Ratinha da Biblioteca 26/01/2024
#52semanasliterarias e #DLL2024
Salama Kassab estava estudando farmacologia quando a guerra civil da Síria estourou, e ela precisou largar o curso e sobreviver. Como forma de ajudar, vira voluntária num hospital em Homs, depois de perder os pais e o irmão, ela não sabe bem o que fazer da vida, mas lembra-se da promessa feita de salvar a vida da sua cunhada grávida.
Quando o caminho de Salama cruza com Kenan, ela vê um pouco de cor na vida monocromática que leva e um fio de esperança de finalmente escapar desse lugar. Mas a decisão de deixar seu país, deixar o solo que foi enterrado toda sua família, não é tão fácil de tomar. Fugir para sobreviver ou ficar e lutar?
Que história difícil de ler, as cenas descritas podem ser chocantes e o que mais me deixou mal ao longo da leitura foi saber que isso aconteceu muito recentemente e ainda hoje acontece em muitos lugares dos países do oriente médio. Cada situação que Salama passa, os pacientes que salva e que perde no hospital. As crianças que brincam em meio aos escombros. O medo constante, a incerteza, a dúvida. Cada frase usada nessa história da Zoulfa é um pedido de socorro e um choque de realidade para nós, mas apesar do peso da história e do sofrimento, algo na escrita da autora não tocou minha alma. Eu me compadeci, me entristeci e senti compaixão, mas não fui tocada como a leitura anterior (Todo dia a mesma noite) e não sei dizer se isso foi pela forma da narrativa, se eu já estava calejada do outro livro ou só não foi o momento. Mas a leitura vale muito a pena, conhecer outras culturas, outra realidade, conhecer até mesmo outras desgraças, vale muito a pena para colocar a nossa vida em perspectiva, para vermos o que realmente importa e não focar tanto em coisas mesquinhas. Eu recomendo fortemente esse livro para todas as pessoas, independente do gênero que goste, conhecer melhor outro povo é sempre benéfico.
Quotes:
"A gente luta enquanto estiver aqui, Salama, porque este é o nosso país. Esta é a terra do seu pai, e do pai dele antes disso. Sua história está entranhada neste solo."
"Estou bem - respondo. E, neste momento, cercada por pacientes, não parece mentira. Por enquanto, estou bem. Simplesmente estou bem."
"Então é melhor cair lutando - termina Kenan - não vou deixar que eles sejam donos dos meus medos."
"Eu falei que os sentimentos dão esperança. Não tem nada de errado em achar conforto no meio do que está acontecendo, Salama."
"Me lembra que, enquanto houver limoeiros, a esperança nunca morrerá."