MarcosQz 05/06/2024
"Essa é a história da vida da gente. Dos ois e tchaus."
Essa é a história de Barry, casado com Carmel há cinquenta anos, pai de duas mulheres. Conhecedor de artes e literatura, de línguas e bebidas, com um bom e ácido humor. Barry é um cara boa pinta e é apaixonado por Morris, seu "amigo" de longa data e mais antigo amor.
Barry não aguenta mais sua vida e está pronto para largar sua mulher, que perdeu todo seu encanto com o passar do anos e se enfiou na bíblia, assim como suas amigas. Barry sabe que terá que enfrentar sua esposa e suas filhas, Donna e Maxine, além do seu neto. Mas uma relação de mais de cinquenta anos não acaba assim tão fácil, mesmo que seu amor por outro homem seja maior, ainda existem as aparência e o que vão dizer e Barry não se vê como homossexual, não aceita que seja um, não é igual aos outros, ele é homem. Até mesmo em um homem que ama outro desde seus 11 anos a homofobia parece estar enraizada, Barry é um homem de seu tempo, com suas convicções e princípios muito bem construídos. Mas tudo começa a mudar após um incidente e Barry começa a se sentir um homem mais leve, mais desprendido. O peso de seu segredo começa a mudar.
Barry é apaixonante, engraçado, inteligente, e gosta de silabar algumas palavras, como quem dá ênfase. A forma como fala sem floreios, um linguajar de pessoas comuns nos aproxima ainda mais dele, apesar de ser um intelectual autodidata.
E sinceramente, detestei a Carmel, apesar de entender as dores dela, mas odiei mesmo a Donna e toda sua hipocrisia, Maxine é incrível e visionária e deslumbrada. Já o Morris é puro amor.
Os capítulos são divididos em "a arte de..." e "canção...", com narrativa e fluxo diferentes, o que torna a leitura ainda mais interessante, uma sendo o presente, a outra uma canção do passado até chegar ao presente, uma narrativa em primeira pessoa de Barry, o outro uma canção voltada para Carmel.
Bernardine coloca em sua escrita algumas críticas mordazes e ácidas em relação a cultural, à juventude de hoje viciada em celular, a religião, ao racismo, ao padrão do que é ser homem, e ao papel de pai de família, tudo de forma irreverente e única, sendo uma escrita leve e fluída, além de questões familiares intensas, gentrificação, machismo e é claro a homofobia e muitas outras questões pertinentes.
Sr. Loverman é um livro sobre fracassos, segredos e amores escondidos e deixados para trás, mas também sobre redescobrir o amor e viver, finalmente, o seu verdadeiro amor de forma livre.