mari 24/05/2023
Spare
Eu comecei a ler esse livro alguns dias após o lançamento, em Janeiro. É uma biografia extensa e, em muitos momentos, altera os sentimentos que você sente enquanto lê.
Gosto bastante de história desde criança e essa minha aptidão por histórica me levou a, consequentemente, ser fissurada por Monarquias (entenda por fissurada apenas historicamente, não sou a favor de movimentos monarquistas, especialmente o brasileiro). Obviamente que a monarquia que mais estudei e tenho conhecimentos é a britânica. Mas meus conhecimentos eram apenas sobre fatos políticos/econômicos, o maior contato que tive com fatos sobre a vida pessoal dos membros da família real foi a traição do Charles e Diana, repetida inúmeras vezes pela minha. Curiosamente, enquanto eu lia "O que Sobra", lembrei que, a cada vez que minha mãe contava a fofoca, ela adicionava um fato novo, como se ela mesma tivesse presenciado a história. O próprio Harry cita isso, de como as pessoas pareciam saber mais sobre eles do que eles mesmos.
As pessoas dizem que para um casal que preza tanto pela privacidade, Meghan e Harry se expõem constantemente. Eu encaro de uma forma diferente. Os dois são pessoas públicas, sendo que ele foi uma pessoa pública a maior parte da vida. Você não consegue deixar de ser algo que você sempre foi, eles não sabem ser algo diferente do que são. Tudo que eles apontam querer é segurança e paz, cumprir seus compromissos e não ter dezenas de câmaras, carros e helicópteros perseguindo-os. Realizar seus trabalhos e não ter sua esposa sendo chamada de macaca ou condenada por comer uma torrada com abacate.
Como eu menciono, é uma biografia longa. O início fala bastante sobre a infância dele, os anos em Eton e como ele começou a usar entorpecentes. Mais para o meio, ele aborda os tempos do Exército e o período em que serviu no Afeganistão (essa parte é chata e carregada de visão ocidental sobre o povo afegão). Muitos detalhes em todas as partes.
Não costumo dar notas a biografias, é a vida da pessoa e eu não posso julgar o que ela escreve e como ela se expressa sobre o que afeta a ela mesma. Mas o Harry, de uma forma geral, é uma pessoa carregada de traumas e isso é mais que evidente. Ele viu, aos 12 anos, sua mãe morrer por intermédio da mídia que infernizou mais da metade da sua vida. E viu a Família Real ficar em silêncio, e viu seu pai ficar em silêncio. O que ele retrata aqui é: ele não ficou e não ficaria em silêncio sobre isso. E tão pouco deixaria a história se repetir.
Para quem gosta do assunto, é muito interessante. Não é algo escrito por "biógrafos oficiais", é escrito por alguém que viveu essa realidade na pele.