeito de pessoas que sofrem de algum vício.
O foco do livro não é o romance, apesar do Aaron ter ficado perdidamente apaixonado pela Hannah, o romance serviu pra ele cair em si sobre todo julgamento que ele tinha com pessoas que sofrem de vícios. E o "cair em si" talvez seja mais leve do que a autora poderia ter explorado, mas eu fiquei satisfeita com o que a autora deixou. Algumas horas achei o livro enrolado, pois o Aaron tava sempre fugindo do problema que ele sabia que precisava resolver, porém agora percebo que isso foi uma forma da autora mostrar como o Aaron estava fugindo do problema através do vício que ele criou no "relacionamento" dele com a Hannah.
Durante a história, o Aaron é bem difícil lidar com a opinião do Aaron à respeito do assunto, mas a autora deixa uma nota no final dizendo que algumas vezes, autores levam os personagens criados a dizer coisas que eles sabem que não é verdade. Acho essa construção de personagem um tanto delicada, mas acho que ela soube trabalhar o personagem para que a opinião inicial dele começasse a ser desmistificada.
E acho válido deixar um trecho da opinião dela aqui também sobre isso:
"[...] O vício não é culpa do viciado. [...] Se existe a necessidade de atribuir um culpado a essa crise, pode-se considerar a própria indústria famarcêutica, em especial empresas como Purdue Pharma, que intencionalmente insistiu no marketing agressivo de medicamentos como a oxicodona, anunciando que não causavam dependência, embora a composição química dessas drogas sintetizadas seja quase idêncita à da morfina, o opiáceo altamente viciante do qual a heroína é derivada.[...]".