Carlos Souza 28/05/2023
O que acontece quando você mistura "Uma Vida Pequena", "Pessoas Normais" e "Jogador n° 1"?
Bom... Começarei por onde?
Já sei, iniciarei pelo momento em que descobri o livro. Isso ocorreu no Instagram e como todo o livro "bombado" do universo literário, eu fiquei extremamente desconfiado com ele. Até porque, os amigos leitores que me perdoem, mas alguns livros exaltados pela comunidade são bombas puras, clichés e enrolados, puramente problemáticos. Com tudo isso na cabeça e preparado para quebrar o pau, iniciei "Amanhã, amanhã, e ainda outro amanhã".
O livro não é para todos, porque, primeiro, ele possui uma linguagem bem "nerd", não que isso seja ruim, mas pode irritar quem não possui familiaridade. Outra coisa, já para alertar quem pretende ler, não existe uma padronização textual e o texto é muito orgânico, horas tendo um padrão e horas não. Enfim, ele é diferente e precisa ser lido com atenção.
Sobre o Enredo, ele é extremamente interessante, principalmente, quando você consegue "linkar" os dois mundos que nos são apresentados, o digital e o pessoal/humano. Caso você não consiga, ele ainda funciona, porém, com uma outra face/identidade. Sadie e Sam são personagens extremamente palpáveis, com dilemas reais e problemas múltiplos para encarar. Existem gatilhos que devem ser pesquisados antes da leitura, obviamente, pra quem se importa com isso. Em inúmeros momentos, o livro e os personagens são tão envolventes que parece que você é um dos personagens da história. Eles são extremamente diferentes, entre si, e como indivíduos também. Acompanhamos, semelhante aos livros citados no título, fases diferentes da vida de cada um, e, assim, vivemos junto com eles, sofremos e nos irritamos. O tempo vai e vem, regredimos no tempo e avançamos com facilidade, percebemos como eles lidam com suas cicatrizes e traumas, como eles lidam uns com os outros e como eles se maltratam, algo que na vida e nas relações interpessoais é super comum. E isso é incrível.
É muito bacana como os anos passam, acompanhamos o tempo das crianças, dos jovens e dos adultos, como suas relações e empreendimentos são essenciais para o crescimento individuais e coletivos, como os atritos geram distanciamentos e reencontros e como eles, de forma pura, representam a vida verdadeira, na qual, nós sobretudo precisamos dar tempo ao tempo. Eu simplesmente amei.
Da segunda metade em diante, eu acho que é o recorte em que o livro brilha, uma vez que, frente ao trágico fim de um personagem, os protagonistas precisam rever suas perspectivas de vida, analisar o passado, lutar com o presente e pensar no futuro. Esse livro é um acontecimento? Sim, com certeza, mas também é algo que pode ser complicado de acompanhar. De longe, talvez, seja o melhor livro do meu ano. Pensarei sobre ele direto.
É ao meu ver, uma experiência única, lindo, simples, complexo e cheio de mensagens importantes. É, em síntese, sobre o caos humano, sobre viver, sobreviver e crescer, mesmo quando não se consegue todos os dias.
PS: Eu não falei muito sobre os personagens, mas é porque eu não estou em condições. Mas gostaria de dizer, Sadie, Sam e Marx, vocês estarão para sempre no meu coração.