Ley 18/12/2022é sofrimento que não acaba mais, mas eu amo sofrerA Musa dos Pesadelos é o segundo e último livro da duologia que iniciou com Um Estranho Sonhador. Como bem sabia, a escrita de Laini Taylor é sensacional, e mesmo com muitas páginas sem diálogos, não me incomodei nenhum pouco. As descrições da autora possuem detalhes poéticos e sensíveis, repletos de sentimentalismo que só me fez ficar ainda mais envolvida.
Neste livro final, a história inicia-se três dias após os trágicos acontecimentos de Um Estranho Sonhador. A impressão é de que pouca coisa acontece, mas a verdade é que mudanças drásticas estão por vir, e logo. Há novas narrações na história, sobre duas irmãs que a princípio aparenta ser uma história inofensiva sobre uma realidade cheia de sofrimento.
Não havia dado tanto crédito a ela, mas há uma profundidade imensa nisso. É de uma maneira sutil que sabemos de novos acontecimentos que podem mudar o rumo das coisas, e essa sutileza nos pega de surpresa. As revelações são como enxurradas, nem todas sendo boas.
Se há um personagem que merece todo o ódio espalhado pelo livro, é Skathis. Os horrores que sabemos que ele infringiu no livro anterior não se comparam com as novas descobertas, e de certa forma, causa um abalo em todos. É horrendo como várias vítimas são feitas ao longo do tempo e o ódio é espalhado a torto e a direito. Inevitavelmente, há um colapso de informações, guerras envolvidas e consequências que na maioria das vezes ocorrem sobre inocentes.
Chega a ser irrisório em como todos possuem cicatrizes de lutas enfrentadas, mas os piores são aqueles que tentam salvar todos. É risível e apavorante. Todos estão armados para enfrentar alguém, e aqueles tidos como vilões estão apenas no meio de uma ofensiva que não pediram para estarem lá.
O livro é poético, lindo, maravilhoso e destruidor. Ele pode ser todos esses adjetivos separados e juntos, sem dar pausa para haver paz entre um acontecimento e outro. Muitas perguntas minhas sobre a história eram principalmente sobre a relação de Lazlo e Sarai. Lazlo recentemente descobriu segredos sobre si mesmo e está ainda mais envolvido em algo maior do que imagina. E se ele está em uma posição complicada, para Sarai é como estar no centro de tudo, e não ter chances de salvar aqueles que ama, já que não parece haver esperanças nem para ela mesma.
Esse era o romance que eu queria ver desenvolvido, mas não apenas isso, queria que eles pudessem simplesmente ter a ousadia de viver sem haver consequências disso. Aliás, por que apenas a existência de uma raça seria uma ameaça a outra? A tensão por todo os lados já tinha dado perdas o suficiente e os culpados nem estavam ali para pagar as consequências.
Ler o livro é como viver sob tensão, mas mal percebemos esse detalhe. A escrita é tão leve e gentil que nos envolve o suficiente para não percebermos o grande baque por vir. As revelações realmente possuem um peso que dá novos rumos na história, e as resoluções ficam cada vez menores. As soluções apresentadas não são acerca de poderes, e sim sobre a mudança dos personagens e possibilidade de redenção. Dependendo grande parte disso, não seria doloroso esperar que pessoas desistam daquilo que se acham no direito de adquirir?
Dá para entender as motivações dos personagens, mas ainda sim, há apenas um ou dois que conseguem compreender todos os lados, e são os que irremediavelmente pagam. É uma leitura intensa, que traz novos significados e expande de uma maneira que eu não poderia imaginar. A trajetória dos personagens vale totalmente a pena, juntamente a isso, há muito o que se encantar pelo romance e pela genialidade da escrita.
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