Daiana59 12/07/2023
A maldade pura
.... mas não simples
O autor claramente tem opiniões muito fortes sobre "nascer mau" e isso está muito presente ao longo do livro. O tempo todo ele destaca o quanto os personagens (que são crianças) são completamente obcecados por tortura, práticas masoquistas e estupro; e mesmo vindo de famílias ricas e aparentemente normais e amorosas, há algo dentro dessas crianças além do certo e errado.
Mas o que mais tive problemas com o livro foi o excesso de pensamentos difusos de Bárbara, não me entendam mal, acho muito necessário haver essa visão de seus pensamentos para que assim possamos criar uma conexão e uma empatia por ela, porém não acho que o autor conseguiu transmitir isso. Se você é um ser humano, vai conseguir sentir empatia por ela e óbvio que vai torcer para que aquela pessoa saia daquela situação, mas se você for só pelas coisas que o autor escreve esperando que lendo você sinta empatia, não vai conseguir. Bárbara é uma pessoa chata. Simples assim.
Ter a visão de cada criança é interessante, porque afinal você quer entender o que levou elas a fazerem tal ato. Mas depois das apresentações de pensamentos tudo se torna repetitivo e cansativo. Um gosta de tortura e só pensa nisso, outro de estupro, uma é psicopata e outros estão ali só pra pagarem de garotos maus, rebeldes sem causa. Mas tudo é MUITO repetitivo!! E tudo fica por isso, não há explicação mais aprofundada dos porquês, apenas à psicopatia de todos. (?? Porém, entendo que o autor quis na verdade demonstrar que para pessoas assim, não há preciso explicação ou motivação.)
Outra coisa que me incomodou é que a reação de Bárbara é tardia, parece que a todo momento ela achou que eles terminariam aquela "brincadeira" e que tudo daria certo. O que estava óbvio que não ia acontecer.
Spoiler:
Como disse antes, era meio óbvio que eles iam acabar com a vida de Bárbara uma hora ou outra e tudo que eles precisavam era de tempo para que isso acontecesse e de fato aconteceu.
E vou dizer, foi a pior cena que eu já li. O autor deu detalhes, mas não tantos, naquele ponto talvez ele já estivesse com dó de nois leitores, porém foi tão horrível quanto se possa imaginar. Não foi rápido e no ápice da maldade que aquelas crianças demonstraram, foi terrível, asqueroso e dolorido até o fim.
O que doeu mais, mas também não me surpreendeu nem um pouco, foi o desfecho e já posso adiantar... não houve. O autor tenta brincar ali com leitor, do tipo: "pode ter acontecido isso ou aquilo", mas a realidade da coisa em si é que nada aconteceu. A culpa e uma morte em sequência recaíram em um trabalhador que estava por ali e o assassinato de Bárbara ficou por isso mesmo, enquanto seus algozes viviam sua vida como seres inocentes, ricos e como se nada tivesse acontecido. O que não seria muito diferente na vida, afinal pessoas ricas tem uma manipulação absurda da justiça e da vida.