LuliFiedler 17/02/2013Esse livro tem a dose exata de romance, História, sociologia, drama e erotismo. Estou ansiosíssima para ver como Follet vai retratar Hitler, tendo em vista a sua imparcialidade com personagens históricos. Os romances têm um quê shakespeariano, mas fica claro que isso é uma predileção do autor, posto que ele faz menção a diversos romances do inglês.
A única coisa que deixou um pouco a desejar na minha opinião foi a perspectiva que passa dos americanos, como se eles não estivessem lucrando horrores com a guerra e como se sua preocupação com os aliados fosse meramente por uma questão de amizade com os ingleses e "aversão" aos alemães. Acho que faltou um pouco explorar o lado interesseiro dos EUA, mas também acredito que em parte isso possa ter se derivado da necessidade de não ter um livro "tabu" nos Estados Unidos, posto que poderia embarreirar as vendas se demonstrasse uma imagem crua dos interesses americanos.
Especulações a parte, o livro é extremamente bem escrito e é difícil se cansar mesmo com as 910 páginas, deixando o final com um gostinho de "quero mais" delicioso.
Fiquei impressionada com a capacidade de Follet de reunir visões tão diversas sob o mesmo assunto e de certo modo, passei a entender melhor porque Hitler teve certa "facilidade" de conseguir apoio da população alemã. Não concordo, mas entendo. Foi uma cachorrada o que se fez com a Alemanha no Tratado de Versalhes.
Quanto aos russos, eles me pareceram meio violentos no início, mas acho que isso foi a maneira do autor de chocar. Até porque, Górki, um grande escritor russo à época da Revolução, escreveu um livro intitulado "Mãe" sobre a revolução socialista (meu livro favorito) que demonstra bem a violência dos oficiais e do governo czarista. Como ele viveu nessa época não me acho no direito de julgar se ele estava certo ou errado.
Também me agradou o rumo que ele anda tomando com relação a construção da União Soviética. O socialismo imposto por Lênin não é tão "utópico" quanto algumas pessoas parecem crer (conheci alguns fervorosos defensores que pareciam não conhecer nada de História).
Não consegui encontrar nada que comprovasse que Lênin pudesse ter recebido apoio financeiro da Alemanha (minha mãe é formada em História, livro aqui não falta), mas fica claro que ele recebeu sim pelo menos um apoio tácito do governo alemão interessado que a Rússia se retirasse da guerra. A idéia do "suborno" de Lênin pode ter sido uma liberdade literária do autor, mas é mais provável que seja uma das inúmeras teorias históricas que correm pelo mundo, afinal cada país vende a sua versão. De fato é questionável como Lênin (que esteve exilado durante tanto tempo) poderia ter dinheiro para fomentar uma revolução do porte da Revolução Russa.
Por fim, achei impressionante como o autor manteve o desenvolvimento coeso utilizando-se dos diversos registros que se tem e inclusive frases de documentos, atas e discursos que realmente ocorreram (e olha que eu pesquisei.. rs)
Um ótimo para esse livro, e que venha o próximo!