Resenhas - Amora

Mawkitas 19/03/2023

É sempre um pouco estranho ler um livro lésbico ou que tenha personagens lésbicas. É tão familiar que parece algo que a minha esposa ou uma amiga inventaram. Às vezes tudo que está escrito soa incrivelmente banal e meio adolescente, mas de um jeito bom. Assim Amora soou para mim. Não sei explicar de outro jeito! É como passar a vida inteira assistindo filmes americanos cheios de casas de madeira com jardins sem cercas ou muros e pessoas estudando no high school e de repente, num susto, ver um filme que se passa em Minas Gerais, com gente comendo goiaba, morando em casas com cozinhas azulejadas e móveis antigos misturados com móveis novos, aquela estética brasileira, íntima, que a gente reconhece sem precisar de nenhuma explicação. E estou pouco acostumada a encontrar nos livros personagens como eu.

Um prazer e um acontecimento, isso é Amora. Vai morar na estante junto com Orlando e Grande Sertão: Veredas.

Rick Shandler 09/03/2024

Amora - Natalia Borges Polesso
A heteronormatividade nos impõe uma visão de mundo muito restrita. Enclausurados nos moldes que nos são dados acabamos tendo dificuldade de entender qualquer coisa que escape daquilo que temos como ?normal?. Quem se encaixa bem dentro destes moldes, apesar de por um lado lidar com toda a benevolência possível de um sistema voltado para quem ?segue suas regras?, se vê também ceifado de uma realidade muito mais plural e bonita do que a que lhe é vendida. E quem não se encaixa? Pra quem não se encaixa as dificuldade são inúmeras. Para superá-las é preciso muito amor. É preciso muita amora.

Amora é um livro de contos que traz um panorama do que é ser lésbica. Uma sequência de histórias curtas, com diferentes vozes que compõem uma colcha de retalhos de percepções, sentimentos, dores e amores. Vemos desde crianças descobrindo-se diferentes a velhas companheiras esbanjando um carinho construído em décadas de relação. Vemos adolescentes conhecendo seu corpo e as primeiras paixões, e vemos mulheres maduras vivendo a pleno suas relações. Vemos o medo, a vergonha, o preconceito e a repressão, mas vemos também o companheirismo, o carinho e a liberdade.

Mais do que o tema, o que se destaca no livro é a sua execução. A ampla abordagem poderia facilmente dar um tom enciclopédico para o livro, quase como se fosse um dicionário lésbico. Mas, é longe disso o que acontece. Polesso escreve com uma sensibilidade ímpar, trazendo diferentes tons e nuances para as suas histórias, mas acima de tudo muita beleza, seja nos momentos de dor, seja nos momentos de êxtase. Sua escrita explícita a beleza que a heteronormatividade insiste em esconder.

Acima de aceitação, respeito ou orgulho, Amora fala de naturalidade. Amar, viver e ponto. O rótulo criado pela heteronormatividade é artificial. Amora é natural. Tem que amar. Tem que ler. Tem que ler amora.

Mariana 15/01/2023

leitura obrigatória para mulheres que amam mulheres
Lindo!

Li diversas realidades e amores entre mulheres em seus variados estágios.

Bem escrito.
Poético.
Arte pura!

(Não chorei)

Joyce.Iorrane 27/04/2024

"um livro para falar do amor"
Fico confusa em alguns momentos pelo ambiente em que os contos se passam, meio distantes da realidade que conheço (Paris, centros de arte etc) mas é um livro que me pegou pela intensidade dos contos, e por eles serem curtos! A escrita é poética e muito bonita

Ana 10/09/2023

Eu li aquele o trecho de "Vó, a senhora é lésbica?" no Enem, e desde então espero ansiosamente para ler esse livro.

Ele foi tudo que eu esperava. E também foi diferente de tudo que imaginei. Os contos contam histórias diferentes mas igualmente grandiosas. Os contos que não contam nada, te fazem sentir as coisas coisas grandiosas.

Foi avassalador. É uma escrita envolvente e linda e tão viva.

Obrigada Amoras, por existirem.

Dani 19/03/2023

Segunda amora
Eu li Amora ano passado. E reli agora para o encontro do clube @leiamulheresjundiai, dessa vez, li a nova edição lançada pela dublinense que traz mais 3 contos inéditos e vários textos que não tinham na edição anterior, entre eles um ótimo prefácio da autora.

Eu adoro conhecer um pouquinho das histórias por traz do livro, e Natália nos presenteia com várias delas. Do mesmo modo que nos da de presente também histórias que transbordam nosso coração de amor e me fizeram sorrir muitas vezes, e isso é tão bom!

luciopm 07/01/2024

Contos fascinantes
Um livro com inúmeros contos, pontos de vista e narrativas que te prendem e, de certa forma, deixam a vontade de conhecer mais de alguns personagens e narrativas. Inclusive, tem alguns desses contos que seriam ótimos episódios de uma série de TV, tipo antologia.

Quero conhecer mais livros da Natalia Borges Polesso! Já tenho outros dela e pretendo ler muito em breve.

Renata.Mieko 12/11/2022

Não sou muito fã de contos, mas gostei desses pelo tema pouco abordado na literatura brasileira.....

Angie Poggi 24/04/2023

4.25? Bom
Gostei como os contos eram apenas fragmentos da vida, alguns tinham desfechos, outros não. Natália explora muito bem os diversos aspectos da sexualidade e relações entre pessoas sáficas, e como elas se comportam em diferentes gerações, quadros sociais e idades. Tudo por meio de um fluxo de consciência e escrita lírica, além da maioria das protagonistas pensarem demais sobre as míseras coisas, o que me identifiquei muito rsrs.

Mas, o que não me permitiu dar 5? foi a falta de gatilhos no conto "Botinas", o qual descreve uma pessoa se suicidando e tudo o que ela faz pra isso, acredito que foi muito irresponsável e desnecessário. Também não fui muito fã da 2° parte do livro, com os contos mais curtos e muito mais líricos, para mim muitos deles ficaram líricos ao ponto de não conseguir entender o que acontecia. Não que isso seja algo ruim em si, apenas não é para mim.

Os meus contos favoritos foram "Flor, Flores, Ferro Retorcido", "Minha prima está na cidade" e "Marília Acorda".

Isa.m 09/01/2023

"Meu corpo dói inteiro. Sou carne, estou viva."
"Eu vou caminhar de olhos fechados até a esquina contando regressivamente até o número do teu telefone, até o número do dia em que nos encontramos pela primeira vez, porque eu quero te conhecer ainda e todos os dias."

nxcecvx 01/03/2024

Amora!
Como eu queria que os contos todos tivessem fixado em mim! O livro é bonito, é especial por traduzir a vida de tantas, a experiência de viver a amora. Vou voltar daqui um tempo atrás de mais estrelas pra ele.

Mari 13/01/2024

Gauchas também amam
Gosto muito de ler livros do Rio Grande do Sul. Não é por acaso que o Erico Verissimo é um dos meus escritores brasileiros favoritos. O Rio Grande do Sul tem essa fama (verdadeira) de ser um estado conservador, porém, eu gosto de ir descobrindo a história de resistência do estado, com as inúmeras guerras e amores escondidos. A Natalia escreve tão bem, ela não é cheia de rococó, é uma escritora direta, objetiva e bonita. Ela escreve sobre o amor entre mulheres de todas as idades, avós, tias, jovens. Ela é uma autora que traz um amor com cheiro de casa, que é tão íntimo, verdadeiro, que dá vontade de ler tudo. Esse livro é sinônimo de talento e cada prêmio desses é merecido. Livro lindo, acolhedor e criativo.

sofiaforster 12/06/2023

Amora
Fico tão tão feliz quando leio livros sáficos. É muito gratificante viver em uma época que existem livros onde eu consigo me ver dentro da história, mas mais que isso, ver as diferentes perspectivas do amor entre mulheres. Que vivam as amoras!

Kaiane.Rosa 21/08/2023

Obrigada por esse livro
Me deixou de coração quentinho, me fez chorar, sentir e me sentir representada

obrigada por esse livro natalia, não aguentava mais ler livro sáfico com finais tristes ??

Marina 29/10/2023

Mulher + mulher
A autora traz a perspectiva de várias mulheres lésbicas ou que se relacionam com outras mulheres de maneira intensa, mas leve. Com a naturalidade que deveria se ter dentro da sociedade. Em cada conto passamos pela ansiedade, pelo desejo, pela primeira vez, pelo tesão, pelo conflito, pela dor, por vários sentimentos e situações que permeiam qualquer relação afetiva/sexual, mas que muito raramente são escritos em livros na perspectiva mulher + mulher, justamente por vivermos numa sociedade heteronormativa.