Caminhando com os mortos

Caminhando com os mortos Micheliny Verunschk




Resenhas - Caminhando com os mortos


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DéboraMP 30/01/2024

Caminhando com os mortos
Nessa história, Celeste é queimada, viva, por seus próprios pais. Movidos por uma fé cega no pastor da nova igreja da cidade, eles decidem queimá-la crendo que ela vai ressuscitar livre dos pecados.

A narrativa não segue exatamente um fluxo de início, meio e fim da história da Celeste e em muitas ocasiões conta a história de forma poética.

Demorei pra me conectar com a linguagem utilizada pela autora e, infelizmente, não consegui me apegar a nenhum dos personagens. Queria muito mais da história da Celeste, que é super marcante.

Aqui, além do fanatismo religioso, por meio de outros personagens, são retratadas a homofobia e a descriminação de mulheres (que por serem diferentes são taxadas como bruxas); tudo em breves pinceladas.

Fazia algum tempo que eu queria ler esse livro, mas não rolou exatamente como eu imaginei. Talvez, ainda não era o momento certo para eu fazer essa leitura.
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Tiago567 30/01/2024

Não achei perfeito, mas achei necessário
Começo por dizer que as minhas críticas não envolvem a história. A história é sim perfeita. Minhas "críticas" vão à escrita da Micheliny, não por nada em específico e tampouco por eu achar ruim, mas sim por ter escrito uma história altamente necessária, porém de um jeito quase inacessível. A primeira parte do livro está quase que em códigos para mim, de modo que me senti perdido na narrativa em alguns momentos. A partir da página 40 e tantas a narrativa começa a conversar comigo (e para todes que estejam tentando ler porém se identificou com esse desafio nas primeiras páginas da história, recomendo que persista um pouco pois vale muito a pena). As minhas críticas a uma escrita mais acessível se dá justamente por se tratar de uma história altamente necessária. Esse livro é para todas, todos e todes que já viveram ou vivem em cidade pequena e fundamentalista religiosa e para além disso. É uma lição que por vezes amarga o paladar, mas que pode ser a companhia da qual você está buscando, a companhia da qual entenda tudo o que você e / ou os seus estão passando.
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behindsaura 28/01/2024

Obra prima nacional
Esse livro tem TANTAS camadas e perpassa tantos pontos importantes do dia a dia brasileiro, chegando a ser difícil de digerir. É uma leitura densa e minha experiência com ele foi de lentidão, lia e precisava de um respiro para absorver aquilo que tinha acabado de ler.

O livro tem início tratando de um tema tão delicado que é a infância roubada das crianças mais pobres que se tornam adultas já na infância para dar conta das responsabilidades grandes, que deveriam ser de seus pais, como cuidar de seus irmãos. E se encaminha para um poço sem fim de intolerância religiosa advindo da colonização branca e cristã das regiões mais afastadas e pobres, retrato ATUAL de um Brasil racista e homofóbico.

Até que ponto casos assim aconteceram? Até quando essa será a realidade? Mulher não pode ser livre, LGBTQIAP+ não pode viver seus amores e nada além do cristianismo centrado na salvação (não se sabe nem do que) será tolerado.

Esse livro é uma PEDRADA, um choque de realidade e leitura obrigatória.
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Faluz 26/01/2024

Caminhando com os mortos - Micheliny Verunschk
Como o trágico está instalado na vivência diária. Como se manifestam as teias que enredam as pessoas num lugar vazio, onde a simplicidade presente não tem capacidade de comprar e se entrega ao que se impõe de maneira tão violenta.
Como as mulheres são subjugadas num território sem possibilidades de se impor.
Micheliny coloca o dedo na ferida com a religiosidade presente num mundo de pessoas que querem o poder.
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Lu Mendes 23/01/2024

Compreendendo que se trata de um livro incrível e de uma escritora premiada, é justo dizer que para mim, a história não rolou!

A história tem um gancho incrível ao tratar de intolerância religiosa, trazendo ela desde os princípios colonizadores de regiões onde o catolicismo popular era a expressão máxima da fé das pessoas.
Há ainda um debate forte de violência contra mulher é esse local onde toda fêmea que não se adequa na religião vigente, passa a ser considerada uma bruxa!

O problema para mim foi a narrativa, muitas vezes confusa ou abstrata demais aos meus olhos. Foram raros os momentos que eu me senti tocando na história, e quando isso aconteceu finalmente, uma série de novos enredos adentram o espaço!
Eu entendi o tempo gasto com a perita, mas achei um pecado, preferia que falasse mais de Celeste e Lourença? personagens que ficaram tão rasas diante de uma história tão gigantesca.

Para mim, esse tipo de narrativa faz a história terminar sem que eu tenha de fato me aproximado de nenhum personagem, ficou esse sentimento de desimportância!
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Alexandre Kovacs / Mundo de K 21/01/2024

Micheliny Verunschk - Caminhando com os mortos
Companhia das Letras - 144 Páginas - Capa: Alceu Chiesorin Nunes - Imagem de capa: Jurema Preta visita Satanás de Stephan Doitschinoff - Lançamento: 2023.

Ao descrever as consequências da intolerância religiosa, Micheliny Verunschk, em seu mais recente romance, me faz refletir sobre o filósofo Baruch de Espinosa (1632-1677), crítico do modelo de religião na qual Deus é um ser colérico ao qual se deve prestar culto para que seja sempre benéfico, originando também intermediários e intérpretes da Sua vontade, capazes de oficiar os cultos, profetizar eventos e invocar milagres. O conceito de Espinosa de um Deus Natureza em oposição ao Deus humanizado das religiões parece não ter perdido a sua força, principalmente em regiões do interior do Brasil, assoladas pela pobreza e ignorância. A população, sem assistência do Estado, torna-se uma presa fácil para pastores inescrupulosos.

De fato, me ocorre uma citação de outro famoso filósofo, Blaise Pascal (1623-1662), que definiu bem uma das questões deste livro: "Os homens nunca fazem o mal tão plenamente e com tanto entusiasmo como quando o fazem por convicção religiosa". Esta é a chave que a autora utiliza para demonstrar a violência contra as mulheres e minorias com base no fanatismo religioso. No romance de Micheliny, a jovem Celeste é queimada viva, tal qual uma bruxa na idade média. Lourença e Ismênio, os pais, acreditavam que o ritual iria purificar a filha de seus pecados, nas palavras de Ismênio ao delegado: "Não era pra matar, não, doutor. Não era. O pregador disse que quando se fazia a purificação o Inimigo ia embora, mas a pessoa permanecia. [...]".

"Não foi minha filha que eu matei, não, doutor. O que eu fiz foi outra coisa. Eu não matei. A menina vai se levantar. O senhor vai testemunhar esse milagre da salvação. No terceiro dia. O senhor vai ver, ela vai fazer a sua páscoa e vai voltar pela graça de Deus. Matar Letinha? Matei, não, senhor. Jamais. O verdadeiro crente expulsa o espírito maligno, o senhor sabe o que é isso? O senhor sabe, eu sei que o senhor sabe. O senhor já viu o espírito maligno? Já percebeu como ele age? É esperto, manhoso, ele. Anda pelo mundo espalhando malícia e falsidade. É feio. É torto. É o pai de toda mentira. Mas Deus não quer o pecado." (pp. 19-20) - Depoimento de Lourença

O romance transmite uma atmosfera fantástica devido à prosa forte e poética da autora com características comuns a uma distopia, mas infelizmente reflete a violência diária de um país que cada vez mais evitamos reconhecer. Lourença carrega o trauma da morte acidental da primeira filha filha, Quitéria, como santa Quitéria de Brácara Augusta, a virgem que, segundo a tradição, após ter a cabeça decepada, a tomou em suas mãos e caminhou até a cidade vizinha onde caiu e foi sepultada. A pequena Quiterinha, ainda neném, teve um destino pior, encontrada desacordada em meio a uma poça de sangue, atacada por uma porca de um morador vizinho.

"O doutor deve saber que na casa de um justo de Cristo reina a ordem, a limpeza e os ensinamentos da santa Bíblia, do profeta e do pai espiritual, que é representado pelo pregador. Quem sou eu pra lhe ensinar isso? O senhor sabe bem. Mas o que quero é mostrar pro senhor que a gente fez tudo certinho. E que assim era lá em casa desde que Lourença se converteu e depois eu e os meninos. Todos os dias, depois da oração da tarde, eu desligava a caixa de luz pra mente não se distrair em pecado. Mas não é todo justo que faz isso, só os mais fervorosos. O pregador contava pra gente dos bons exemplos que ele já havia presenciado pelo mundo. E desde que ele me ajudou a largar o vício que fiz essa promessa, de ser um crente fiel, de valor. Um justo verdadeiro. Foi ele quem me ensinou a falar bem. O senhor viu como sei explicar tudinho? Só que pra Letinha isso não bastava." (pp. 50-51) - Depoimento de Ismênio

A narrativa avança com base nos fragmentos de depoimentos da família e vizinhos, cabendo a responsabilidade de conectar os diferentes pontos de vista desta tragédia anunciada a uma personagem não nomeada, a perita, ela própria que confessa ter mais facilidade em afundar os dedos nas feridas e orifícios dos cadáveres do que lidar com a confusão dos vivos. No entanto, outras cenas de violência local e a morte de um antigo amigo fazem com que ela enfrente uma crise existencial. O seu sentimento confuso de ódio e pena diante da mãe assassina, demonstra bem a dificuldade de separar os vilões das vítimas nesta história, principalmente quando Lourença não resiste à tortura dos interrogatórios e tem uma parada cardiorrespiratória na cela.

"Dos três presos nessa maldita ocorrência, a mulher é quem me inspira sentimentos que eu gostaria de soterrar. Quando alguém muito querido morre, é como se não houvesse mais nenhum lugar seguro no mundo. Onde quer que se esteja, ela, a morte, irá buscar você, esmiuçando pistas e sinais de sua presença no mundo, inquirindo presente, passado e futuro, revirando você nas lembranças dos amigos, farejando sua passagem em lugares de afeto, apreendendo o som da sua voz, os cheiros que você exala, o jeito como o seu corpo se enrosca quando dorme ou transa, os intervalos entre a respiração e a risada, as marcas dos seus dedos em papéis, corpos, alimentos, objetos variados. De posse de absolutamente tudo sobre você, a morte enfim acaba te pegando. E é esse o seu encargo e, por mais que ela demore, você sabe que ela nunca deixa sua missão por terminar. Ou, então, a morte é uma semente que nasce dentro da gente e espera o tempo que for, o momento certo, para germinar." (p. 97) - A perita

Sobre a autora: Literatura brasileira contemporânea: Micheliny Verunschk nasceu em 1972, em Pernambuco. Escritora e historiadora, é autora de livros de contos, poesias e romances, incluindo Nossa Teresa: vida e morte de uma santa suicida (Patuá, 2014), ganhador do prêmio São Paulo de Literatura, e O som do rugido da onça (Companhia das Letras, 2021), que conquistou o Jabuti de melhor romance literário em 2022 e o terceiro lugar do prêmio Oceanos.
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Samu 11/01/2024

Uma obra prima contra o fanatismo religioso
EU AMO ESSA TEMA, AMO AMO AMO AMO

A religião sempre foi e continua sendo presente em nossa sociedade, e pra mim, ainda é a forma mais fácil de manipular as massas

Nesse livro temos diversos pontos de vista, da pessoa mais pobre ao prefeito, do terreiro ao templo majestoso, e com todo esse contraste, falas, pensamentos, ações, questionamentos, temos um claro reflexo de como a religião tem SIM um grande poder onde quer que esteja inserida (quando as pessoas deixam se levar por ela)

Algo que foi criado para controlar, manipular e tirar dinheiro, continua até hoje com essa mesma essência, e assim continuará sendo, enquanto seus “fiéis” patrocinadores continuem a acreditar em todas as promessas de cura, milagres e boa ação (sem esquecer que isso vai custar seu livre arbítrio, seus gostos pessoais, um dízimo bem rechonchudo ou até mesmo a sua vida)
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Virginia.Laurindo 10/01/2024

Obra de leitura rápida, mas não tão fácil, uma vez que, em alguns momentos, o enredo parece confuso. Ainda assim, vale a pena dar uma chance.
O tem é profundo e atual. Muitos relatos são chocantes.
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Vanessa 06/01/2024

2º livro da autora q eu leio e acho q ela n é pra mim

achei a leitura muito expositiva (não queria que a autora me narrasse exatamente as explicações e os sentimentos dos personagens e sim demonstrasse isso no enredo), o que me tirava demais da imersão da leitura

acabou que a leitura ficou um pouco confusa e ainda novamente com frases poéticas mal inseridas na narrativa

terminei o livro me importando com ninguém e achando q a autora perdeu mais uma chance de explorar melhor as temáticas sociais do enredo
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Rafa 06/01/2024

A premissa da história é muito interessante e, por si, causa indagações e desperta reflexões ao leitor. Contudo, a leitura não funcionou para mim.

Ao escrever aqui, escuto a autora, numa entrevista no YouTube, mencionando que a história iniciou como um conto, mas foi tomando a forma de uma novela por ser uma narrativa mais encorpada e que exigiu essa extensão.

Isso fez tanto sentido em relação ao que eu senti da história. Confesso que desejei mais da narrativa e, em determinados momentos, me senti confusa com o ritmo que foi ditado. Mas a sensação que fiquei mesmo foi a de que faltou profundidade sobre alguns personagens e histórias. Eu quis mais de tudo!

Há uma cena comovente quase no final da leitura que deixou em mim aquela sensação de pertencimento como mulher, ainda que o motivo disso sejam eventos pesados e doloridos.

Vale dizer que eu gostei muito dessa entrevista que estou assistindo da autora (canal Outro Livro - conversas literárias) e me sinto instigada a ler mais de suas obras, pois não a conhecia até então. Ela deixa claro suas intenções e seus objetivos na sua escrita e isso é muito interessante para mim.

Provavelmente, uma releitura e uma bagagem literária mais significativa no futuro mudem minha perspectiva sobre esse livro.
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leiturasdabiaprado 02/01/2024

Caminhando com os mortos foi o eleito para ser o primeiro livro de 2024, comecei ontem e a história logo me prendeu, pois trata de uma morte/assassinato dentro de um culto religioso como forma de purificação e liberação do demônio do corpo.
Logo depois vem passagens do inquérito policial, o que também prendeu minha atenção!
Mas, do meio para o final o livro se perde, começa uma narrativa muito longa e cansativa sobre outras mortes violentas, abre leques e não fecha o primeiro e nem os demais...
Perde a chance de explorar o fanatismo, de esmiuçar a investigação...
Acho que a autora perdeu o foco e fez a narrativa ficar confusa, mas, mesmo assim trás boas premissas, só lamento que não foram devidamente exploradas!
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Debora.Oliveira 30/12/2023

Caminhando com os mortos traz de forma magistral a intolerância e o fanatismo religioso! Assuntos que me interessam muito!

Com uma escrita poética, Micheliny traz debates de assuntos tão atuais e presentes no nosso dia a dia! O livro logo de início te impacta com o relato de uma autópsia decorrente de um cr!me horrendo! Chocante pensar que extremismos religiosos ainda existem e são tão presentes na sociedade!

Foi uma leitura muito marcante e que me fez refletir demais! Temos diversos relatos e pontos de vistas na narrativa que te fazem sentir desde raiva até compaixão. Simplesmente recomendo demais! 5??

Quotes:

?Disseram-me louca porque me recusei, porque de certo modo parti e, assim, desobedeci e continuo desobedecendo.?

?É com a m0rte de alguém querido que você percebe a m0rte em seu encalço.?

?Só o passado existe e permanece.?
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Joanne.G.P. 03/12/2023

CAMINHO DO BEM
??Caminhando com os mortos é o tipo de livro que a gente devora. O tema principal, que são as consequências de uma religião conservadora numa comunidade, ganha proporções e é também uma exposição corajosa de fatos reais que acontecem e que a grande mídia não mostra.

??Um crime acontece, uma mulher é queimada viva para que o demônio nela seja expulso, mas quem realmente causou isso? É essa a investigação profunda que a autora faz, desde as origens, o que nos faz enxergar esse interior do Brasil invisível.

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??O destaque está nas personagens femininas, mulheres ora frágeis, sobrecarregadas, ora fortes e determinadas em cumprir com suas convicções, ainda que equivocadas. Admirei cada uma delas, mesmo em suas fraquezas e é a beleza do livro, os verdadeiros culpados nunca estão expostos, assim como na vida real.

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??Eu amei a experiência de ler esse livro, e estou muito orgulhosa dos nossos autores nacionais contemporâneos, não somente a Micheliny mas também a Fabiane Guimarães, Jarid Arraes, entre outros, todas eles trazem em seus livros realidades totalmente brasileiras, ainda que ficcional, mas que nos instiga a pensar, discutir, debater e repensar.

??Esse livro vai fazer isso com você, ele vai te conduzir pela mão, vai abrir suas cascas e mostrar todas as feridas e as raízes, é poético, triste, questionador e tão simples como se inicia, ele termina, deixando em nós seu rastro e memória.
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