Pacheco 07/09/2023
"— Boneca cansada — brinca, fazendo referência a música e ao maldito apelido. E eu sorrio."
"Jaded Doll" é o segundo livro da duologia "Toxic Twins", que iniciou com "Angel Doll", escrito pela Milena Seyfild. Quem escreveu esse aqui foi a Beatriz Garcia, nos dando agora a história da Landon e do Jessie.
Assim como o anterior, que à primeira vista pode ser visto como um romance, mas ao decorrer das páginas se mostra muito mais, aqui acontece o mesmo. "Jaded Doll" vem para mostrar como a dificuldade de confiar, atrelada ao ato de se fechar, pode parecer tão seguro quanto é uma prisão.
Landon, ao se esconder em seu próprio mundo, fazer dos estudos seu companheiro mais próximo e Leslie e Nate os únicos capazes de perfurar sua bolha, acaba perdendo muita coisa. A segurança de não permitir que a machuquem novamente, acaba virando também a prisão que a impede de viver plenamente. Experimentando a sensação de fazer novas amizades, de se envolver com alguém e até mesmo se apaixonar.
E apesar de ter consciência disso, é só quando Jessie passa a fazer ainda mais parte de seus dias, que a mudança começa a acontecer gradativamente.
Gostei muito de como a autora foi desenvolvendo toda essa parte. A gente sabe desde o livro anterior que a Landon não suporta nem ouvir o nome do Jessie, mas também sabe que com ele não é tão extremo assim. Mas aqui fica ainda mais preciso o que cada um sente.
Se por um lado ambos insistem que não querem ver o outro nem pintado de ouro, por outro Landon é a única que mantém bem essa ideia. Jessie até tenta, mas quando está na presença dela, é quem mais parece estar se divertindo. Sempre a provocando por conta das notas, que é o que desde quando ainda moravam em Barlow, cidade natal de ambos, gerava discussões entre eles.
Landon não se conforma que Jessie possa tirar notas boas sem se esforçar como ela e ele, bem, não suporta que ela seja assim. Criando uma competição que, para ele, não precisava existir e não aceitando que Jessie possa ir às vezes tão bem quanto ela, sem enfiar a cara nos livros, deixar de sair e até mesmo dormindo em sala de aula.
Mas nada disso importa quando são colocados pelo professor de Desenho Técnico III para fazerem um trabalho juntos. As diferenças são tão grandes quanto as coisas em comum que possuem, mas diante de uma nota que significa muito para ambos, eles precisam aprender a ceder.
E é aí que tudo começa, de fato.
Ceder não é uma palavra muito conhecida por eles quando se trata um do outro. Para Landon, seguir significaria não só deixar Jessie ganhar a rodada, como também confiar em alguém. E para ele, seria como deixar ela ganhar e isso ele não quer de jeito nenhum.
Mas, em prol de um bem maior, Jessie cede e aos poucos, as coisas começam a mudar.
Eu gostei demais de cada detalhe do desenvolvimento dessa parte. Jessie podia ter toda sua raiva contra a Landon, mas ele foi incrível aqui em cada atitude, em cada cuidado e preocupação, tanto em se esforçar para que conseguissem trabalhar juntos, quanto para entender a cabeça de Landon e o porquê dela ser avessa a toques. Já Landon, entendi demais o jeito fechado e fiquei feliz de ver que apesar dele, ela não precisava de muito para se abrir. No fim, ela só precisava de atitudes que demonstrassem respeito, cuidado e preocupação, coisas que desconhecia vindas de outras pessoas, principalmente homens. E foi bom demais ver ela se abrindo aos poucos com ele.
Em alguns momentos me identifiquei com a dificuldade da Landon em conversar e pensei no quanto devo ter perdido por me fechar às vezes por conta disso.
Diferente de algumas duologias em que as histórias ocorrem em paralelo, essa se passa tempos depois do primeiro livro, o que acaba tirando personagens que já vimos, mas deixando alguns agora já com o futuro deles. Além disso, o núcleo dá uma mudada porque agora temos a banda de Jessie ganhando mais destaque - literalmente! (e quem leu, sabe).
E por falar em banda, deixa eu falar deles, mas primeiro, um breve resumo do que achei dos protagonistas, porque já citei até bastante coisa sobre eles.
Eu gostei muito da Landon, dessa vibe bad girl que não quer pensar em romance, só focar em estudos, mas que no fundo também é muito por medo de confiar em outra pessoa, porque até sente saudade de estar com alguém. Ela pode ser mais calada, mas quando interagia com Jessie, por exemplo, mostrava um lado forte e decidida que me cativou demais. E conforme ela ia se soltando, conseguia me fazer gostar ainda mais dela.
Já o Jessie, tirando a primeira vez que foi mostrado ele jogando na cara da Landon que tirava notas boas sem esforço e isso me irritou porque peguei as dores por ela (porque, assim como ela, também precisava me esforçar e estudar bastante), a partir do momento que passei a gostar dele, não parei mais. Ele é o mocinho literário que todas procuramos com o bônus de que ele tem aquele quê real. Ele erra e não é perfeito, mas ele faz o mínimo o que, diante de tanto que vemos por aí - na vida real ou na literatura - o tornou especial demais. Principalmente quando parte das atitudes vinha mesmo em meio ao período em que Landon e ele ainda viviam de discussões.
Leslie e Nate já falei na própria resenha do livro deles, mas mantenho aqui dito o quanto os amei e esse livro reforçou mais isso. Só teve dois momentos que me irritei, um com ambos e outro só com a Leslie, mas porque são fofoqueiros e por esse mesmo motivo passei pano, porque a fofoca edifica, a curiosidade é forte e eu sei disso.
Quanto ao pessoal da banda, amei todos do início ao fim! Kiera é alguém que eu queria que fosse real para sermos amigas; Zach principalmente, para falarmos de livros o tempo todo e também dar um sacode para ver se ele enxerga o quão incrível é; e Jules, talvez para dividirmos conselhos e risadas. Ele me faria rir e eu lembraria a ele que, preferindo mulheres mais velhas ou não, é sempre bom pensar antes de ficar com alguém quando se é tão emocionado.
Ah, e a Valery, não posso deixar de falar dela. Não tinha expectativas de que ela teria o papel que teve, mas adorei e mal posso esperar para ver mais dela. De preferência tendo o final feliz que esse livro me fez desejar para ela e uma outra pessoa aí.
No fim, o desenrolar do romance entre Landon e Jessie (que foi um dos que mais gostei de ler), da Land encontrando a liberdade da prisão em que colocou a si mesma, as composições que Jess fez pensando nela, as amizades que existem aqui e a trilha sonora fizeram desse livro um 5 estrelas favoritado para mim!
Até o apelido, que eu não esperava gostar tanto, me fez pagar com a língua a cada "boneca" que ele soltava.
Definitivamente sou grata a Milena e a Beatriz por terem criado esse universo juntas e mal posso esperar pela surpresa que a Bia deixou no final do livro e que vem aí ano que vem!