Caminhando com os mortos

Caminhando com os mortos Micheliny Verunschk




Resenhas - Caminhando com os mortos


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Paulo 15/09/2023

Em "Caminhando com os Mortos", a pernambucana Micheliny Verunschk não parte de um período específico da história do Brasil/colonização nem de eventos reais como no seu anterior ganhador do Jabuti "O Som do Rugido da Onça", embora tenha se inspirado em pelo menos um caso real ligeiramente semelhante, mas Verunschk narra uma história igualmente pesada ou até mais que em "O Som do Rugido..." e também usa de contextos sociais brasileiros que não são nem antigos e nem recentes.

Com o mesmo lirismo que marca "O Som do Rugido...", "Caminhando..." é uma triste e perturbadora narrativa sobre o fanatismo religioso, é menos sobre intolerância religiosa, no sentido de atacar outras crenças, e mais sobre ignorância e sobre os discursos e atos extremos das religiões. Se de início Verunschk vai mais ou menos vagarosamente nos situando numa situação intrigante e misteriosa (de início), mas ainda assim incômoda, ela logo deixa claro que os problemas começam, ou se agravam profundamente, quando certo sacerdote chega na pequena cidade com a nova construção de um certo templo. O que se pensa e o que se comete em nome da religião e dos autodenominados porta-vozes de deuses é atroz e absurdo - tanto na realidade, o que é uma trivialidade, quanto no romance.

Aqui não há o fantástico que existe em "Som do Rugido", não há espécie de redenção, de um finalmente, de um alívio pós vida, tudo é somente trágico e pesado. Na verdade, o fantástico existe no texto da narração, no próprio lirismo da autora e na descrição da percepção psicológica e sensorial dos personagens, a impressão que tive com esse seu novo romance, e que o outro deve ter causado sem eu assim entender, é que as palavras e frases se fundem, uma coisa vira outra nessa fusão, mas não de repente, numa coesão, numa coesão que, soando contraditório, por ser tão poética e subjetiva por vezes acaba ficando muito difícil de compreender, mas que é uma das coisas que marca seu lirismo encantador.
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Maria 19/10/2023

Caminhar com a morte é percorrer a nossa história, costurar pontos diferentes e revelar o que é abafado. Micheliny Verunsk traz sem medo, o que é encoberto pelo discurso religioso cotidianamente, e que nunca se deve esquecer, a religião foi e é peça fundamental nos processos mais violentos da história. Ela cita, intencionalmente, nomes e passagens narrando os resultados do fanatismo religioso, evidenciando como a vida de mulheres são suscetíveis a isso. Como a autora já disse, não é sobre crença e sim a hipocrisia dessas discursos e quem os prega.

O livro se inicia com um crime brutal, percorrendo o caso e sua investigação nos deparamos com mais violências, que não são desconhecidas na vida real. Conforme nos são narrados os acontecimentos, vamos coletando pistas e explorando o ambiente, numa verdadeira caminhada, pra buscar na rotina dos personagens as motivações de um ato tão cruel.

Me encanta a forma que a autora narra a morte incorporada as nossas vidas, aos nossos sentimentos, ao futuro. " É disso que se trata, afinal. De vida e morte."

É um livro curto, mas tão impactando que me fez demorar nessa leitura. Caminhando com os mortos é um livro que conversa diretamente com minhas revoltas e posições. Sem dúvida uma das melhores leituras desse ano e vou sempre carregar comigo parte da dor que as personagens sentiram, que é de todas nós.
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Samu 11/01/2024

Uma obra prima contra o fanatismo religioso
EU AMO ESSA TEMA, AMO AMO AMO AMO

A religião sempre foi e continua sendo presente em nossa sociedade, e pra mim, ainda é a forma mais fácil de manipular as massas

Nesse livro temos diversos pontos de vista, da pessoa mais pobre ao prefeito, do terreiro ao templo majestoso, e com todo esse contraste, falas, pensamentos, ações, questionamentos, temos um claro reflexo de como a religião tem SIM um grande poder onde quer que esteja inserida (quando as pessoas deixam se levar por ela)

Algo que foi criado para controlar, manipular e tirar dinheiro, continua até hoje com essa mesma essência, e assim continuará sendo, enquanto seus “fiéis” patrocinadores continuem a acreditar em todas as promessas de cura, milagres e boa ação (sem esquecer que isso vai custar seu livre arbítrio, seus gostos pessoais, um dízimo bem rechonchudo ou até mesmo a sua vida)
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bewpy 01/11/2023

Micheliny você é perfeita
Eu adoro a forma como Micheliny escreve, ela é uma autora a qual recomendo muito caso você goste da Carla Madeira.
É um livro pesado, com uma crítica social forte e uma escrita fluida e constante, que se você não prestar atenção em uma parte parece que o livro inteiro não faz sentido - essa foi a minha impressão ou eu que sou desligada.
Mas é maravilhoso, incrível como a autora desenvolveu um assunto tão forte e pesado assim de uma forma crua e bonita - pela forma que ela escreve e desenrola tudo.
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Tim 06/11/2023

NÃO FAÇO A MENOR IDEIA ?
Se alguém me perguntar se li esse livro, jamais ousaria dizer que sim. Foi uma leitura prolixa e um tanto confusa, com um fluxo de consciência. Não sei se o motivo sou eu ou se o momento não era apropriado, mas realmente não me envolveu, e terminei sem entender praticamente nada. Por isso, é impossível dar uma nota ou falar sobre o livro.

A história se passa em um local, acredito que seja uma vila, onde há um culto religioso muito intenso. Até que uma pessoa morre queimada, e o livro tenta, em meio à sua confusão, desvendar esses acontecimentos e outros.

É uma história triste, mas real. Enfim, o que posso dizer é isso.
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16/11/2023

Colonização religiosa
Gostei imensamente, me emocionei, aprendi sobre o desenvolvimento e modo de operar das religiões evangélicas. Muito atual. Espero que muitos leiam essa impressionante obra.
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giovi andrade 22/11/2023

Caminhando com os mortos
O livro é impactante, mas muito superficial. As temáticas de fanatismo, misoginia e persuasão de líderes religiosos chamam a atenção. Os discursos e depoimentos dos personagens são impactantes, mas muito rasos.

É desesperador observar o que pensava a família no momento de ?purificação? da filha e doloroso ver a história da mãe, Lourença.

Senti falta de conhecer melhor os personagens, para além das sensações. O que pude capturar da Lourença era o desespero. Do pai, era a vontade de livrar a Lourença do peso da culpa do que aconteceu com as filhas. Do irmão, senti a ausência e inocência em um momento tão caótico.

Só que pouco se desenvolve sobre os personagens. A mistura da narrativa da perita com a da família deixou confusa a leitura, com pouca linearidade.

O desfecho foi raso e confuso para uma história tão profunda.
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Joanne.G.P. 03/12/2023

CAMINHO DO BEM
??Caminhando com os mortos é o tipo de livro que a gente devora. O tema principal, que são as consequências de uma religião conservadora numa comunidade, ganha proporções e é também uma exposição corajosa de fatos reais que acontecem e que a grande mídia não mostra.

??Um crime acontece, uma mulher é queimada viva para que o demônio nela seja expulso, mas quem realmente causou isso? É essa a investigação profunda que a autora faz, desde as origens, o que nos faz enxergar esse interior do Brasil invisível.

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??O destaque está nas personagens femininas, mulheres ora frágeis, sobrecarregadas, ora fortes e determinadas em cumprir com suas convicções, ainda que equivocadas. Admirei cada uma delas, mesmo em suas fraquezas e é a beleza do livro, os verdadeiros culpados nunca estão expostos, assim como na vida real.

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??Eu amei a experiência de ler esse livro, e estou muito orgulhosa dos nossos autores nacionais contemporâneos, não somente a Micheliny mas também a Fabiane Guimarães, Jarid Arraes, entre outros, todas eles trazem em seus livros realidades totalmente brasileiras, ainda que ficcional, mas que nos instiga a pensar, discutir, debater e repensar.

??Esse livro vai fazer isso com você, ele vai te conduzir pela mão, vai abrir suas cascas e mostrar todas as feridas e as raízes, é poético, triste, questionador e tão simples como se inicia, ele termina, deixando em nós seu rastro e memória.
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Debora.Oliveira 30/12/2023

Caminhando com os mortos traz de forma magistral a intolerância e o fanatismo religioso! Assuntos que me interessam muito!

Com uma escrita poética, Micheliny traz debates de assuntos tão atuais e presentes no nosso dia a dia! O livro logo de início te impacta com o relato de uma autópsia decorrente de um cr!me horrendo! Chocante pensar que extremismos religiosos ainda existem e são tão presentes na sociedade!

Foi uma leitura muito marcante e que me fez refletir demais! Temos diversos relatos e pontos de vistas na narrativa que te fazem sentir desde raiva até compaixão. Simplesmente recomendo demais! 5??

Quotes:

?Disseram-me louca porque me recusei, porque de certo modo parti e, assim, desobedeci e continuo desobedecendo.?

?É com a m0rte de alguém querido que você percebe a m0rte em seu encalço.?

?Só o passado existe e permanece.?
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leiturasdabiaprado 02/01/2024

Caminhando com os mortos foi o eleito para ser o primeiro livro de 2024, comecei ontem e a história logo me prendeu, pois trata de uma morte/assassinato dentro de um culto religioso como forma de purificação e liberação do demônio do corpo.
Logo depois vem passagens do inquérito policial, o que também prendeu minha atenção!
Mas, do meio para o final o livro se perde, começa uma narrativa muito longa e cansativa sobre outras mortes violentas, abre leques e não fecha o primeiro e nem os demais...
Perde a chance de explorar o fanatismo, de esmiuçar a investigação...
Acho que a autora perdeu o foco e fez a narrativa ficar confusa, mas, mesmo assim trás boas premissas, só lamento que não foram devidamente exploradas!
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Rafa 06/01/2024

A premissa da história é muito interessante e, por si, causa indagações e desperta reflexões ao leitor. Contudo, a leitura não funcionou para mim.

Ao escrever aqui, escuto a autora, numa entrevista no YouTube, mencionando que a história iniciou como um conto, mas foi tomando a forma de uma novela por ser uma narrativa mais encorpada e que exigiu essa extensão.

Isso fez tanto sentido em relação ao que eu senti da história. Confesso que desejei mais da narrativa e, em determinados momentos, me senti confusa com o ritmo que foi ditado. Mas a sensação que fiquei mesmo foi a de que faltou profundidade sobre alguns personagens e histórias. Eu quis mais de tudo!

Há uma cena comovente quase no final da leitura que deixou em mim aquela sensação de pertencimento como mulher, ainda que o motivo disso sejam eventos pesados e doloridos.

Vale dizer que eu gostei muito dessa entrevista que estou assistindo da autora (canal Outro Livro - conversas literárias) e me sinto instigada a ler mais de suas obras, pois não a conhecia até então. Ela deixa claro suas intenções e seus objetivos na sua escrita e isso é muito interessante para mim.

Provavelmente, uma releitura e uma bagagem literária mais significativa no futuro mudem minha perspectiva sobre esse livro.
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Vanessa 06/01/2024

2º livro da autora q eu leio e acho q ela n é pra mim

achei a leitura muito expositiva (não queria que a autora me narrasse exatamente as explicações e os sentimentos dos personagens e sim demonstrasse isso no enredo), o que me tirava demais da imersão da leitura

acabou que a leitura ficou um pouco confusa e ainda novamente com frases poéticas mal inseridas na narrativa

terminei o livro me importando com ninguém e achando q a autora perdeu mais uma chance de explorar melhor as temáticas sociais do enredo
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adrianlendo 02/06/2023

Estar em uma sociedade inevitavelmente religiosa como a brasileira faz com que muitas coisas passem despercebidas em frente aos nossos olhos. Faz com que a crueldade em nome de um ser maior seja facilmente ignorada e a culpa seja jogada inteiramente na obra de um ser mitológico criado justamente para isso - para não dar a responsabilidade para os verdadeiros culpados.

'Caminhando Com os Mortos', mesmo sendo ficção, serve como uma espécie de denúncia acerca da manipulação religiosa conservadora latente no país.

Enquanto uma onda conservadora cresce, as mulheres queimam, somem, são enterradas no quintal de casa e os verdadeiros culpados pela manipulação que leva a isso nunca são responsabilizados porque existe um ser mitológico que pode levar toda a culpa sempre. É quando essas mulheres queimam que os verdadeiros culpados crescem. É enquanto eles crescem que a busca por uma solução para esses crimes diminuem.

Micheliny Verunschk escreve sobre esse descarte de tudo que não é considerado bem visto pela religião de maneira que transporta o leitor imediatamente para o local e, por mais assustador que isso seja, dá muito certo.

Dá certo porque a raiva que sentimos é pra ser sentida, a indignação, a tristeza, o choque e até mesmo o perdão por tudo que acontece apenas por uma manipulação em momentos de fragilidade é sentido exatamente da maneira e no momento em que é para ser assim

São histórias que se conectam porque uma grande parcela do Brasil - infelizmente - já se viu em uma situação de intolerância e manipulação religiosa que remete àquilo.

'Caminhando Com os Mortos' é um livro para ficar de olho, uma grande peça da literatura que faz tanta coisa em suas menos de 200 páginas que até nos momentos mais monótonos consegue transportar o leitor para a fluidez da sua história mesmo quando o choque é muito grande.
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