Nancy 18/09/2023
2! 3! Hello, we are BTS
Antes de começar a resenha, acho importante ressaltar que os pontos que eu pretendo aqui ressaltar são referentes ao livro e não ao BTS. Inclusive, acho que vale até a pena rever alguns pontos da minha história com o BTS, porque, eu mesma, sou uma grande fã, antes de discutir sobre o livro.
Minhas primeiras experiências com kpop foram em 2014, mas a minha história com o BTS começa ainda no início de 2018, quando eles estavam na época de promoção de DNA e, depois disso, foi inevitável virar fã. Em 2019, fiz a minha primeira viagem para SP sem os meus pais (fui eu e uma grande amiga minha) só para ir ao show da tour 'LOVE YOURSELF: SPEAK YOURSELF' e falo até hoje que esse foi um dos melhores momentos da minha vida. Chorei quando entrei no estádio, chorei quando os meninos cantaram The Truth Untold (Jungkook chorou durante a apresentação; ele é o meu ultt, então é claro que eu caí em prantos) e chorei de felicidade quando o show acabou, pois eu estava absurdamente feliz. A vida adulta vem batendo na porta, fica difícil ficar acompanhando e dedicar boa parte do seu dia para acompanhar os grupos que eu sou fã, especialmente depois que a pandemia acabou e parece que a gente ficou com a agenda 100% lotada de coisas para fazer para compensar os "anos perdidos". Fiquei frustrada de ver o BTS se tornando um grupo que parecia mais focado em atingir o mercado estadunidense e perdendo um pouco aquilo que eles haviam lutado tanto nos últimos anos; tipo, eles já estavam com um público que lota estádios em ao redor do mundo em poucos minutos e conseguiram fazer isso com músicas em coreano - isso é algo ENORME e que os destacava do resto dos demais artistas que estavam em alta no mercado fonográfico. E digo mais: o mercado da música é xenofóbico e não importa o tanto que o BTS consiga atingir os maiores topos da indústria, ela ainda vai tentar manter portas fechadas para eles (olha o Grammy, que preferiu criar um Grammy Latino do que colocar artistas latinos para concorrer pau a pau com os artistas de língua inglesa), mas, ainda assim, o grupo atingiu patamares inigualáveis. Então, para que ficar correndo atrás de um mercado que pode largá-los a qualquer momento? Enfim, isso é algo que me frustrou muito ao longo dos últimos anos e usei aqui para desabafar k (Jamais contem comigo para ser aquele tipo de fã que ama de olhos vendados) mas, mesmo com essas frustrações, o amor ao grupo continuou e me encontro aqui até hoje.
Enfim, agora que já consegui mostrar a minha "carteirinha de Army", acho que consigo entrar no livro.
Ah, também não vou entrar em algumas coisas que os meninos falaram ao longo do livro, porque não acho que caiba a mim fazer juízo de valor de algumas coisas. Queria sinceridade e eles foram, mesmo que algumas coisas me deixaram levemente decepcionadas. Até mesmo por uma questão de responsabilidade, porque o BTS conhece os fãs que tem.
Para começar, Beyond The Story não é um livro que vai apresentar coisas novas a quem já é velho de fandom, mas acredito que ainda vale a pena, pois a gente tem a oportunidade de saber um pouco sobre a experiências, vivências e até aprendizados dos meninos em cada era. Entretanto, não vai ser algo tão revelador, por exemplo, quando o grupo passou pela crise de 2018, esse é um tópico muito citado, que os meninos ao se endereçarem sobre, eles fazem de uma forma "levemente" superficial, não sendo de uma forma que você vai sair totalmente inteirado sobre o que aconteceu. Esse é um ponto controverso, porque, ao mesmo tempo que é direito deles querer manter determinados pontos da vida particulares, acho que quando você aceita escrever uma biografia, é necessário ter consciência que isso significa que todos os leitores ficam na expectativa de conhecerem mais ainda sobre o biografado, e, para ser sincera, eu sinto que quase tudo que foi citado no livro já era de conhecimento público. Não passa tanto a ideia de biografia (tanto que a gente não sabe quase nada sobre a vida de cada um antes de chegar no dormitório?), mas sim um livro de conquistas e crescimento dos 7, mas como membros do BTS; não é atoa que praticamente quase todos os momentos que são discutidos ao longo do livro possuem algum vídeo.
Agora, sobre o livro físico. Odiei o papel e a formatação. É um livro desnecessariamente pesado e que mais parece uma revista do que um livro. Não sei se tudo isso foi ideia da Galera Record ou se eles só pegaram igual foi o livro original, mas, independente de quem teve a ideia, foi uma ideia idiota. É um livro pesado e acredito que muito disso seja em razão da folha escolhida. Para mim, o ideal seria ter feito igual a autobiografia da Rita Lee: as páginas com texto ficam naquele papel meio amarelado e as páginas com fotos ficam com esse papel branco de fotografia. E mais, o espaçamento é ridículo, porque tem um tanto de borda vazia que dava para ocupar com texto e, assim, tirar algumas folhas de papel do livro. Parece que até quem fez isso teve essa ideia justamente para conseguir colocar uns papeis a mais e, assim, ter uma desculpa para colocar um preço caro (vamos ser sinceros, 160 reais em um livro com um espaçamento grande e com folga é de de deixar qualquer com raiva). A título de comparação, eu comprei "A Hora das Bruxas", que tem quase mil páginas, letra pequena e espaçamento apertado e ainda assim saiu mais barato - na Amazon, ta quase metade do preço do livro do BTS.
Último ponto, Myeongseok Kang. Sobre a escrita dele, eu achei muito fluída, simples e adorei que ele decidiu ir colocando as próprias falas dos membros do que parafrasear e deixar um texto corrido, porque passou uma ideia de proximidade maior entre o leitor e o BTS, mesmo que eles tenham apenas feito uma entrevista com o autor e não sentado e escrito o livro eles mesmos. Mas também não dá para negar que houveram momentos maçantes e repetitivos (não sei quantas vezes ele citou a apresentação de Fake Love na Billboard). O último capítulo é uma zona, porque, diferente dos anteriores em que o autor segue a linha cronológica, ele fica fazendo costuras entre o que aconteceu em 2021, ai depois ele volta para o início da pandemia, ai depois ele cita o Grammy, mas depois comenta sobre o lançamento de BE (não foi exatamente assim, mas é só para dar um exemplo). Também não gostei como o autor faz algumas comparações meio gratuitas com o EXO (e sim, eu sou multistan e sinto muito se você não é, pois a vida é muito curta para não aproveita o gênero do kpop como um todo) ou até mesmo com o Winner só para fomentar briguinha de fandom. Sim, esses são grupos que saíram na mesma época que o BTS, só que vieram da BIG3 e, por isso, realmente tiveram um benefício de debutar já com um certo status privilegiado, mas também não dá para tirar alguns méritos que cada grupo conquistou (para quem é de fora, eu recomendo procurar o Killing Voice do Exo para mostrar o tanto que o grupo é gigantesco em questão de vocal e isso é uma característica deles que não dá para negar), assim como também o BTS não veio de uma dessas empresas que é fundo de quintal; claro, a BH tinha falhado no último girl group, mas eles tinham o 2AM, que não é coisa pequena. Dá para valorizar as conquistas do BTS sem precisar ficar citando outros grupos - com exceção do Bobby. Tipo, ou cita a indústria como um todo ou não cita nenhum. As vezes eu me pergunto se o próprio BTS leu o livro e aprovou, porque tem coisas que são tão ???? que me fazem ter essa dúvida.
Tirando esses pontos levantados, como fã, foi uma ótima experiência e não me arrependo da leitura, apesar de não ter atingido as minhas expectativas, considerando que é um livro para comemorar os 10 anos do grupo. Sinto que pude revisitar alguns ótimos momentos da minha vida que passei com o BTS como música de fundo e tudo isso contribuiu até para me fazer amar esse grupo mais ainda.