Pandora 25/02/2021Essa Ariana... sempre cutucando a onça com vara curta! Ela te estapeia, você fica tonto... nem se recupera e vem outra chapoletada.
Como ela disse em entrevista: “Escrever é ir às zonas escuras, ao que não se vê, ao que não se diz. Todo escritor deveria lutar contra a autocensura.”
Particularmente gostei mais de Morra, amor. E achei aquela narrativa mais elaborada, também. Aqui a relação simbiótico-disfuncional entre mãe e filha é mais crua, há menos questionamentos e mais violência. Violência de desejos, de gestos, de intenções e de necessidades. O que não significa que seja um livro inferior. É diferente.
Nesta história marginal de amor e dependência, mãe e filha se confundem. Se cuidam e se destroem.
“Yo te parí, pero vos me podrías haber parido igual.”
Qualquer ser humano que se aproxime deste elo é uma ameaça.
“Pode ser que seja uma idiotice, mas acabo de descobrir que quero passar o resto da minha vida com ele, mamãe.”
“Cala a boca, barroca. Não seja besta, anda. Te ligou ao menos? Te consolou? Te disse te amo? Nem isso.”
Não há descanso nesta narrativa febril e eletrizante. Ariana veio para incomodar. E incomoda.