Beta 11/12/2023
Uma obra sobre ser quem é: do interior ao exterior
Li, de uma vez — numa madrugada, mesmo —, o livro de estreia do Pedro Pacífico, “Trinta segundos sem pensar no medo”: um livro sobre o poder da literatura, sobre ser você mesmo e sobre a descoberta da sexualidade; mais do que isso: sobre saber se respeitar, sobre saber ser quem você é.
esse livro foi, certamente, uma descoberta para mim: palavras que, cálidas, permanecerão em mim, no meu coração, pela vida inteira. por mais que eu não seja gay — e esse é o termo que o autor usa —, me interesso pela temática. gosto de entender como é o processo de “sair do armário”, de “se aceitar”. esse ano, li vários livros cuja temática alternativa estava em voga: Riordan e Lippincott, na sequência, tiraram o meu fôlego com “O Sol e a Estrela”, “Ela fica com a garota”, “A lista da sorte” e “Orgulho, preconceito e nós duas”. vi também diversos filmes… e acho que ter empatia, aceitar as pessoas como elas verdadeiramente são é o que nos torna diferente de quem criticamos: humanos.
além de tratar, amplamente, sobre a questão da sua sexualidade, o autor escreve, em paralelo, acerca do poder da literatura: e de como isso cresceu e ganhou força, durante a vida dele: ele dá, ainda, dicas de como desenvolver o hábito de leitura: de como, aos poucos, tornar-se um leitor voraz, ainda que os pais não o sejam. Pedro Pacífico entende que nós, a casca e a alma, somos um só: e por isso, livro e quem somos, devem ser tratados com o mesmo amor; é por isso que, em seu livro, os capítulos são claramente alternados entre sexualidade, ele próprio e os livros: sobre a diferença que a literatura pode fazer na vida das pessoas.
fazer terapia e tomar muitos remédios foi importante para o processo de aceitação do autor, mas, sem dúvida, compreender-se a si próprio foi o mais difícil. não temos que ter medo de quem somos: e é essa a lição do livro de Bookster.
Pedro Pacífico foi certeiro na sua obra, na sua escrita e em suas colocações. é, sim, uma obra leve, mas importante àqueles que ainda não entenderam que são.