Yellowface

Yellowface R.F. Kuang
R.F. Kuang




Resenhas - Yellowface


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RayRay 02/02/2024minha estante
linda, disse tudo




Jane 57821 12/09/2023

Racismo e apropriação cultural na indústria literária
Este é um livro bem dificil de resenhar. Embora a trama em si não seja complexa, o livro trata de temas muito espinhosos e não tem medo de colocar o dedo na ferida de uma indústria que conhecemos tanto mas tão pouco ao mesmo tempo. Aqui acompanhamos a história de June que, após presenciar a morte de sua amiga Athena, acaba por roubar o manuscrito que ela tinha acabado de escrever e publicar sob seu nome. Embora dê pra resumir o livro dessa forma é preciso muito mais pra falar da quantidade de temas que a autora trabalha, indo desde o racismo nas suas mais diferenças formas, até as desigualdades e linhas tênues que cada um ultrapassa para alcançar aquilo que deseja. É uma história onde não há hérois e vilões, mas apenas peças de um jogo muito maior do que eles mesmos e que eles podem se comprometer, ou não, a jogar.

Esse livro estava indo muito bem e eu estava prester a dar 5 estrelas, até que as 25 páginas finais acabaram por balançar minha experiência geral com a obra. Em primeiro lugar, achei o final extremamente corrido, senti que a autora não sabia bem como terminar essa história e acabou por acelerar muito os acontecimentos. Em segundo lugar, o livro termina em aberto e em um ponto específico onde parece que está simplesmente faltando um pedaço da história. Eu não tenho necessariamente problemas com finais abertos desde que eles tenham um propósito dentro da narrativa mas eu não senti que foi esse o caso aqui. Ainda assim, recomendo muito a leitura dessa história pois ela apresenta pontos importantissímos e que vão fazer o leitor refletir por um longo tempo após o seu fim.
Julia 17/04/2024minha estante
A autora falou numa entrevista que não poderia acabar o livro com uma mudança inverossímil da indústria, então termina mostrando que a indústria se alimenta de escândalo atrás de escândalo, e o que importa é quem controla a narrativa.




jiangslore 11/09/2023

[4/5]
"Yellowface" não só é um livro com uma premissa pouco comum como também é algo bem diferente dos livros que R. F. Kuang já publicou. Além disso, o livro aborda temas complexos de um modo não muito convencional. Todos esses fatores fizeram com que eu não soubesse muito bem o que esperar da obra, e, em alguns momentos da leitura, fiquei em dúvida sobre gostar do que a autora se propôs a fazer ou não. No entanto, após concluir "Yellowface", digo com certeza que gostei do livro. Existem críticas pertinentes que podem ser feitas, mas acredito que isso não muda o fato de que R. F. Kuang provou que a sua ousadia na escrita não é nem um pouco leviana.

Em termos de escrita, "Yellowface" é bem interessante. Isso porque, ao contrário de "The Poppy War" e "Babel", a narrativa é feita de um modo muito mais simples e contemporâneo. Na minha opinião, isso demonstra algo que eu já suspeitava sobre a autora - ela é muito boa em adaptar seu estilo de escrita para o assunto que pretende abordar e o tom que pretende dar a uma obra. Mas acredito que, mesmo se não for capaz de fazer tal comparação por não ter lido outros livros dela, o leitor vai gostar do modo envolvente e rápido que "Yellowface" é escrito.

Além disso, o enredo é majoritariamente interessante. Digo "majoritariamente" porque o livro é vendido como uma obra satírica e de thriller e acredito que apenas um desses dois aspectos foi executado de uma forma satisfatória: o da sátira. "Yellowface" trata várias questões importantes de um modo que é tão absurdo mas, ao mesmo tempo, tão realista, que a única opção além da falta total de esperança na humanidade é o riso. Por outro lado, o livro não teve, na minha opinião, um nível de tensão ou de mistério suficiente para ser considerado um bom thriller. Claro, há mistério e há tensão, mas eles são focados em poucos momentos da obra.

Mas acredito que o que torna o livro verdadeiramente interessante são as personagens principais: Athena e June. Apesar de o falecimento de Athena ocorrer nos capítulos iniciais, ela é uma presença marcante em toda a história. June, por sua vez, é a protagonista e narradora - o que é extremamente relevante, já que o livro é narrado em primeira pessoa. Ambas as personagens foram construídas de uma forma intrigante e complexa; que inclui qualidades e defeitos consideráveis.

June é uma pessoa, no mínimo, desagradável. E é óbvio que suas ações, desde o início do livro, não são moralmente corretas. Além disso, ela tinha uma visão terrivelmente racista do sucesso de Athena e de outros escritores que se encaixariam no conceito de "diversidade". Mas, apesar de ser odiosa, June não é apresentada pela narrativa como uma pessoa maligna, terrível, que só tem defeitos: nós vemos a paixão dela pela escrita, a sua determinação, seus traumas e as dificuldades que ela enfrenta com sua família. E isso é bom porque a verdade é que o fato de uma pessoa ser preconceituosa não a transforma em alguém que não possui qualquer qualidade. Se fosse assim, nós já teríamos conseguido nos livrar dos preconceitos em nossa sociedade há muito tempo.

Acredito que é importante deixar explícito que não ver June como um monstro completo não significa que a narrativa pretende que o leitor a "perdoe". June definitivamente não merece isso e não acho que o objetivo do livro é que o leitor a entendesse a ponto de não achar que ela fez coisas erradas. Na verdade, acredito que o objetivo é demonstrar que pessoas racistas como June não são monstros - são pessoas, que existem aqui, no mundo real. Elas não estão tão longe assim de nós.

Por outro lado, temos Athena. Apesar do ponto de vista de June ser enviesado, acredito que é possível perceber que Athena tinha sua cota de erros e não era, nem de longe, uma pessoa completamente inocente. O leitor pode observar suas qualidades e defeitos, seus acertos e ações questionáveis. E, assim como acontece com June, isso é importante para demonstrar que vítimas também são pessoas. Athena não é uma "vítima perfeita" porque não existe ninguém assim; e, na grande maioria das vezes (e só uso esse termo porque prefiro evitar generalizações), isso não muda o fato de que uma vítima é uma vítima.

Os outros personagens de "Yellowface" não são tão incrivelmente desenvolvidos quanto June e Athena, mas entendo que isso é proposital. Todos os personagens ocupam uma posição importante dentro do contexto da sátira e possuem o desenvolvimento mínimo que é necessário para isso. O fato é que "Yellowface" é um livro sobre uma hipócrita (para ser gentil) cercada de outros hipócritas; e mostrar as idiossincrasias desses hipócritas secundários é suficiente para entender a forma que a hipocrisia deles influencia, molda, critica e desinibe a da hipócrita principal.

E, com relação à hipócrita principal, há outras observações que devem ser destacadas. Uma crítica que vi ser feita à "Yellowface" é a possível confusão entre a voz de June, como protagonista, e a voz de Kuang, como escritora. O livro é bem "meta" em alguns momentos; e há uma parte na qual June tem a ideia de escrever um romance parcialmente autobiográfico, no qual os leitores não saberão o que é verdade e o que é ficção. Então penso que tal confusão não só é possível como também, até certo ponto, intencional. Isso é reforçado pelo fato de que algumas críticas recebidas por June foram anteriormente recebidas por R. F. Kuang - algo que só fiquei sabendo após concluir a leitura.

O problema, nesse contexto, é o fato de que June respondeu às críticas sérias que recebeu de uma forma muito negativa. E não seria legal pensar que a própria autora compartilha dessa opinião, né? Diante disso, entendo bem o desconforto de alguns leitores. No entanto, ele não corresponde à impressão que tive ao ler o livro.

Durante a leitura, pareceu-me que Kuang quis se colocar muito mais na Athena do que na June. Athena é uma autora chinesa que, assim como Kuang, obteve uma educação ocidental em instituições caras e renomadas. Ambas são autoras que tiveram acesso a várias oportunidades e explodiram no mercado muito jovens. Ambas tem como uma de suas principais temáticas o sofrimento. Nesse contexto, June seria uma voz de crítica à própria autora, mas, também, uma exposição de suas inseguranças.

Algo que contribuiu para essa impressão que tive foi o fato de que, em alguns pontos, June diz que algo que é criticado em "seu livro" (algum termo usado, por exemplo), foi escrito por Athena e não por ela. Acho que o ponto disso foi demonstrar que há muitas questões complexas quando se trata de raça, e isso significa que pessoas da própria etnia - como Kuang e Athena - não estão imunes às críticas do público. E parece que, a partir disso, o livro quer perguntar: se autores da própria minoria racial não estão imunes, será que é tão importante assim impedir que autores brancos escrevam sobre os mesmos temas? Não tenho certeza sobre a resposta para essa questão, não tenho certeza se concordo com a que o livro parece indicar. Mas acho que é um ponto importante que pode, sim, ser inserido na discussão.

Mas, é claro, isso são só minhas interpretações. Nunca saberemos quem está certo, ou quem se aproxima mais da realidade. Mas o fato de "Yellowface" ser um livro que proporciona tantas discussões, ao mesmo tempo em que é um livro que não traz visões positivas sobre a crítica literária, mostra que há, sim, uma complexidade na obra que não pode ser ignorada.

E é por isso que, apesar de tudo, eu gostei muito do livro. Com certeza recomendo a leitura.
ster 11/09/2023minha estante
VALEU A PENA ESPERAR!!! Que sensação boa ver você falando de coisas que passamos TEMPO falando sobre!!!
Amei o seu ponto de vista!
ps: indo agora mesmo pesquisar o que significa idiossincrasias




MellNavarro 03/08/2023

Um livro que fala sobre o predatorio mercado editorial, racismo, culpa e várias outras coisas
Embora a protagonista seja uma pessoa detestável (desculpa, June, mas não dá para te defender, amiga), até uns 70% do livro ele tem uma cadência incrível
É muito ágil, te prende dentro das ideias perturbadas da protagonista, o vai e vem de narrativas e faz até você duvidar sobre quem acreditar na história muitas vezes
Tirei uma estrela porque achei que mais p final perdeu um pouco o ritmo e achei o final um pouco abrupto
Mas não por isso deixei de adorar o livro
Tem uma narrativa e estilo de escrita que eu achei bem diferente e amei
Minha primeira experiência com a autora e com certeza pretendo ler mais livros dela
Rodolfo_Domingos 04/09/2023minha estante
Concordo com você sobre o final. Acho que poderia ficar ainda mais perigoso e sombrio, talvez até fechando um arco com o começo na parte da escadaria, se é que me entende o que quero dizer...




Victoria (Vic) 25/07/2023

Livro MARAVILHOSO, divertidíssimo, cheio de inevitáveis reflexões sobre racismo, indústria literaria, booktwitter e bookredes, cultura de cancelamento, entre diversos outros temas. Nunca havia lido nada da RF Kuang, apesar de ter Babel e Poppy War. Já quero ler tudo que essa autora publicou. O livro satiriza muitos temas e te deixa morrendo de vontade de pesquisar mais. Estou apaixonadíssima e queria muito ler The Last Front (a versão original).
Camila1856 13/03/2024minha estante
Athena's version hehe




rajadrawja 19/05/2023

Desculpa rfk, mas eu gosto da June
Que leitura deliciosa, se tornou meu projeto favorito da autora, terminei o livro querendo mais dessa personagem incrível que é a June.

Me apaixonei por ela, por todos os seus erros e decisões estúpidas. Até quando ela demonstrava sua falta de consciência racial e de classe, eu ainda ria e gostava dela.

Acho que quero dizer que estou cansado de protagonistas perfeitas, quero ver mais e mais personagens assim. Com erros e falhas.
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kamila 20/05/2023

Mais uma canetada da Kuang
Fui ler esse livro com medo pois ano passado vi muitas resenhas negativas dele e não estava pronta pra lidar com um possível livro ruim da Kuang. Mas isso não aconteceu, ainda bem.

Confesso que eu daria 4,5 pra esse livro, só por uns momentos ali que eu achei que ficou bem repetitivo, ficou girando nos mesmos assuntos. E também eu acabei adivinhando bem antes quem era a pessoa que tava aprontando contra a June.

Mas dei 5 ? por simplesmente não conseguir largar esse livro. Como eu disse no título, é mais uma canetada da autora. Um livro incrível com o tema de publicação de livros, esse ramo editorial, com subplots bem atuais referente a racismo, cultura do cancelamento, saúde mental e entre outras coisas. Pra mim esse livro mostrou um outro lado da Kuang escritora, a gente tá acostumado a ver o lado dela autora de fantasia e aqui temos um outro lado e ela deu o nome dela.

Gostei muito de como ela trouxe as questões da publicação, como funciona o mercado editorial, questão de bloqueio criativo. Tem uma parte mais pro final que deu uma pitada de elementos fantásticos pra história que foi por isso que eu não consegui largar. O final me lembrou uma vibe filme dos anos 2000, tipo encarar o Ghostface, ter a grande revelação de quem é o grande assassino. Mais ou menos isso.

Com certeza vou recomendar muito essa leitura, exatamente como eu faço com Babel. Que história incrível, vale a pena a leitura!
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Rachiri 31/05/2023

Uma crítica inteligentíssima
Amei esse livro, acho que R.F. Kuang acertou demais na forma que criticou sobre a sociedade racista, misógina, homofóbica (e todos seus outros preconceitos) que vivemos. Achei a autora mais esperta ainda ao utilizar de críticas que ela mesmo recebe, por exemplo quando falam tanto que ambas as autoras do livro pegar tragédias da vida real para ganhar dinheiro em cima, e já li várias reviews do goodreads falando exatamente isso sobre The Poppy War.
Estou feliz que ela conseguiu aqui fazer seus comentários sobre os problemas que existem no mundo sem se perder na história e nas personagens, diferentemente de como aconteceu em Babel, que começa com tanto potencial e se perdeu totalmente do meio pro final. Não vem ao caso aqui o quanto fiquei decepcionada com esse outro livro, mas só queria falar como fiquei feliz que aqui ela entregou tudo que prometeu!
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Fayne Rafaela 01/06/2023

Eu nunca li algo da R.F. Kuang que eu não amasse. Como ela mesma diz nos agradecimentos, é uma história de terror sobre solidão num âmbito tão competitivo como o mercado literário
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Noah40 09/06/2023

A ascensão e a queda
A autora disse que queria que o livro se parecesse com um ataque de ansiedade e olha de fato a gata conseguiu entregar o que propôs
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Tai 14/06/2023

Yellowface
Esse é o terceiro livro que leio dela, e R. F. Kuang nunca me decepcionou. Nunca quis tanto q uma protagonista se lascasse.
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bmeetsevil 19/06/2023

Goblin era da RFK
Não é atoa que RFK falou que esse livro é a ?goblin era? dela? realmente um grande surto e não sei se amei ou odiei djjwsjksksks a personagem principal é completamente detestável e não sei se amei odiar ela ou se era TANTO podre que ela falava que me deixou ?ok acho que rfk deu uma exagerada ela é tão podre que chega a ser cansativo?. Mas tem algo que não te faz querer parar de ler ???? tirando o final que ela viajou demais na maionese mas ok
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Clarysse1 07/07/2023

Poderia ter explorado melhor os personagens
Yellowface é um romance satírico que expõe as questões de identidade, apropriação cultural e ética literária no mundo editorial. A protagonista, June Hayward, é uma escritora branca que rouba o manuscrito inédito de sua amiga recém-falecida, Athena Liu, uma autora sino-americana aclamada. June edita o romance de Athena, que conta a história dos trabalhadores chineses que lutaram na Primeira Guerra Mundial, e o publica como seu próprio trabalho, sob o pseudônimo de Juniper Song. O que se segue é uma série de mentiras, manipulações e dilemas morais que colocam June em uma situação insustentável.

O livro é uma crítica mordaz à indústria editorial e à sociedade ocidental branca, que apaga, silencia ou explora as vozes e as histórias dos asiático-americanos. Kuang usa um humor duvidoso, a ironia e a metalinguagem para expor as contradições e as hipocrisias de June e de seus cúmplices. A autora também mostra como June se torna vítima de sua própria ambição e inveja, ao tentar assumir a identidade de Athena.

O livro é bem escrito, com uma narrativa envolvente e um ritmo acelerado. A voz de June é convincente e complexa, alternando entre a arrogância, a insegurança e o remorso. Os personagens secundários são interessantes e diversificados.

No entanto, o livro também tem problemas. O principal é a falta de profundidade na caracterização de Athena Liu, que é apresentada como uma figura idealizada e misteriosa, mas nunca como uma pessoa real. Além disso, o livro não explora muito as consequências do roubo de June para os trabalhadores chineses e para a comunidade asiático-americana.

Por isso, eu dou 3.5 estrelas para Yellowface. É um livro provocativo e divertido, mas que poderia ter explorado melhor os personagens e as histórias que foram apagados ou distorcidos pela protagonista.
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