Gabriel 22/07/2023
Um estado de anomia é impossível...
Ler o 6° livro dessa saga é esperar algumas convenções que já se estabilizaram ao longo dos livros: é certeza que a gente vai encontrar casos paralelos ao caso principal, Strike em um relacionamento e se arrependendo disso, Robin entrando em conflitos com o sentimento em relação a Strike (e vice-versa), suspeitos, Charlotte apurrinhando a vida de Strike, descrições longas de vários lugares de Londres, Robin se disfarçando para conseguir pistas, o passado de Cormoram, a luta dele devido a sua condição com uma perna amputada e assim vai. Eu me pergunto como que pode estarmos no 6° livro e a narrativa ainda conseguir se manter muito interesse e envolvente?
Eu estava muito ansioso pra ler esse livro porque o anterior, pra mim, elevou e muito o nível da saga e eu queria saber como ia ser o depois daquilo tudo, principalmente se tratando da relação entre Strike e Robin. Não me decepcionei. Vai fazer 2 anos que eu li o anterior e esperei ansiosamente por esse e, lendo, percebi que já me acostumei com as convenções citadas e, de certa forma, fiquei com saudades de ler um caso novo nesse mundo do Cormoram. Me diverti tanto no começo desse livro com a contextualização de como as coisas estavam e só reforcei um sentimento de que eu sou apegadissimo com os personagens dessa saga.
Quanto ao caso, adorei a atualidade dele. Discutir questões de fanatismo x o crescimento de grupos de direita em redes sociais foi um grande acerto e, assim como o caso anterior, sinto uma ousadia muito grande nos temas tratados. É incrível de observar o quão grandiosa essa saga está se tornando porque é de se pensar que, em uma saga que está indo pro sétimo livro, houvesse uma desgaste de história, mas pra mim os atuais estão muito mais interessantes que os primeiros. É notável um amadurecimento na forma de escrever a história.
Vi muitas críticas a esse livro em relação ao foco nos chats/prints de Twitter. Comigo não incomodou e eu adorei, gostei muito da dinâmica do assassino ser uma figura anônima e todos os outros que interagiam diretamente com ele. Por ser um ambiente que tenho contato, vi muito da nossa realidade ali e os perigos também. A crítica que eu faço é que, igual a história anterior, o caso acaba tendo um número muito grande de suspeitos e, as vezes, acaba sendo tantos detalhes pra se guardar que você pode se confundir ou esquecer, mas nada que várias releituras não ajudem.
Gostei da revelação do assassino. Gostaria que o pós-revelação fosse mais explorado em relação a ligar o assassino com a jornada de investigação que eles tiveram. Os detalhes e a relação com os outros suspeitos.
O slow-burn da relação entre Strike e Robin ainda vai me dar um ataque no coração, de verdade. O dia que eles admitirem um pro outro o que sentem, vou surtar.
Eu amo essa saga de verdade, que venha The Running Grave!