spoiler visualizarCate 01/02/2024
A síndrome de SJM, porém sem finalizações!
A sensação que esse livro me deu foi que alguns enredos muito valorizados pela autora no decorrer da história, ao final, não tiveram importância e só eram uma desculpa para empurrar a os personagens para onde ela queria.
O pacto de Serguei e Zion pareceu não ter importância nenhuma a não ser funcionar como uma empata foda. Quando realmente os personagens poderiam lidar com isso e com o que realmente significava, os perigos de se um morrer o outro iria junto, foi totalmente deixado de lado, como se a autora não soubesse como desenvolver aquilo e encaixar no clímax do livro, então decidiu ignorar. Fiquei incerta se após o embate da arena o pacto entre eles tinha finalizado, já que o rito não chegou a oficialmente finalizar.
O laço de parceria entre Zion e Kyller, que foi muito mencionado ao longo do livro mas ao final ficou como um enredo em aberto, como se para segurar o leitor para um próximo livro.
Uma coisa que me incomodou muito era como momentos importantes, que poderiam desenvolver as relações entre os personagens não eram mostrados e sim descritos rapidamente entre eles. De forma que como não vemos esses momentos que podem desenvolver as relações entre eles não consegui me conectar com seus sentimentos.
Quando Zion está sofrendo pela morte de Serguei ele demonstra sentimentos que o livro não nos mostrou sendo criados. A relação de Serguei e Kyller foi trabalhada, mas de Serguei e Zion não. O momento em que Zion resgata Serguei mostra bem isso.
Zion fala que vai trazer ele e o parágrafo seguinte é Zion já voltando com ele e dizendo ?aaa eu fiz isso, isso e aquilo?, não temos a oportunidade de ver como eles trabalham juntos, a dinâmica, e como se reaproximaram. Aí quando chega a cena final, para mim, o sofrimento de Zion perde força, pq não consegui ver em que momento da história os dois se reconectaram como pai e filho, não nos é mostrado. Eu entenderia ele lamentar pela morte de Serguei pela história trágica dele, pelo sacrifício que Serguei fez, mas os sentimentos descritos na cena, como se eles tivessem uma relação profunda de pai e filho, é uma conexão que não nos é mostrada. A relação deles é complexa, de amor, ódio, mágoa. É descrita, por Serguei quando conversa com Kyller, pelo próprio Zion quando conversa com Kyller, mas não vemos acontecer. Senti falta disso, de como leitora, pode me aprofundar não só no que eles diziam, mas perceber suas relações se aprofundarem durante as cenas e me conectar com os sentimentos deles como indivíduos e na relação pai e filho.
Ao final, não parecia ser o primeiro livro de uma série, e sim como um segundo livro, um livro de transição. Mas para ser um livro de transição, personagens e suas relações precisam ter sido bem estabelecidas anteriormente. As relações mais bem trabalhadas no livro foram as de Zion, Kyller e Kiara e, na cena final e mais importante, é como se todos eles saíssem enfraquecidos, ou sequer atuam, como Kyller, enquanto personagens de apoio, que até então só serviam para empurrar o enredo dos protagonistas, agora tinham que aparecer mais para adiar o momento final da história.
É como se nos últimos capítulos a autora desviasse a atenção e quisesse que focassemos em personagens que até então ela não havia dado a importância enquanto ela deixava os verdadeiros protagonistas em stand-by para um segundo livro. Isso poderia funcionar bem se fosse uma livro de 300-400 páginas, mas quando tem 1.200, a gente espera que determinados desenvolvimentos tenham finalizações ou pelo menos expansão.
Como fica a carreira de Kyller com o novo membro? Como tá a mente dela agora que tem uma parte da deusa nela? Ela ainda nem sabe sobre Kiara poder não acordar como antes, mesmo depois da cena forte das duas na arena quase morrendo. Vários ganchos acrescentados a vários outros que não foram desenvolvidos ao final. Como se toda a leitura do livro fosse só para me levar a ler o segundo.