Tainá.J 08/04/2024Vamos lá... 3.5?Como suspense o livro é ótimo! Capta a atenção (li em três dias) e apesar de ter sacado parte do plot aos 15%, não previ a outra parte, bem mais cruel...
Como um dos personagens tem fibromialgia, é muito bem explicada essa doença e os preconceitos envolvidos. Achei isso muito legal, porque só fui pesquisar e entender melhor essa doença quando tive uma colega de trabalho que tinha.
Em compensação, desnecessariamente para a história, ela conecta o transtorno bipolar com TDI, coisa que a maioria dos leigos faz, o que gera muita descriminação.
No final do livro, a autora deixa uma nota sobre doenças mentais, mas em nada explica o por quê dessa mistureba que ela fez. O que, pra uma pessoa que se diz tão preocupada, foi um desserviço.
Até entendo o objetivo dela: mostrar o quanto pessoas com doenças mentais são usadas e abusadas, porque aqueles que estão a sua volta sabem como elas são vistas pelos demais: com temor e descrença.
Mas no final, só fica uma representatividade hedionda: doentes mentais são loucos assassinos.
E tudo bem, NINGUÉM questiona.
Numa sociedade de militância, em que em pouco tempo um autor seria virtualmente linchado por colocar uma pessoa preta ou homossexual num clichê esteriotipado (o que inclusive tem acontecido com escritores clássicos, de outro tempo histórico), hoje em dia escrever livros que representam doentes mentais como assassinos não resulta em nada além de boas vendas.
Pessoas que, na maioria das vezes, estão sozinhas, escondendo suas condições, com medo até de procurar tratamento, sem nenhum apoio ou empatia dos outros, porque assim que falam que sofrem de algum transtorno são tomadas por assassinas em potencial (porque será? ?), quando na verdade, há dias em que precisam reunir todas as suas forças só pra sair da cama.
Como disse no início, o livro é bom e a escrita fluída. Mas pessoalmente foi desgastante. Pior que não ter representatividade nenhuma é sempre ser retratada como um monstro. ?