Debora 28/11/2021Uma leitura necessáriaPara alguns livros é muito difícil escrever uma resenha. E Amada é um deles. O livro tem tantas nuances, alternância de narrativa, acontecimentos e sensações misturadas, delírios, que muitas coisas que eu senti ao ler só vieram a se confirmar - ou negar - 10 ou 15 páginas depois. Isso fez com que eu lesse ele mais devagar, absorvendo o que Morrison queria nos dizer.
No fim, minha conclusão é que, em Amada, a escritora quis nos apresentar e discutir os legados da escravidão, a dor que fica desta violência, a dificuldade de seguir em frente com o peso das amarras, as marcas físicas e as dores emocionais.
A história se ambienta em 1873 (e isso eu sei por causa da 4a capa, em nenhum momento está dito no livro). Para fazer um resumo, deixo aqui o registro da orelha para vocês:
"Qual o sentido da memória numa existência marcada pelo horror? Como reconstruir afetos em meios aos tormentos do rancor e da culpa? São questões como essas que perpassam este livro, vencedor do Pulitzer de 1988.
Amada gira em torno de Sethe, ex-escrava que, alguns anos após o fim da Guerra Civil, vive com uma das filha em uma casa nos arredores de Cincinnati. Sua família já foi bem mais numerosa: o marido, Halle, devia ter escapado com ela, mas desapareceu; os filhos mais velhos fugiram de casa; a sogra, Baby Suggs, principal liderança familiar, morreu há algum tempo, deixando Sethe e a caçula, Denver, às voltas com a desconfiança dos vizinhos e, dentro de casa, com assustadores fenômenos.
A verdade é que as duas não estão sozinhas. Com elas, vive o fantasma de um bebê, responsável pela atmosfera atormentada que paira sobre a casa: trata-se de outra filha, morta há 18 anos (esta é Amada).
(...) Amada é uma jovem misteriosa, que carrega como nome a única palavra gravada na lápide do bebê de Sethe. (...) aos poucos, inicia um processo de imersão na vida de Sethe, num movimento que conjura doses iguais de afeto e vingança".