Resenhas - Memphis

Eyre.Leone 25/09/2023

?A maternidade é uma âncora. Ela me devorou por completo?
?Memphis é o romance de estreia de Tara M. Stringfellow e o escolhido para a curadoria de junho da @tag. O livro conta a história de três gerações de mulheres negras da família North.

?A história começa com Miriam, em 1995, que foge com suas filhas do marido violento rumo à Memphis, sua cidade natal. Memphis é uma cidade do sul dos EUA, e foi palco do movimento negro em 1950-70, no contexto da segregação racial que imperou no país. Ao retornar à Memphis, Miriam vai morar na casa de sua mãe, Hazel, falecida há 10 anos. Ao chegar lá, reencontra sua irmã, August, e seu sobrinho, Derek, que moram na casa. Esse reencontro é marcado por alegrias e tensões. Traumas gerados no passado, naquela mesma casa, vêm à tona. Agora, todas terão que conviver juntas, em busca de uma felicidade que nem sabem se é possível para alguém como elas, mulheres negras, pobres e independentes vivendo no sul dos EUA.

?Com uma narrativa não linear, o livro vai e volta entre 1930-2003, onde podemos acompanhar outras situações vivenciadas por Hazel, Miriam, August e Joan ao longo dos anos. Essas fortes mulheres são protagonistas das suas próprias histórias. Eu amei-as a cada página e admirei tudo o que elas permitiram florescer em meio a dor. Hazel como ativista dos direitos civis. Joan como desenhista. August como cabeleireira e dona de uma bela voz. Miriam como estudante de enfermagem.

?A escrita de Tara é caprichada e com um alto nível de lirismo (a autora também é poeta). É também uma leitura extremamente imersiva, por sua narrativa cativante e única.

?Um detalhe digno de nota é o amor ao corpo negro presente na obra. Em vários momentos do livro, Tara usa Joan, que capta o mundo de uma maneira mais sensível por ser desenhista, para admirar e exaltar o corpo negro. ?E ela era uma visão. Sua pele tinha a cor da noite. Eu imaginava desenhá-la. Queria colocá-la no papel. Uma prova da beleza negra. Queria que o mundo a visse e se envergonhasse?. É encantador. Memphis é um convite para falar sobre mulheres fantásticas, maternidade, racismo, e a beleza de um corpo escuro como a noite e radiante como as estrelas.

Victor Vale 23/09/2023

A estrutura da desigualdade escancarada. A mulher preta desprestigiada em oportunidade tem os sonhos esmagados por duas gerações. Tanto talento que não foi reconhecido. A família desintegrada por racismo, seja ele direto ou estrutural. Seja por crimes a favor ou contra o estado. Mulheres que apesar das agruras mantem-se firmes, lágrimas rolam, mas continuam para frente. É seguir ou morrer, não tem o privilégio da tristeza derrota.

Polly 10/09/2023

Memphis: minha primeira experiência com a TAG (#190)
[Essa impressão literária vai fazer mais sentido se você já tiver lido o livro. TEM SPOILERS]

Memphis foi minha primeira experiência com a TAG e posso dizer que começamos com o pé direito (embora, eu tenha ressalvas com o desfecho do livro). A leitura de Memphis é agradável, a escrita da Stringfellow é quase poética, a história dessas gerações de mulheres é envolvente e você lê capítulos a fio sem nem perceber o tanto de páginas que ficou para trás.

A história é pesada, cheia de violência, mas o sentimento de esperança é algo presente em toda a narrativa, então, os pratinhos ficam todos bem equilibrados. Uma das coisas que mais me conquistou no livro foi a presença - tão presente - da arte na vida da protagonista. Joan respira arte, e foi a arte que a manteve viva mesmo após sofrer tudo o que sofreu, mesmo carregando o trauma que ela carrega.

Mas, tenho algumas ressalvas quanto ao final do livro. Entendo que Derek é também vítima, mas nada nesse mundo justifica ou apaga que ele foi algoz na vida da Joan. O que me incomoda não é o perdão, mas sim esse compromisso de manter empatia e, de certa forma, contato contínuo com seu agressor. É, no mínimo, problemático esse final.

Outra coisa que eu queria destacar é que, ao ler Memphis, eu tive a impressão de já ter “lido” a autora, embora esse seja o único e estreante romance da Tara M. Stringfellow. O quê da questão é que os romances contemporâneos estadunidenses são sempre bem parecidos na narrativa. Não falo do enredo em si, mas da voz que nos conta a história. Não existe uma voz única, um estilo para cada um deles. Parecem escritos todos pela mesma pessoa. Arrisco a falar que isso se deve ao alto grau de especialização da escrita que se tem por lá. Muitas vezes um romance é um trabalho de conclusão de curso, e acredito que isso uniformiza os textos, pois todo mundo desenvolve a mesma técnica. A pergunta que fica é: o quanto a gente ganha e o quanto a gente perde “profissionalizando” a coisa? Se por um lado você tem textos impecáveis e fluídos, por outro a gente perde um pouco a originalidade da coisa. Que é que vocês acham?

Enfim, embora eu não goste tanto assim do final do livro, só o seu desenvolvimento vale a experiência. E já espero um novo romance da Stringfellow, com certeza.

nico 08/09/2023

Livro simplesmente incrivel
Uma das melhores leituras que fiz esse ano com certeza.

adoro como a história é contada de maneira desestruturada mas mantendo-se fluida e contínua, assim como acontece na vida real.

Andreza 05/09/2023

Que livro maravilhoso, daqueles que fico triste de ter chegado ao fim. A história de uma família de mulheres negras, contado de uma maneira não linear. Muito profundo.

Barbara 03/09/2023

Suuuuper problemático
Mano a menina é estuprada e chega a conclusão que não precisa mais ter raiva do cara pq ele estar preso é pior do que o que ela passou, simples assim. Ela perdoa ele do nada. Não tem desenvolvimento. Naaaaooo, sério! Até quando vai rolar essas passadas de pano peloamordadeusa

Nath Mel 30/08/2023

Traumas familiares
O livro explora as dificuldades sociais, raciais e familiares de três gerações de mulheres em Memphis. Mulheres fortes que devem lidar com temas difíceis de superar e se renovar diante deles, afim de alcançar seus sonhos.
A autora abordou diversos temas delicados e violentos, por explorar vários temas, deixou tudo na superficialidade. A superficialidade dessas nuances, estupro de menor, violência da mulher, abuso infantil e assassinato, deixou muito a desejar.
Mesmo assim é um livro que nos prende, a contextualização histórica das lutas dos pretos americanos cronologicamente foi muito interessante. Mas nada inovador.

luizagross 26/08/2023

Livro de estreia da autora, aborda três gerações de mulheres negras de Memphis, em diversos momentos de suas vidas. Cada capítulo traz a perspectiva de uma delas em um ano distinto e de forma não linear, o que traz diferentes pontos de vistas para a mesma situação.
O livro retrata o machismo e, principalmente, o racismo sofrido por todas elas. Esses temas tão duros são trazidos por uma escrita lírica (a autora também é poeta) que faz o livro ser emocionante.

Lucy 26/08/2023

A escrita é de estilo moderno, com a visão de diversos personagens. São histórias poéticas de luta, perdas e recuperações.

Monique | @moniqueeoslivros 25/08/2023

Memphis
{Leitura 19/2023 - ?? Estados Unidos}
Memphis - Tara M. Stringfellow
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Nossa casa é ? supostamente ? nosso refúgio. Uma casa pode abrigar em si histórias, memórias e segredos, às vezes até como extensão de nós mesmos. Além disso, uma casa é o lugar onde pessoas compartilham suas vidas e formam famílias, transformando paredes em lar.
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A história de três gerações de mulheres que vivem em uma mesma casa é o tema do livro Memphis, romance de estreia da norte-americana Tara M. Stringfellow, lançado em 2022. A narrativa dá voz às mulheres afro-americanas da família North, começando com Hazel, em 1937, cujo marido constrói a casa, passando pelas filhas Mirian e August, e chegando à filha de Mirian, Joan, em 2003.
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Com capítulos que vão e vem no tempo, somos levados a conhecer episódios das vidas dessas personagens, transcorridos sempre ali, na casa de portas amarelas. Há acontecimentos bem delicados, como a violência que Joan sofre ainda criança, e há também fatos históricos que atravessam a narrativa, como o assassinato de Martin Luther King (ocorrido em Memphis), e a queda das Torres Gêmeas.
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É importante perceber que o romance dá foco total para as mulheres, e tudo é contado a partir da perspectiva delas. Os personagens homens da história permanecem em segundo plano, não importa a geração. Um exemplo disso é quando Joan (que deseja ser artista plástica) tem a ideia de pintar as mulheres da família, para seu portfólio. É de fortaleza feminina que o livro é feito.
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E apesar de levar o nome da cidade em que a trama se passa, é a casa que salta aos olhos. Ela é uma espécie de personagem. São as paredes da casa que abraçam essas mulheres e suas histórias. E seus sonhos, para além das gerações.

Madame Marisa 23/08/2023

Forte, pesado, triste e ao mesmo tempo necessário. Livros com tematicas raviais sempre me pegam de maneira negativa e eu sempre evito le-los, porém Memphis me agradou muito, ao mesmo tempo que tocou em feridas que permanecem e seguirão assim, abertas. Uma história que mostra com maestria a história dessas mulheres tão fortes que se protegem e são a força uma das outras.

GIZ 23/08/2023

Livro para pensar e repensar questões sobre racismo e a solidão da mulher negra. Memphis é um livro recheado de dores, amores e dissabores. Vale a pena ler.

Maria Camila 23/08/2023

Maravilhoso
Romance de estreia da norte-americana, Tara M. Stringfellow, foi lançado em 2022 e a @taglivros trouxe essa edição linda na caixinha de Julho!

Um romance que conta a história de 3 gerações de mulheres que sofreram preconceitos, abusos e violência, mas apesar de tudo não deixaram de demonstrar a força, a garra, a perseverança em levar um futuro digno para sua filhas!

O livro é contado a partir da perspectiva de Joan, última filha da geração da família North, que mesmo sendo criança não deixou de passar por provações e violência.
Mas isso não deixou de fazer com que ela se encontrasse na pintura, um dom, herdado do seu avô, Myriam. Um homem apaixonado, que construiu a casa onde elas foram morar, após mais um episódio de violência do seu pai contra sua mãe, Miriam!

Um livro tão sensível, ao mesmo tempo tão forte, contado de uma forma que podemos sentir toda a emoção da trajetória dessas guerreiras!

A escrita de @tara é fluida, fácil e muito emocionante!
Esse livro me fez derramar muitas lágrimas em cada momento de dor, mas me fez vibrar a cada volta por cima que essas 5 mulheres foram capazes de dar na vida!

Talita 20/08/2023

Que livro maravilhoso! Que narrativa fluida e necessária. A Tag Curadoria arrasou, queria ter lido este livro antes.

Clarissa 19/08/2023

De que são feitas mulheres negras?
Comecei a leitura com muitas expectativas, eu particularmente amo histórias que atravessam gerações. A Memphis foi muito especial, me atingiu em vários sentidos e lugares. A estratégias autora em ir costurando a história, assim como suas personagens costuram colchas de tecido e afeto, é esplendorosa e, na maioria das vezes, perfeitamente executada. Ela nos instiga a cada capítulo com informações que aos poucos nos são reveladas. Em poucos momentos achei a estratégia forcada, no geral, fui surpreenda com a chegada da informação em meio a um relato e ou diálogo.
Em alguns momentos, as mazelas me pegam, me levam a perguntar, será que precisava? Será? Elas não merecem tanta dor. Porém, essas mazelas são bem equilibradas com momentos de alegria e afeto. Trazem um contexto histórico para a vivência do homem negro e, também, os complexifica. Nos faz pensar em como são forjados em uma sociedade que os querem mortos. Os homens aqui também são retratados do forma positiva através, nos apresentando possibilidades da experiência do homem negro.
Todas as mulheres aqui são apaixonantes, elas são um conjunto diverso e do que pode vir a ser vivências de mulheres negras, e, além de diversas. Nos fazem pensar em outras possibilidades, nos complexifica. Estou completamente entorpecida pelo livro, lindo, sincero e apaixonante.