anna v. 08/08/2023
Bom, mas desapontou no final
Descobri a Allende há relativamente pouco tempo. Me encantei por LONGA PÉTALA DE MAR, e mais ainda pelo incrível VIOLETA. Corri para ler esse novo lançamento. E de fato gostei bastante das histórias de Samuel Adler, judeu austríaco que foi enviado pela mãe aos 5 anos de idade para a Inglaterra no "trem das crianças" (sem parentes acompanhando, apenas a instituição que colocava as crianças com famílias voluntárias, num dos maiores dramas coletivos que eu consigo imagina) e de Anita Díaz, salvadorenha de 7 anos que é brutalmente separada da mãe pelos serviços de imigração dos Estados Unidos. São duas histórias de extrema violência (física também, mas especialmente emocional) com crianças que a autora costurou com muita habilidade, chamando atenção para o desastre humanitário que ocorre hoje na América Central.
Mas de alguma forma, não achei plenamente satisfatório, especialmente o terço final. Faltou um clímax, na minha opinião, para um fechamento mais a contento. Além disso, as histórias de Selena e Frank (a assistente social e o advogado que ajudam Anita) me pareceram meros artifícios para viabilizar a narrativa. Não consegui me conectar com a história deles. A de Letícia, parente distante de Anita, que foge de El Salvador nos anos 80, me pareceu muito mais emocionante e bem contada.
Enfim, um livro muito bom, mas não tanto quanto os dois anteriores.
Obs: quando li a sinopse, achei que o Adler da história fosse o Adolf Adler, o psicólogo austríaco. Mas na verdade ele era uma geração mais velho que o Samuel Adler - que é um músico e compositor real. No entanto, segundo a internet, Adolf Adler tinha um irmão chamado Rudolf Adler, que, no livro de Allende, é o nome do pai de Samuel Adler. Será o psicólogo tio do maestro?! Cartas para a redação!