Lin 18/11/2022
O livro tem como enredo uma família que vive na Nigéria pós colonização. A Nigéria foi colonizada pela Inglaterra que impôs aos moradores do local sua língua, costumes e crenças fazendo com que aquele povo em sua maioria sofresse aculturação. Aqueles que de alguma forma se negavam a aderir aos novos costumes, acabavam por ficar isolados.
O lider da família Eugene é um dos homens mais ricos e influentes da cidade. Conhecido por ser bastante caridoso com os mais necessitados, bem como por ser contra o atual governo autoritário que se instalou após um golpe de estado pelos militares.
É dono de um dos jornais mais influentes da cidade e não teme publicar matérias com críticas ferozes contra o governo opressor. É extremamente católico e exige que a família siga os mesmos preceitos.
Aos olhos de quem vê de fora, é um homem religioso, honesto e admirável na comunidade. Entretanto, a vida em família não é tão linda quanto parece e Eugene não é um homem admirável para a esposa e filhos como se demonstra ser para a comunidade.
Incrível acreditar que embora o lema de Eugene seja "não podemos fazer parte daquilo contra o qual lutamos", a vida dele é um contrassenso. Luta contra o governo opressor no país, mas é um opressor dentro da própria casa e jamais questionou a opressão imposta pelo colonizador, muito pelo contrário, crítica os costumes tradicionais. Cortou relações com o pai pelo fato de esse último não seguir a religião cristã.
Espanca a esposa constantemente, bem como aplica punições/castigo aos filhos que muito se parecem com tortura, tudo sob a justificativa de não permitir que eles desviem do caminho correto seja quanto aos estudos, religião e tudo aquilo que ele acredita ser certo.
A personagem principal do livro é Kambile, filha de Eugene. Uma adolescente de 15 anos que é extremamente tímida e fechada. Tem grande admiração pelo pai e tenta a todo custo agradá-lo. Kambili e o irmão acatam tudo o que o pai determina sem questionarem.
As coisas começam a ficar diferentes quando o pai permite que os filhos passem uma temporada na casa da tia Ifeoma, uma mulher viúva, professora universitária e chefe de família, responsável pela criação e sustento dos filhos e com um comportamento e estilo de vida bem diferentes do que a família de Kambili vivia.
Kambili e Jaja num primeiro momento observam atentamente como a tia Ifeoma vive e a relação dessa com os filhos. Percebem que os primos, embora vivam uma vida economicamente mais regrada, parecem ser mais espontâneos, extrovertidos, falantes, afetuosos e felizes. A prima Amaka é quem mais chama a atenção de Kambili, por ser uma adolescente livre que fala o pensa, tem sonhos, gostos, planos.. tudo o que Kambili não tinha.
A convivência com a tia fez com que os dois filhos de Eugene começassem a enxergar que tinha algo de errado na convivência com o pai.
Quando estão para retornar para casa, Jaja leva uma muda do Hibisco roxo que tinha na casa de tia Ifeoma a fim de plantar em sua própria casa.
Embora a autora não exponha expressamente no livro, esse acontecimento representa a mudança, como se tia Ifeoma tivesse plantando no coração dos sobrinhos a semente da liberdade que iria com tempo florescer e levar ao ponto de "revolução", questionamento e não mais aceitação da situação de opressão.
É o que acontece pouco tempo depois, quando chega um momento em que Jaja não aceita mais as imposições do pai e se rebela sem medo das consequências. O pai pouco age, pois estava doente. Passado um tempo, chega a notícia da morte de Eugene que havia sido assassinado por um dos membros da família.
A autora tem como foco abordar três tipos de opressão na história, a do pai, chefe de família, a do governo autoritário e a opressão imposta pelo colonizador, bem como a necessidade de libertação.