Caminhando com os mortos

Caminhando com os mortos Micheliny Verunschk




Resenhas - Caminhando com os mortos


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hy.lancaster 10/09/2023

QUE POTÊNCIA DE NARRATIVA
[CAMINHANDO COM OS MORTOS] [COMPANHIA DAS LETRAS]
[PARCERIA LITERÁRIA] [LITERATURA BRASILEIRA]

“Há muito tempo me chamam de louca e suspeitam de mim e cochicham coisas à minha passagem ou à minha ausência, é preciso que se diga. Alguns me temem (...)”

Caminhando com os Mortos é uma obra imensa e isso não se deve ao fato de sua extensão, breve, para que constem em todas as instâncias, mas porque transborda uma crueza e nudez das expressões da violência humana que perturbam.

Verunschk é abrasiva nessa construção, a gente se perturba, se horroriza e encontra o pior de nós, das nossas vivências e desejos mundanos que expõem e ferem sem temer ao depois. Somos a fragilidade do mundo e o corroemos com nossas voracidades infinitas e transpassadas.

Então, pense: uma mulher é queimada viva pelos pais; a cidade pequena experimenta de muitas ruindades por aquelas bandas, mas depois da chegada de religiosos evangélicos que cativam e manipulam todo o povo, a paz parece surgir outra vez. A tranquilidade experimentada mente aos que dela experimentam possibilidade; mas o que surge com a promessa de uma boa vida cheia dos pretextos de um deus que só atende àqueles que lhe são cópia fiel, torna-se um pesadelo opressor: corte as flores que enfeitam seu jardim,são coisa do diabo, moças devem se comportar como que castas, ter porte e boa postura, não proclamarem palavras profanas e todas as injúrias possíveis que recaem sobre todas aquelas pessoas que seguem as diretrizes religiosas do pastor.

O que começa oprimindo, termina matando; é assim que uma mulher é queimada: com a justificativa da purificação de sua impureza profana.

E dentre todo o sofrimento e o desespero, negociações e entregas, é a reflexão abundante que permeia cada canto a história o que apavora, encanta e choca: a escrita delineada, os contornos intensos de uma narrativa dolorosa, a forma como as palavras juntam suas miudezas para criar a atmosfera que lhe faz querer experimentar até à última gota. É uma composição maravilhosa, densa e que tira o fôlego enquanto você tenta continuar nadando e chegar até o fim, onde os relatos são ainda mais poéticos e fervilhantes.
É uma história fantástica e eu não poderia estar mais agradecida por ler essa narrativa que eu tinha certeza quando bati os olhos, ia ser poderosa e cheia de nuances.

Verunschk, estou francamente ansiosa por ler “O som do rugido da onça” e espero ter essa oportunidade em breve.

Companhia das Letras, que livro espetacular e que trabalho impecável dessa produção.

site: https://www.instagram.com/p/Cw5_OnirICK/?img_index=1
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Egberto Vital 10/09/2023

"Caminhando com os Mortos", de Micheliny Verunschk, é uma narrativa que transcende as fronteiras do entretenimento, mergulhando profundamente nas águas tumultuosas da intolerância e da doutrinação religiosas. Com um enredo visceral, a autora apresenta aos leitores um ambiente aterrador, repleto de suspense e reflexões incisivas.

O livro nos transporta para uma pequena cidade do interior do Brasil, onde um crime chocante se torna o epicentro de uma trama complexa e perturbadora: uma mulher queimada viva em um ritual religioso revela as consequências brutais da intolerância e do fanatismo religiosos que se instalaram na região desde a chegada de uma comunidade evangélica.

O leitor é desafiado a juntar os fragmentos desse quebra-cabeça sombrio, enquanto acompanha uma mulher que busca dar sentido a essa tragédia, ao mesmo tempo em que enfrenta seus próprios traumas e tem de lidar com dinâmicas das ausências que a permeiam.

A escrita de Verunschk é magnífica - isso já sentimos desde "o rugido da onça" -, uma vez que conduz o leitor em uma tecitura de emoções e reflexões. Ela pontua de forma brilhante como o ódio às mulheres e às minorias persiste através dos séculos, particularmente quando se apoia no fervor religioso, aqui a autora oferece uma perspectiva única e dolorosa sobre a destruição de vidas através de costumes e de relações controversas com o divino.

Os comentários de Natalia Borges Polesso e Manuela d?Ávila sublinham a profundidade desta narrativa, destacando como a autora aborda questões de ausência, ocupação e opressão. Além disso, a citação de Bianca Ramoneda enfatiza a capacidade do livro em provocar tensões entre o mundo real e o imaginário, transportando os leitores para um Brasil pouco visível, onde habita uma fera que pode devorar até mesmo seu caçador.

Em "Caminhando com os Mortos", Micheliny Verunschk não apenas nos presenteia com uma história envolventemente aterradora, mas também nos convida a refletir profundamente sobre a intolerância, a doutrinação religiosa e as fraturas deixadas por séculos de opressão.

Esta obra é um testemunho poderoso da força da literatura em explorar temas complexos e atuais, deixando uma marca indelével na experiência do leitor.
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Rafael Moia 04/09/2023

Não sei se leva prêmio
Meu primeiro contato com a autora foi no Prêmio Jabuti 2021, onde ela foi premiada com O som do rugido da onça, no entrando aquele ano de pandemia não li quase nada, incluindo o livro dela. Mas, este ano, tive a oportunidade de ler Caminhando com os mortos e posso dizer que é um bom livro, mas não é uma.leitra fácil. A narrativa metafórica atrapalha o entendimento da narrativa, você vai se dispersar inúmeras vezes. Não se preocupe a autora vai passar duas páginas viajando e nas duas últimas linhas do capitulo, vai entregar o contexto de forma clara, ou seja, não desista da leitura. É um livro para se ler em um dia. E, não, ele não fala mal de crente! Apenas expõe os fatos, e você tira a única conclusão óbvia.
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Lucas Leite 22/07/2023

Retrato da intolerância religiosa no Brasil
Livro difícil de digerir. A construção do Brasil esquecido, à mercê dos interesses políticos regionais, mistura-se com a crescente intolerância religiosa. A ascensão do evangelismo predatório tem ocupado o lugar do Estado, inclusive no monopólio da violência.
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Lucas990 19/07/2023

Um livro poético e perturbador sobre os perigos do fanatismo religioso e suas consequências muitas vezes irreversíveis.
Não quero falar muito sobre a história em si pois acredito que a surpresa (ou o horror) é um elemento crucial nesta leitura. Mas sobre o tema principal fica a reflexão: até que ponto devemos relativizar a intrusão da religião na casa e na vida de pessoas que nem sequer possuem uma religião? E mesmo as que possuem, até que ponto a religião pode ditar como suas vidas devem ser vividas ou ceifadas? O livro escancara uma realidade nada distante do mundo em que vivemos.
Extremamente necessário e obrigatório.
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Matheus656 16/07/2023

Uma pequena cidade no interior do brasil é abalada por um crime chocante: uma mulher é queimada viva em um ritual religioso que visa purificar a vítima e redimi-la. essa violência se tornou frequente desde a chegada de uma comunidade evangélica à região. a história segue uma mulher que tenta desvendar os detalhes desse trágico evento enquanto lida com seus próprios traumas e a falta de um amigo próximo.

já faz um tempo que terminei essa leitura, mas ainda me pego lembrando dos personagens e refletindo sobre essa história. me vêm à mente uma tristeza e uma enorme desolação por saber que os fatos narrados podem facilmente estar acontecendo em algum lugar.

narrativa muito interessante. uma leitura com uma essência extremamente crua, ainda mais por ser narrada por diferentes perspectivas - todas femininas - que compõem a história. é difícil ficar indiferente à experiência de se ler ?caminhando com os mortos?. micheliny verunschk soube escrever um romance forte sobre um tema que precisa ser debatido cada vez mais: fanatismo ideológico e religioso.

o que fica é a reflexão: para mim é impossível conceber uma pessoa que se diz cristã e que agrida a religião ou as escolhas de vida do outro. podemos caminhar juntos com as nossas decisões e com a nossa pluralidade religiosa.

uma história triste e com muitos gatilhos de violência. brutal, intenso, angustiante... diversas emoções em poucas páginas. incômodo e cruel - o horror de uma mulher queimada viva por sua família no interior do brasil: esse é o resumo. ansioso para conhecer outras obras da autora.

quem puder ler, leia!
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Kelly 07/07/2023

Pesado e poético
Um Brasil esquecido e/ou desconhecido por muitos e as consequências do fanatismo religioso e da intolerância, narrados de forma crua, mas poética.
Esse livro me ganhou nas primeiras páginas e o defeito dele é ser curtinho.
Infelizmente, uma trama bem real e muito atual.
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Leandro | @obibliofilo_ 14/06/2023

O SANGUE NAS MÃOS DOS FANÁTICOS RELIGIOSOS
Histórias que envolvem fanatismo religioso sempre são muito difíceis de ler por apresentarem muitas situações absurdas, cruéis. Caminhando com os mortos, novo romance de Micheline Verunschk, não segue um percurso diferente.


Logo no início já é possível se deparar com um crime horrendo: uma mulher é queimada viva em um ritual religioso que busca a purificação da vítima, "endireitá-la" para o caminho do bem.


E é a partir de tal situação inacreditável que tudo se inicia.


Caminhando com os mortos apresenta histórias (sim, mais de uma) e mesmo com um pequeno número de páginas, tudo se desenvolve de forma palpável e assustadora.


Sim, é assustador constatar que tudo o que a autora esmiúça aqui, em seu novo romance, não é de uma realidade distante, de difícil acesso. Infelizmente caminhamos constantemente com a manipulação da grande massa conservadora e religiosa que assola o nosso país, que rejeita tudo que não é benquisto pela religião, sobretudo pessoas.


As minorias são as que mais sofrem com toda essa violência disfarçada de opinião.


E o fanatismo religioso tem sangue em suas mãos.


Por fim, declaro que Caminhando com os mortos é um livro que merece ser lido por todos e todas. É curto, mas impacta de muitas formas, principalmente pelo constante desconforto e tristeza que o enredo evoca. A escrita de Verunschk é envolvente, poética e sucinta. Recomendo sem receio.
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Igor.Banin 06/06/2023

Bom
Bom título para quem busca um mergulho e estudo de personagem. Parece que faltou fôlego para continuar e não sei se curti o final, mas vale a leitura.
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Aline.Guimaraes 03/06/2023

Impactante!
Nesta semana participei da ?????? ?? ??????? promovida pela Companhia das Letras, um encontro virtual de criadores de conteúdo com a premiada escritora ????????? ?????????, para conversar sobre seu lançamento ?????????? ??? ?? ??????.

A obra é altamente impactante: logo nas primeiras páginas já sabemos de um acontecimento terrível ? uma jovem é queimada viva em um ritual religioso de purificação em uma pequena cidade no interior do Brasil. Mas o fato, infelizmente, não é um caso isolado. Sabemos que ao longo da história as mulheres são punidas por motivos diversos ? a caça às bruxas ainda é real.
A ficção criada por Micheliny tem várias histórias dentro de uma. A autora nos contou no encontro que gosta dessa ideia de uma ??????????? ? sabe aquelas bonequinhas russas que saem uma de dentro da outra? É o que acontece aqui: uma história dentro da outra.

Sobre esta questão específica gostaria de compartilhar com vocês a minha experiência de leitura. Logo de início já me apeguei a Celeste e Lourença, mãe e filha que estão no centro desta tragédia ? a filha é a jovem queimada viva.

Mas esta não foi a única catástrofe na vida das duas e me compadeci imediatamente desta mãe que desde cedo na vida aprendeu que deveria cuidar dos irmãos menores e que também ensinou à filha mais velha que essa era a sua responsabilidade ? são pequenas mamães sempre prontas a servir à família. Uma filosofia que é replicada desde sempre e que persiste mesmo atualmente.

Alguns detalhes da história das duas me comoveram muito e quando o foco da narrativa passa a ser outro, eu senti que me desconectei da história, que ela havia perdido a força para mim, pois eu queria saber mais da vida de Celeste e Lourença. O que não quer dizer que não gostei do restante ? que também tem o seu impacto.

Há muito ainda a ser dito sobre ?????????? ??? ?? ?????? e há muitos pontos de reflexão, mas o espaço aqui é pequeno. Por isso, faço um convite para que leiam o livro!
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Adriana Scarpin 02/06/2023

Mais uma pedrada da Micheliny. Que livro! Li numa sentada, aos mesmo tempo envolvente pela escrita poética, é proporcional pelo horror que ele emana.
Ele trata de assuntos que não devemos deixar morrer em nossos discursos do dia a dia, o fanatismo religioso que tanto tem culpa em crimes de feminicidio, homofobia e transfobia.
Quando um acéfalo como o Deltan Dallagnol vai notar que ter um discurso de que mulher deve ser submissa ao homem porque "tá na bíblia" leva milhares delas à morte? Há sangue nas mãos de cada religioso que replica o discurso misógino das igrejas neopentecostais.
Esse livro é uma bomba porque mexe e remexe em feridas há muito abertas e que sangram todo dia, não exageraria se dissesse que a Onça já está com outro Jabuti em mãos.
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adrianlendo 02/06/2023

Estar em uma sociedade inevitavelmente religiosa como a brasileira faz com que muitas coisas passem despercebidas em frente aos nossos olhos. Faz com que a crueldade em nome de um ser maior seja facilmente ignorada e a culpa seja jogada inteiramente na obra de um ser mitológico criado justamente para isso - para não dar a responsabilidade para os verdadeiros culpados.

'Caminhando Com os Mortos', mesmo sendo ficção, serve como uma espécie de denúncia acerca da manipulação religiosa conservadora latente no país.

Enquanto uma onda conservadora cresce, as mulheres queimam, somem, são enterradas no quintal de casa e os verdadeiros culpados pela manipulação que leva a isso nunca são responsabilizados porque existe um ser mitológico que pode levar toda a culpa sempre. É quando essas mulheres queimam que os verdadeiros culpados crescem. É enquanto eles crescem que a busca por uma solução para esses crimes diminuem.

Micheliny Verunschk escreve sobre esse descarte de tudo que não é considerado bem visto pela religião de maneira que transporta o leitor imediatamente para o local e, por mais assustador que isso seja, dá muito certo.

Dá certo porque a raiva que sentimos é pra ser sentida, a indignação, a tristeza, o choque e até mesmo o perdão por tudo que acontece apenas por uma manipulação em momentos de fragilidade é sentido exatamente da maneira e no momento em que é para ser assim

São histórias que se conectam porque uma grande parcela do Brasil - infelizmente - já se viu em uma situação de intolerância e manipulação religiosa que remete àquilo.

'Caminhando Com os Mortos' é um livro para ficar de olho, uma grande peça da literatura que faz tanta coisa em suas menos de 200 páginas que até nos momentos mais monótonos consegue transportar o leitor para a fluidez da sua história mesmo quando o choque é muito grande.
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