Marcela 14/05/2021
Dos livros que li da Penelope, as histórias em geral funcionaram comigo, pois, apesar de estarem longe de serem perfeitos, têm narrativas fluidas e enredos de certa forma envolventes, que me fazem terminar dentro de 2 dias. Mas no caso de Se Beber Não Ligue, isso passou tão longe que deixei parado no Kindle durante meses até aceitar que eu não tinha mais vontade de voltar a ler. Ainda bem que não gastei muito porque comprei numa promoção, se não, estaria me rasgando de raiva por ter pagado caro e criado expectativas em cima de uma história que acabou não me convencendo. A premissa parece ser de uma comédia romântica leve e clichê (o que normalmente é uma receita ótima para passar o tempo e relaxar a mente), mas os temas que a autora trabalhou como a carga dramática pessoal, ao invés de agregarem profundidade, acabaram tirando parte do encanto da história: abafando o lado descontraído com problema que se porta como um grande elefante branco incômodo na sala, mas ainda assim passando longe de ser um romance do tipo dramalhão, que nos faz sofrer e chorar junto com os personagens, torcendo por sua felicidade.
Além disso, não consegui me conectar com os personagens. Rana, a protagonista feminina e única narradora da história, é bem apática. Já o Landon, embora seja um cara bem comum (diferente do estereótipo clichê podre de rico que às vezes aparece como recurso narrativo nas histórias escritas em parceria pela Penelope com a Vi Keeland, ele é um cara que tem um food truck de sanduíches e vive disso), não me pareceu muito real. O romance patina entre os terrenos de um "reencontro de ex-amigos de infância que eram apaixonados um pelo outro mas não sabiam expressar" e um "encontrei, por acaso, o grande amor da minha vida". Até há alguns pontos com potencial para serem interessantes, como o fato do casal lidar com um relacionamento à distância, porém, como pessoa que já passou por uma experiência dessas, devo dizer que achei muito fácil o modo como eles levaram e como o dilema se resolveu, então, para mim, perdeu totalmente a força do desafio, coisa que poderia ter sido melhor explorada. Além disso, a autora deveria ter desenvolvido melhor a Rana, sobretudo, em relação à sua aparência física. Primeiro, que seria uma oportunidade perfeita para trazer uma protagonista realmente fora dos padrões que luta para se aceitar mas acaba encontrando alguém que a ama do jeito que é, porém o recurso utilizado é tão raso que torna a protagonista exatamente isso: tola e superficial, cujo principal traço de personalidade é pensar "é difícil ser gostosa".
Para ser sincera, acho que tudo acontece de forma muito rápida, totalmente conveniente, meio aleatória e pouco crível. A sensação que ficou foi de que a autora teve uma ideia, mas não a desenvolveu bem, talvez por falta de tempo, e acabou entregando uma narrativa que não se sustenta, diferente de outras obras dela que já li e que, além de atiçarem a curiosidade do leitor (e fazê-lo torcer pelo casal, apesar dos perrengues que fazem a gente passar raiva), são bem construídas. Saldo final: uma experiência fraca o bastante para me fazer empurrar com a barriga pensando que "só queria terminar logo para atingir a meta e me livrar", até ver que nem mesmo tenho tanto tempo livre assim para gastar com algo que não me agrada ou sequer envolve, atiçando a curiosidade.