Viviane.Oliveira 18/02/2024
Pegadas forte na Terra.
É impactante constatar que estamos comendo a Terra, que a vemos como algo a ser explorado indiscriminadamente e não como um organismo vivo do qual fazemos parte e dependemos para viver.
Não existe essa dicotomia entre humanidade x natureza pois somos natureza também. Esta diferenciação é extremamente artificial, nos colocando a parte de todo o resto de vida existente na Terra. E mesmo dentro do próprio conceito de humanidade existe diferenciação entre os humanos conforme sua classe, seu local, sua etnia etc, onde alguns se veem como mais dignos e detentores de direitos que os outros. Ou seja, há até mesmo humanos excluídos da tal ideia de humanidade. E para Krenak, todos os seres da natureza, até os não humanos, devem ser incluídos na humanidade.
Estamos comendo a Terra e deixando fortes pegadas sobre ela. Para que não ocorra a nossa autoextinção, é necessário que se mude este sistema. A ideia de sustentabilidade no capitalismo e suas reformas são meras ilusões de adiamento do colapso da Terra e extinção dos seres humanos. Outro fato, é que ações individuais não são capazes de mudar ou reverter essa destruição da Terra
Por fim, a vida é contemplação e fruição e não algo que deva ter sentido de utilidade. Esse desastre de vida utilitarista é algo forjado e implantado pelo colonizador que não consegue conceber uma vida sem a lógica da exploração. Com isto vamos criando desertos. O que fazer diante desta realidade? Fugir até ,inevitavelmente, encontrar outro deserto ou enfrentá-lo? De fato, temos que enfrentar esse deserto que nós mesmos estamos produzindo (na verdade, eles estão produzindo, os donos do poder e sua sanha exploratória de vidas humanas e não humanas). Pois, como o próprio autor afirma:
"Quando aparecer um deserto, o atravesse."