Frank 06/12/2020Já na primeira frase dos livros de Kafka você já descobre em yorno do que a obra vai gravitar. "É um aparelho peculiar."
Assim começa mais uma obra angustiante e sufocante, onde um poder alheio engolfa os personagens. O famoso aparelho, do qual não se consegue tirar os olhos, engenhoso e criativo, de tortura e morte, representa o Estado. O oficial é o acusador, juiz e carrasco de um sistema ultrapassado que perdeu poder, mas ainda tem seguidores à espreita de uma nova oportunidade. Ele se vê perdendo a última esperança de salvação do regime e se emtrega à propria máquina opera. Os tempos modernos chegaram e aquela barbárie não é mais aceita.
Eu enxerguei no livro situações muito atuais. Nacionalista e patriotismo exarcebado, fé cega num líder (não no governo), derrocada das instituições, ideais extremistas à espera de um validador (acho que conheço essa história), pessoas às sombras esperando a oportunidade de mostrar sua ideologia deturpada.
Da parte do acusado, que não tinha nem o direito de saber sua sentença ou pena (culpa indubitável), sentiu a felicidade ao ver que o sistema era engolido por ele mesmo, ruindo diante dos seus olhos.
O estrangeiro assiste à essa derrocada, tendo papel no seu fim. Considerado o herói causador da mudança, rechaça os seguidores após essa mudança. Se virem!