Beatriz Kath 14/01/2024
Como se Fôssemos Vilões
"Tendo apenas metade do talento de qualquer um deles, eu parecia destinado a sempre servir de coadjuvante na história de outra pessoa. Vezes demais me perguntei se a arte imitava a vida, ou se era o contrário."
Amei tudo a respeito da atmosfera desse livro - o ambiente de uma universidade de Artes; o local isolado e de aspecto antigo, semelhante a um castelo; a sensação de mistério constante; as emoções afloradas de estudantes de teatro...
Gosto bastante de histórias que exploram sentimentos como inveja, ciúme e competição entre amigos, irmãos ou grupos de personagens com algum outro tipo de relação consideravelmente próxima.
Acho essa dinâmica muito interessante porque - em algum momento - todo mundo acaba discordando, se irritando ou até mesmo brigando com pessoas que gostamos, e isso é diferente de quando sentimos tais sentimentos por pessoas menos "importantes" para nós, ou menos presentes em nossas vidas.
Então, quando você se irrita ou se incomoda de alguma forma com alguém que você gosta, acredito que o impacto emocional sempre acaba sendo maior.
Acho que essa premissa já é uma das melhores partes da história - além da escrita poética e bastante melancólica da autora, que particularmente me agradou muito.
O único ponto negativo do livro, para mim, foi o aprofundamento inexistente nos pensamentos e motivações por trás das atitudes do Richard. Eu gostaria de entender melhor o que estava acontecendo com ele porque, da forma como foi mostrado, ele ficou parecendo nada além de um personagem bastante raso.
É verdade que os outros também não são os personagens mais aprofundados do mundo, mas em comparação a eles, o Richard parece bem defasado e menos complexo.