spoiler visualizarMarianne Freire 16/08/2022
Raizes do Brasil de Sérgio Buarque de Holanda
120 anos de Sérgio Buarque de Holanda
Quem nunca escutou em sala de aula que para entender o Brasil era preciso ter na cabeceira obras de Gilberto Freyre, Caio Prado Jr. e Sérgio Buarque de Holanda?
Pois é, um dos autores dessa tríade famosa da historiografia social brasileira faz hoje 120 anos. Sérgio Buarque de Holanda, um dos intelectuais que não cabia na atmosfera de seu tempo, nos ensinou que para entender o Brasil era preciso compreender as bases de suas estruturas sociais. Que tradição e modernidade estavam entrelaçadas para entender patrimonialismo, cultura, política e a institucionalidade de um país.
Ele traz referências semelhantes ao método dialético para pensar o processo de formação da sociedade brasileira; Sérgio dá um caráter sociológico e psicológico de compreensão da identidade nacional para o seu livro, fazendo o leitor chegar a gênese da deterioração de um país a partir do latifúndio escravocata e da família patriarcal rural.
Sérgio também tinha uma pensamento político democrático a frente de seu tempo, em uma época nacionalista e de regime autoritário no país.
?A democracia no Brasil foi sempre um lamentável mal-entendido.?
Com um Brasil dependente de novas transformações sociais e econômicas para pensar novamente uma ?ordem social democrática? e deixar de ?descer a ladeira? como dizia Moraes Moreira, tenhamos esperança na direção da recuperação das instituições brasileiras do Estado por novos líderes políticos que se aproximem das concepções populares de democracia que Sérgio tinha. Que o país volte a ser republicano e se livre dos pesos antidemocráticos que desaceleram sua saúde e anacronizam seu desenvolvimento, presentes nos direitos e privilégios de uma elite econômica que se assemelha aos ?burgueses?, ?aristocratas? citados por Sérgio.
Ah, e o brasileiro cordial de Sérgio nada mais se assemelha às intencionalidades do coração (cordial vem de córdio que vem de coração) do bolsonarista: a violência física, psicológica e verbal presentes no cidadão ?comum e de bem?. É preciso ter um Sérgio Buarque de Holanda de cabeceira para fazer a interlocução entre passado e presente, que adornam na atualidade de Brasil características políticas, comportamentais e sociais de um país em déficit democrático com a sua própria história.